notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sexta-feira, 27 de setembro de 2019


Chamem a polícia…
O Sopeira 

Contava-me o meu falecido pai que quando ele era um jovem e a cidade era bem mais pequena, a mesma encontrava-se segura, de dia ou de noite. A zona de Troino  costumava então ser patrulhada por um polícia de nome (ou alcunha) Sopeira, o terror de quem se atrevia a pôr o pé em ramo verde. 

Os anos passaram, a cidade cresceu, o número de polícias aumentou, mas o patrulhamento a pé foi praticamente abandonado e substituído pelo motorizado.
O facto é que a população reclama por policiamento adequado que minimize, sobretudo aos fins de semana, as ações de vandalismo que infelizmente vão sendo comuns por aqui. 

Mas, ao que parece, os novos agentes pouco mais podem fazer devido à falta de meios, sobretudo viaturas cujo parque se mostra envelhecido e insuficiente para poderem fazer frente às necessidades de nova Setúbal, bem diferente dos tempos do “Sopeira”. 

A segurança é uma das prioridades que as pessoas mais reclamam e, embora Setúbal seja uma cidade relativamente segura, os atos de vandalismo que por aqui acontecem, cada vez com mais frequência e violência, tem de ser combatidos com eficiência e sobretudo com meios que pelos vistos tardam em chegar. 

Rui Canas Gaspar
2019-setembro-27
Troineiro.blogspot.com

quarta-feira, 25 de setembro de 2019


Vamos perder o comboio do desenvolvimento? 

Rolando menos de 30 kms acabo  de sair da autoestrada e entro no Montijo, deparando-me logo com uma dezena de gruas que ajudam na edificação de vários edifícios habitacionais. 

 Não faço ideia quantas mais gruas estarão montadas naquela cidade, nossa vizinha, nem quantos edifícios estão a ser ali construídos, mas são mais, muito mais que em Setúbal. 

Aqui os dedos de uma mão chegam e provavelmente sobram para contar as gruas sendo que uma delas apoia uma obra cultural, outra, uma religiosa e outra ainda uma desportiva. Quanto aos edifícios habitacionais em construção teremos de andar de lupa na mão para os encontrar. 

Bem sei que gruas não é sinónimo de desenvolvimento, mas é um indicador seguro e, neste aspeto na cidade de Setúbal o que vemos são muitos projetos anunciados, mas poucos em vias de concretização, salvando-se aqui um conjunto de pequenas obras de recuperação e ou remodelação de pequenos edifícios. 

Não será pois de admirar que tenhamos na cidade carência acentuada na habitação, dado que as empresas locais com capacidade para o fazer parece terem desaparecido e vamos lá nós saber porquê. 

Assim, a continuarmos neste estado de letargia não estaremos condenados a perder o comboio do desenvolvimento? 

Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2019-setembro-25

domingo, 15 de setembro de 2019



Setúbal na História ou histórias de Setúbal (5)
O nosso maior poeta e a sua praça 

Tempos houve que a atual Praça do Bocage ficava bem junto à foz do Sado. A atestar esta afirmação estão as cetárias romanas, que se encontram por baixo deste espaço central da cidade e que estes nossos antepassados destinavam à salga, molhos e derivados de peixe. 

Este espaço também já serviu de local de enterramento, dada a sua proximidade da Igreja de São Julião. 

D. João II ordenou a remodelação do terreiro medieval, então conhecido como Praça do Sapal, um espaço central setubalense que viria a acolher o monumento que homenagearia Manuel Maria Barbosa du Bocage, aquele que foi um dos maiores poetas portugueses. 

A iniciativa de erigir este monumento, um marco da centralidade sadina, foi do escritor romântico António Feliciano de Castilho e o dinheiro para a sua construção foi angariado entre os setubalenses e seus amigos do outro lado do Atlântico, os Brasileiros, que através de subscrição pública angariaram a necessária verba para levar de vencida este projeto. 

O monumento erigido em 1871 é da autoria do escultor Pedro Carlos dos Reis e foi confecionado em Lisboa na oficina de Germano José Salles. 

Com 12 metros de altura, em mármore branco a coluna coríntia assenta sobre quatro degraus oitavados, tendo sobre o capitel a estátua do poeta, de dois metros de altura, de casaca à girondina, tendo na mão direita uma pena e na esquerda um rolo de papel. 

O espaço que rodeia o monumento tem vindo ao longo dos tempos a sofrer alterações, ao gosto da época, porém só depois da revolução de 25 de abril de 1974, graças ao dinamismo de um pequeno grupo de jovens ecologistas setubalenses liderados por Carlos Frescata, a zona envolvente seria completamente interdita à circulação automóvel. 

Rui Canas Gaspar
2019-setembro-15

domingo, 8 de setembro de 2019


Setúbal na História ou as histórias de Setúbal
Por volta de 1665 quando se procedia à construção do Forte S. Luís Gonzaga chegou a Setúbal a notícia de que Espanha estava a invadir Portugal. Então, o Engenheiro Militar Luís Serrão Pimentel avançou para a rápida construção do Forte de São João de forma a melhor proteger Setúbal.
A localidade sadina sofreu horas de aflição porquanto já em 1580 tinha estado na rota da invasão, opondo-se fortemente aos espanhóis dando-lhes luta na Torre do Outão, até à capitulação.
O Forte de São João foi então erigido à pressa, não se utilizando a pedra talhada, recorrendo os seus construtores à areia existente no próprio local e utilizando o sistema de salsicha em faxina, ou seja, à estacaria de madeira, para melhor o suster.
Quando chegou a Setúbal a notícia de que as tropas espanholas tinham sido derrotadas em Montes Claros Setúbal regozijou-se e o Forte de São João deixou de ser uma prioridade.
Porém, Luís Serrão Pimentel deixou escrito uma recomendação para que o forte fosse erigido, lembrando que os Reis descuravam as construções militares no Orçamento do Reino em tempos de paz…
O tempo encarregar-se-ia de lhe dar razão e o Forte de São João, também referenciado por alguns como Forte da Estrela, devido à sua forma, ficou por construir com materiais mais sólidos e duradouros dele nada acabando por restar a não ser o que ficou escrito e desenhado.
Hoje podemos ver apenas e só uma artéria urbana, na zona do Hospital de S. Bernardo, local onde supostamente teria sido erigido esta estrutura defensiva e que se encontra agora referenciada com a designação de Ladeira do Forte da Estrela.
Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com