notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

segunda-feira, 20 de maio de 2019


Só e abandonada à sua sorte 

Que alegria eu dei quando era nova, e quantos ajudei a ultrapassar o obstáculo que representava as águas tumultuosas que corriam sob o meu arco. 

Os anos passaram e eu continuei a servir fielmente não só os meus donos mas todos aqueles que recorreram aos meus serviços. 

O tempo passou as produtivas quintas foram sendo paulatinamente abandonadas e por arrastamento deixaram de me utilizar, abandonando-me à minha sorte. 

Passados tantos anos depois do meu nascimento aqui me encontro só e abandonada, às portas da cidade que não parou de crescer. 

A linha de água ainda por cá está, chamavam-lhe Rio da Figueira, agora um autêntico matagal a necessitar de limpeza. 

Será que embora velhinha eu não seria uma boa e agradável companhia para aqueles que passeiam no jardim que faz parte integrante da urbanização do golfinho, um espaço agora ocupado com muitos apartamentos erigidos no local onde os meus antigos patrões tinham a sua quinta? 

Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2019-maio-20

terça-feira, 14 de maio de 2019

LIXO – Mais que procurar culpados urge tratar da solução

Rotular os outros de porcos sem olhar para o espelho é fácil, difícil é agir e comportar-se com palavras e ações em conformidade com o que sai da boca para fora.

É imagem recorrente (a que aqui apresento é do meu arquivo) os contentores cheios a deitar por fora e montes de lixo junto aos recipientes, sobretudo no final de Domingo.

Algumas pessoas aproveitam esse facto para fotografar e debitar nas redes sociais tudo o que lhes dá na real gana.

É um facto que o lixo está lá, até acompanhado geralmente de monos e restos de mudanças ou remodelações de habitação.

Mas o lixo só está ao lado porque já não cabe dentro dos contentores, e isso acontece ou porque o mesmo não é recolhido com mais frequência ou os recipientes não dispõem da capacidade que deveriam, por isso há que atuar ou numa ou nas duas vertentes.

Quanto aos monos muitas pessoas não sabem que podem telefonar e, sem custos, as autarquias recolhem-nos. Um papelinho afixado junto aos mesmos com o número de telefone daria jeito!

Rotular as pessoas (as outras, porque nós somos asseadinhos) de porcas quando até vemos todas as noites algumas que andam a retirar e a abrir sacos de lixo sobretudo à procura de metais, deixando tudo espalhado, é que não me parece bem.

Já agora, seria pedir muito que se colocasse no PUA e na Praia da Saúde uns contentores para recolher o lixo dos milhares de utentes daquele espaço? É que só um cego não vê que a meia dúzia de papeleiras são nitidamente insuficientes e os recipientes maiores que por lá estão nem todas as pessoas ainda descobriram o caminho para os mesmos.

Rui Canas Gaspar
2019-maio-14
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sexta-feira, 10 de maio de 2019


Até quando?

Os monumentos homenageiam pessoas, individual ou coletivamente, acontecimentos marcantes e momentos que deverão perdurar na memória dos cidadãos. 

Por isso, eles são erigidos e mantidos em bom estado de conservação, em lugares destacados para que possam ser devidamente apreciados, cumprindo assim a finalidade para que foram edificados. 

No entanto, não é isso que acontece em Setúbal, com o monumento construído em homenagem ao homem do mar, erigido na Avenida José Mourinho, uma das mais concorridas artérias da nossa cidade. 

Se o remo do pescador foi levado pouco depois do bote ali ter chegado, o facto é que o resto do conjunto apresenta um tal estado de desmazelo que até dá dó. A relva cresce em tufos qual mar picado,  pinos de proteção tombados, correntes de vedação partidas e o próprio bote na falta de melhor uso até já serve de dormitório… 

E é assim que vai o nosso património! 

Será que depois de tanto tempo neste estado miserável a Autarquia ainda não conseguiu disponibilizar nenhum das suas centenas de operários que repare o que deve ser reparado neste monumento ao homem do mar? Pelos vistos não! 

Pobres pescadores, que toda a vida foram explorados e relegados para segundo plano e até num monumento em sua homenagem não são dignificados por quem de direito. 

Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2019-maio-10

sexta-feira, 3 de maio de 2019


A última olaria de Setúbal 

Longe vão os tempos em víamos toda a zona poente da Avenida Luísa Todi, aquando da realização da Feira de Santiago, ocupada por dezenas de vendedores que comercializavam todo o tipo de louça e artigos confecionados com o ecológico barro. 

Os alumínios, os inox e sobretudo os plásticos vieram ditar a quase extinção desses artigos utilizados em praticamente todas as casas. 

Com os novos materiais e relegado o barro para segundo plano, naturalmente as olarias e os oleiros também se extinguiram em Setúbal. Extinguiram ou quase se extinguiram!... É que, por incrível que pareça, ainda um deles continua a fabricar, a expor e a vendar as suas criações sejam úteis ou simplesmente decorativas. 

A última olaria de Setúbal, fica junto aos Quatro Caminhos, um pouco acima do Centro de Emprego e naquele que foi um antigo armazém de cereais ali se molda o barro desde 1960, encontrando-se os artesãos neste momento a preparar uma encomenda de copos de barro destinados a serem usados numa feira medieval. 

Setúbal, tal como a Arrábida não se descobre, vai-se descobrindo, por isso nada melhor que a ir procurar nas profundezas desta terra bafejada pela mãe Natureza com muita beleza. 

Rui Canas Gaspar
2019-maio-03
Troineiro.blogspot.com