notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

domingo, 30 de abril de 2017

Os Escuteiros invadiram Setúbal 

Milhares de jovens escuteiros podiam ser vistos andando em grupos pela cidade e arredores, neste domingo dia 30 de abril, dia em que tradicionalmente se juntam nos “Jogos da Primavera”, uma atividade destinada a comemorar o dia do seu padroeiro, S. Jorge. 

Foi no ano de 1973 que pela primeira vez a então Região Pastoral de Setúbal do Corpo Nacional de Escutas decidiu organizar autonomamente as comemorações do Dia do Escuta, demarcando-se da Região de Lisboa, onde pertencia, e onde anualmente participava no Rali da Primavera, uma corrida de carros de madeira que tinha como cenário o Parque Eduardo VII. 

Este primeiro encontro dos escuteiros de toda a região de Setúbal, levado a cabo no Parque das Escolas, posteriormente rebatizado de Largo José Afonso, seria designado por “Rali Romano” porquanto o mesmo tinha por base uma corrida de bigas, puxadas não por quatro cavalos mas por outros tantos jovens, um colorido espetáculo inspirado no filme de Bem-Hur. 

Poucos anos depois é que a designação dos jogos seria alterada para “Jogos da Primavera” e se manteria até aos dias de hoje, tendo passado por vários modelos e ficando para a história o célebre “Rali Romano” que chegou a ser alvo de dilatada cobertura televisiva por parte da RTP. 

Desde aquele longínquo ano de 1973, muitos milhares de jovens setubalenses, alguns deles hoje já avós, participaram nos jogos que constituem o maior encontro de escuteiros da Região de Setúbal. 

Embora cada um com as suas vivências e recordações, o que a esmagadora maioria dos escuteiros desconhece é que os Jogos representaram o “Grito de Ipiranga” lançado pelos escuteiros setubalenses em relação à Região de Lisboa. 

Setúbal, só viria a ser constituída uma Região escutista portuguesa no âmbito do Corpo Nacional de Escutas, no dia 26 de outubro de 1975, quando D. Manuel Martins foi sagrado bispo de Setúbal, dia em que também foi eleita por voto secreto a primeira Junta Regional do Corpo Nacional de Escutas. 

Rui Canas Gaspar
2017-abril-30

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sábado, 29 de abril de 2017

Primeiro de Maio, dia do trabalhador 

Deveria eu ter uns 14 anos quando naquele dia primeiro de Maio, pela manhã, me dirigi para a baixa setubalense, um dia de trabalho como qualquer outro, dado que em Portugal não era feriado. 

Por cá não se assinalava o “Dia do Trabalhador” comemorativo daquela manifestação realizada em Chicago, nos Estados Unidos, no ano de 1886, quando milhares de pessoas reivindicaram as oito horas de trabalho diário. 

Minha mãe tinha-me avisado para que se visse qualquer panfleto no chão para não o apanhasse e lesse. Estava a referir-se aos panfletos espalhados durante a noite pelos militantes comunistas e passíveis dos seus leitores serem denunciados à PIDE. 

De facto, naquela manhã não vi panfletos em Setúbal, eles tinham sido espalhados, mas os eficientes serviços da polícia política tinham-se encarregado de os apanhar, tal como o fizeram com alguns conhecidos setubalenses, militantes do Partido Comunista. 

A temível PIDE, de má memória, prendera naquela madrugada vários opositores ao regime, reprimindo assim qualquer tentativa subversiva, agindo de forma preventiva e silenciando as pessoas. Daí que os próprios comentários na baixa fossem feitos à “boca fechada” quando se falava no assunto e, se dizia, que naquela madrugada o senhor Álvaro Dias, comerciante na Rua Álvaro Castelões também tinha sido preso. 

Foi necessário chegar o dia 25 de abril de 1974 para ser instituído em Portugal o feriado de Primeiro de Maio no ano de queda da ditadura e implantação da liberdade democrática. 

A exemplo de todo o país o povo saiu à rua e também em Setúbal se assistiu à maior manifestação que por cá se realizou com o povo a entupir as principais artérias da cidade. 

Passadas algumas décadas, o entusiasmo deste dia vitorioso foi diminuindo e da memória dos homens vai-se esfumando nomes de pessoas e factos históricos determinantes para a liberdade de expressão que hoje naturalmente usufruímos, como sempre assim tivesse sido. 

