notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

domingo, 17 de março de 2019


Comida do tempo dos nossos antepassados 

Dizem os entendidos nestas coisas da gastronomia que o ser humano deixou de consumir nos dois últimos séculos na ordem de uma centena de vegetais que até então usava na sua alimentação quotidiana. Exemplo disso mesmo, são as alabaças, ou acelgas, que conjuntamente com feijão originam deliciosas e nutritivas sopas, coisa que a generalidade das gerações mais novas desconhecem. 

O dinheiro não abundava e as pessoas de então deitavam mão a todos os recursos e, se aqui por Setúbal o peixe era a base da alimentação e as ovas de sardinha um importante complemento (hoje na ordem dos 15 euros por latinha) o mesmo acontecia aqui ao lado, no Alentejo, onde as silarcas, ou túberas, que podem ser confundidas com pequenas batatas,  são na realidade um cogumelo muito comum nesta região, onde são encontrados enterrados  junto às raízes dos sobreiros. 

Para quem não os quer ir apanhar nesta época do ano pode sempre  comprar as túberas à saída de Setúbal, à beira da estrada,  onde   vendedores ambulantes as comercializam tal como molhos de  espargos selvagens. 

Para fazer um delicioso manjar  junte a estes dois ingredientes uns ovos e pode fazer um prato que antigamente era comida de pobre e que presentemente, a exemplo das ovas de sardinha, não estará acessível a todas as bolsas, atendendo a que as silarcas custam entre 10 e 15 euros a porção que vemos na imagem. 

Pelo menos uma vez na vida experimente cozinhar e saborear um prato que os seus antepassados tinham na sua culinária e onde hoje salvo raras exceções só o poderá encontrar no Alentejo profundo. 

Rui Canas Gaspar
2019-março-17
Troineiro.blogspot.com

Sem comentários:

Enviar um comentário