notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018


Na passagem do ano em Setúbal tínhamos de ter cuidado com os OVNIS 

Há cerca de meio século, em Setúbal, depois do dia de Natal era altura de consumir as últimas filhoses e de arrumar nas respetivas prateleiras a louça então usada nos festejos. 

Era no decurso dessa tarefa que se selecionava um ou outro prato com os bordos falhados, um tacho de barro já gasto, ou outra qualquer peça de louça que pudesse ser dispensável. 

É que o fim do ano estava à porta e logo que o relógio marcasse a meia-noite os vizinhos do nosso Bairro de Troino vinham para a janela,  ou para a porta de casa e, com as tampas dos tachos e panelas faziam um ruidoso arraial. 

Tudo isto era acompanhado das tais peças de louça previamente selecionadas  que voavam pelas janelas de forma a partirem-se em mil pedaços ao baterem na calçada, porque ano novo seria também sinonimo de maior prosperidade e,  como tal,  de alguma peça de louça nova. 

Devido a este curioso hábito era  então altura de tomar todos os cuidados àquela hora da noite e, quem se aventurasse a andar na rua durante estas ruidosas manifestações,  sujeitava-se a chegar a casa de cabeça partida devido a ser atingido com algum ovni (objeto voador não identificado). 

Outros hábitos, de uma época não muito distante quando o povo não ficava de cabeça para o ar a ver o colorido e dispendioso  fogo de artificio mas participava ativamente nos festejos do qual se sentia parte integrante. 

Rui Canas Gaspar
2018-dezembro-26
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sábado, 8 de dezembro de 2018


Até quando senhores presidentes? 

Já lá vão uns largos meses que foi inaugurada com pompa e circunstância pelos presidentes da Câmara e da Junta, a iluminação decorativa no fontanário  da velhinha Fonte Nova e colocada a água a correr em circuito fechado agora que a nascente que a abastecia já se finou. 

Foi por essa altura que questionei alguém da União de Freguesias de Setúbal sobre o porquê de não se aproveitar a oportunidade para colocar a esfera e espigão em ferro que se encontra em falta neste emblemático monumento. 

Rapidamente, de resposta pronta, como costumam falar os políticos, aquele amigo tratou de me despachar dizendo que o assunto já estava a ser tratado e que um dos membros da sua equipa já contatara um ferreiro nesse sentido. 

Entretanto os meses passaram, a  água na fonte ora corre ou deixa de correr, tal como a iluminação decorativa e do que falta como decoração original do fontanário nunca mais ninguém deu conta. 

Faz-me confusão mental e não consigo atinar o que é que move estes nossos políticos, de tanta parra e pouca uva, a descurarem desta forma o nosso património edificado, quando temos tão pouco que possa contar os milénios de História da ocupação pelo Homem neste solo setubalense. 

Não deve ser por falta de dinheiro pois que qualquer “meia dúzia” de euros dará para fabricar e colocar a peça em falta. 

Por quanto mais tempo ficaremos à espera que se reponha o que um dia foi retirado da Fonte Nova? 

Rui Canas Gaspar
2018-dezembro-08
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domingo, 2 de dezembro de 2018


Álvaro Cunhal, desenhos DA prisão ou NA prisão? 

Antes de mais uma nota prévia. Não pretendo discutir sobre a mais ou menos valia do embelezamento da avenida, nem do aspeto político da mesma, nem sequer dos seus custos, mas somente sobre um pormenor  que me parece ser um erro de português. 

Nos painéis expostos  na Avenida Álvaro Cunhal, em Setúbal, podemos ler não só o nome do autor dos desenhos, Álvaro Cunhal, como também a indicação de “Desenhos da Prisão”. 

De facto os desenhos aqui expostos constam de um álbum editado em Dezembro de 1975 pelas Edições Avante com este  mesmo título e onde se compilaram alguns desenhos do autor feitos na prisão. 

Ora os desenhos foram executados NA prisão tendo o autor escolhido o povo camponês  como personagem central e não focam um qualquer canto ou recanto DA prisão onde estava confinado. 

Assim sendo, e salvo melhor opinião dos nossos experts parece-me que estamos em presença de um erro que remonta a 1975 e que agora está patente numa das nossas principais  artérias citadinas. 

Claro que não tenho a pretensão de corrigir o que quer que seja, mas apenas o de assinalar uma curiosidade linguística do nosso rico português. 

Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2018-dezembro-02