Julgo que é da mais elementar justiça prestar homenagem àqueles setubalenses que combatendo na clandestinidade se sacrificaram pondo em risco até a própria vida para que hoje tivéssemos a liberdade, até para dizer mal de tudo e de todos, confundindo frequentemente o estar à vontade com o estar à vontadinha. 

Rui Canas Gaspar
2017-abril-29

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quarta-feira, 19 de abril de 2017

Como Setúbal perdeu um bombeiro e um jornalista 

Provavelmente estávamos no Outono ou Inverno, porque o rapaz de sete ou oito anos encontrava-se em casa, de boina na cabeça, para melhor se proteger do frio, num tempo em que no antigo bairro de Troino, em Setúbal, se desconhecia a existência de aparelhos de ar condicionado ou aquecedores elétricos.

A dona de casa tinha guardado as natas separadas do leite que o leiteiro diariamente vendia de porta em porta e conservava-as numa tijela, com umas pitadas de sal, o tipo de conservação então usado na ausência de frigorífico.

E porque naquele dia já tinha as natas suficientes, decidiu fazer um bolo, onde juntaria as ditas, a farinha, um ovo e o açúcar, tudo bem mexido e colocado no tacho de barro seria posteriormente cozido na padaria do Elias, ali bem ao fundo da Rua do Queimado onde também a Ti Laura cozia os deliciosos bolos que depois vendia à porta do Grande Salão Recreio do Povo.

O rapaz andava às volta da saia da mãe, à espera de poder passar o dedo pela massa depois de mexida com o açúcar e deliciar-se chupando, isto na ausência de um “Salazar” aquele raspador tão usado nestas alturas na cozinha.

Foi então que subitamente se começou a escutar a forte sirene dos carros dos bombeiros que subiam a ladeira, nas traseiras, a caminho do Viso e logo o rapaz começou aos saltos empolgado para ir ver onde era o fogo.

A mãe com receio de que ele fosse atropelado, disse-lhe logo, “não sais de casa”, “mas eu vou” dizia o rapaz, não vais, vais, não vais, e tanto a apoquentou que a mãe perdeu a paciência e o tacho de barro que estava a ser barrado com manteiga para o bolo não se pegar ao fundo, agarrado com as duas mão bateu na cabeça do rapaz.

O tacho de barro desfez-se em mil pedaços, mas, nada de mossas na dura cabeça protegida pela boina. O problema foi o bolo que lá se foi e com ele uma “reportagem” perdida bem como o provável “batismo” como bombeiro voluntário.

Provavelmente para suprir este “trauma de infância” é que eu ainda hoje continuo a escrever estas coisas e a pagar as minhas quotas de sócio dos Bombeiros Voluntários de Setúbal.

Rui Canas Gaspar
2017-abril-19

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terça-feira, 18 de abril de 2017


Parabéns Setúbal 

As aspirações dos moradores da vila de Setúbal foram finalmente satisfeitas naquele dia 19 de abril de 1860, quando viram escrito no boletim oficial do Estado o Decreto de Sua Majestade D. Pedro V, Rei de Portugal, que declarava: “fazer mercê à Vila de Setúbal de a elevar à categoria de cidade, com a denominação de cidade de Setúbal” justificando a real decisão pelo facto desta terra ter uma excelente posição geográfica, boa qualidade dos seus edifícios e muita população. 

O regozijo foi grande em Setúbal e o seu líder Aníbal Álvares da Silva logo tratou de agradecer ao rei em nome dos sadinos dizendo: “ Setúbal, Senhor, que já era grande, pela sua população e extenso comércio, passa a sê-lo, d’ora avante, pelo título com que Vossa Majestade a enobreceu”. 

Passados 157 anos sobre esta efeméride e depois de dezenas de homens terem dirigido os destinos terra a primeira e única mulher a liderar o concelho sadino, Maria das Dores Meira, presidirá amanhã dia 19 de abril de 2017 às comemorações que se iniciarão pelas 09,00 horas com o hastear da bandeira na Praça do Bocage. 

As cerimónias  prosseguirão com a iniciativa “Paços do Concelho de Portas Abertas” dá a conhecer, através de uma visita guiada, os locais mais emblemáticos do edifício da Câmara Municipal de Setúbal, requalificado recentemente.

Entretanto, na Casa da Baía, pelas 12h00, será inaugurada a exposição "Entre Nós", a segunda mostra coletiva dos trabalhadores da Câmara Municipal de Setúbal.

Os setubalenses estão naturalmente convidados a participar e a assinalar condignamente esta efeméride.

Rui Canas Gaspar

2017-abril-18

segunda-feira, 17 de abril de 2017

“Ora já sabem que estou aqui ?” 

Tinham passado apenas quatro anos desde que as praias ribeirinhas setubalenses tinham desaparecido para dar lugar a muralhas, cais de atracação e novas docas, quando surgiu uma casa a quem os seus proprietários atribuíram a designação de La Valenciana. 

Ao longo dos anos a gelataria setubalense conquistaria o paladar das gentes da terra e certamente não haverá em Setúbal quem não conheça a casa aqui implantada desde 1938. 

Várias décadas passaram e também a zona ribeirinha acabou por levar uma reviravolta apresentando-se agora mais agradável que nunca e até o espaço dos estaleiros navais da Praia da Saúde (a única que ficou) foi devolvido ao usufruto da população. 

E é aí que fomos encontrar novo motivo de embelezamento que se encontra a ser ultimado e que nos mostra o nome da nossa cidade composto por grandes letras decoradas. 

Igualmente os setubalenses foram surpreendidos, no mesmo espaço, na zona relvada, com a colocação de dois novos enormes sombreamentos a exemplo dos que já lá se encontravam, potenciando aquele espaço para a prática de atividades ao ar livre, ou simplesmente para usufruto de uns momentos de lazer. 

Mas, o mais interessante é que outro motivo de atração e interesse ali se pode encontrar e, nada mais nada menos, do que os deliciosos gelados da Valenciana, aqui servidos num triciclo do tipo do nosso saudoso Ervilha, o homem que os anunciava com o pregão:  “Ora já sabem que estou aqui?” 

Se conhece a zona ribeirinha setubalense desfrute-a, se não a conhece não perca tempo e venha até esta bela cidade à beira do Sado plantada e desfrute de uma das mais belas baías do mundo. 

Rui Canas Gaspar
2017-abril-17

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quinta-feira, 13 de abril de 2017

Obrigado 

A exemplo do que vai acontecendo um pouco por toda a cidade também a sua principal entrada e saída, a Praça 25 de Abril de 1974, vulgarmente conhecida por “rotunda do Jumbo” está a embelezar-se tendo recebido agora mais um imponente conjunto escultórico representando os golfinhos do Sado (roazes-corvineiros) esculpidos em pedra mármore. 

Trata-se de mais uma obra de arte oferecida à cidade pelo Fundação Buehler-Brochaus  que tanto tem contribuído para a mudança da imagem da cidade, agora que a mesma se apresenta com as mais diferentes obras de arte um pouco para todos os gostos. 

É bom recordar que Setúbal até há bem poucos anos era uma terra praticamente despida de elementos escultóricos o que a tornava visualmente pouca atrativa, situação que se tem vindo a inverter a olhos vistos e para a qual muito tem contribuído o casal alemão Hans e Marion. 

Este simpático par, amantes da arte, decidiu radicar-se em Setúbal, terra para a qual tem contribuído com largos milhares de euros despendidos não só com o pagamento de algumas obras de arte que podemos apreciar nas nossas rotundas, mas também com o embelezamento exterior do Fórum Municipal Luísa Todi e até o melhoramento de uma rua da cidade foi por ele custeado. 

Igualmente esta fundação tem apoiado alguns espetáculos culturais levados a cabo na cidade, oferecido obras de arte ao Museu da Cidade e apoiado financeiramente uma companhia teatral setubalense. 

Foi também oportunamente anunciado que a Fundação Buehler-Brochaus custearia o passadiço entre o PUA e a Albarquel aquando da recuperação do forte cedido à cidade. 

Por tudo isto e muito mais é mais que justo que os meus conterrâneos considerem o casal alemão como dos seus mais distintos setubalenses, eles que até gostam de peixe assado, saboreado nas esplanadas do nosso típico bairro de Troino. 

Sim, porque setubalense não é apenas o que aqui nasce, mas aquele que ama, trabalha e dá o seu contributo para o desenvolvimento desta terra que um dia me viu nascer, não só a mim como também à Luísa Todi e a tantos outras e outros que tendo aqui sido dados à luz de cá sumiram bem novinhos e em nada contribuiram para o progresso de Setúbal. 

Rui Canas Gaspar
2017-abril-13

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domingo, 2 de abril de 2017

Mercado Quinhentista

Setúbal merece o melhor 

Gostaria antes de tecer qualquer outro comentário de endereçar os melhores parabéns à organização do excelente evento designado por Mercado Quinhentista.

Faço-o também à Câmara Municipal de Setúbal e muito particularmente a um setubalense, membro do nosso grupo COISAS DE SETÚBAL, o conhecido decorador João Maria.

À organização do evento pela forma agradável como delineou todo o espaço do certame e nele enquadrou as mais diferentes formas de animação histórica, lúdica e gastronómica.

À C.M.S. porque se atreveu a franquear os portões do nosso Forte de S. Filipe, tendo em especial atenção a zona que não se encontra em perigo e que em breve irá ser alvo de profunda intervenção para estabilização da encosta.

E ao nosso amigo João Maria pela fina decoração que concebeu e empresta ao espaço outra atratividade e beleza, fazendo com que os setubalenses e visitantes desta terra tenham mais gosto em ali se deslocar não só para usufruir da soberba paisagem mas também pela agradabilidade do espaço.

Posto isto, gostaria também de partilhar com os amigos a minha convicção de que cada vez mais temos de apostar na qualidade ainda que a mesma possa ter mais alguns acrescidos custos o retorno do investimento é seguramente garantido e com mais-valias.

Este evento bem como a decoração do “castelo” é um investimento que estou em crer poucos poderão não aplaudir e ninguém, que eu tenha escutado, deu por mal empregue os 2 euros pagos pela entrada naquele certame.

Penso que a aposta está ganha e, se no próximo ano ela se voltar a repetir muito mais gente ali acorrerá. Assim sendo, com vista a manter ou melhorar a qualidade talvez a organização tenha de espaçar mais (o terreno existe) os expositores de forma a acolher mais gente sem o inconveniente de andarem a acotovelar-se.

Outro aspeto a ter em atenção e tendo em conta que ali não será possível o estacionamento automóvel, deverá ser reforçado o sistema de vai-e-vem dos mini-autocarros.

Mais uma vez parabéns para todos os intervenientes e continuemos a apostar na qualidade porque Setúbal merece o melhor.

Rui Canas Gaspar
2017-abril-02

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sábado, 1 de abril de 2017

Javalis de novo na Avenida Luísa Todi 

Já não é a primeira vez que os javalis da Arrábida descem à cidade e no ano passado dois deles andaram a passear pela Doca dos Pescadores e noutro dia pela Avenida Luísa Todi onde foram fotografados e filmados por alguns setubalenses que os avistaram. 

De novo os animais desceram à cidade, provavelmente em busca de alimento, destruindo com as suas presas parte da zona ajardinada a poente da avenida. 

Atendendo a que estes porcos selvagens se deslocaram em grupo (cerca de uma dezena) alguém contatou o Serviço de Proteção da Natureza da G.N.R. que rapidamente enviou para o local uma patrulha munida de carabinas e dardos tranquilizantes, conseguindo desta forma neutralizar os animais e empurra-los para o interior do auditório José Afonso. 

O espaço foi entretanto cercado por baias metálicas de proteção, enquanto se aguarda a chegada de transporte próprio para levar os animais para uma herdade do Alentejo, segundo informação do P.N.A., ao invés de os devolver à Serra da Arrábida. 

Pelo inédito da situação não deixa de ser curioso verificar a quantidade de setubalenses que têm acorrido à Avenida Luísa Todi para fotografar e filmar o insólito espetáculo que é o auditório transformado em curral. 

Desta vez ao invés de algum programa musical levado a cabo neste monumental e pouco aproveitado espaço, vemos uma inédita cena, tendo por protagonistas uma vara de porcos selvagens a aguardar a sua triste sina, no interior da improvisada pocilga. 

Pessoalmente preferia que os animais fossem encaminhados para o respetivo habitat, ou seja a Serra da Arrábida. Mas esta é a minha opinião!... 

Gostaria de saber o que acham os meus amigos sobre esta situação? 

Rui Canas Gaspar
2017-04-01

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