notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Setúbal acabou com a Inveja

Antoine Lavoisier, o químico francês, considerado o pai  da química moderna, um dia em que se sentiu mais inspirado teria afirmado a grande verdade: “ Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. De facto o homem tinha toda a razão, não se pode criar o que já foi criado!...

Provavelmente por isso, alguém, não sei quem, um dia também em que estava com propensão para os negócios teria aconselhado aos filhos : “comprem terrenos meus filhos, porque isso já não se fabrica”.

Já tinha reparado que neste final do ano o que restava da Inveja, em Setúbal tinha desaparecido, não aquela inveja que eu gostaria que fosse eliminada mas a outra aquela que ocupava um espaço na várzea de Setúbal, junto à Estrada dos Ciprestes.

Hoje estive no local, onde apreciei com mais pormenor a zona onde até há pouco existia a ampla casa daquela quinta, uma das  várias propriedades que outrora forneceram de verdes produtos hortícolas na nossa terra e que há muito se encontrava votada ao abandono.

Apreciei igualmente com mais pormenor uma das fotos captadas por mim num destes dias daquela e a outras quintas da nossa terra e confrontei com a imagem  captada neste último dia do ano de 2014.

É assim a vida! O senhor Lavoisier tinha, tem e continuará a ter toda a razão. A casa transformou-se num monte de entulho que irá servir de base a uma nova via, no lugar dela ficou o terreno, aquele que já não se fabrica e, por isso mesmo, terá um preço sempre valorizado dado tratar-se de um bem cada vez mais escasso.

Setúbal transforma-se, modifica-se, a Quinta da Inveja já era, o ser humano não mudará, o senhor Lavoisier não se atreveu a vaticinar tal coisa e, por isso mesmo, a quinta foi-se, mas a inveja infelizmente ficará.

Tenham um bonito ano azul, da cor do céu estrelado ou da tonalidade do belo Sado, façamos a nossa parte e sigamos o legado do grande cidadão do mundo que foi Robert Baden-Powell, fundador do escutismo: “Procuremos deixar este mundo um pouco melhor do que o encontramos”.

Rui Canas Gaspar
2014-dezembro-31

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domingo, 28 de dezembro de 2014

E, como manda a tradição um Bom 2015

As estações de rádio davam conta naquele bonito dia de Verão, 27 de julho de 1970, que António Oliveira Salazar acabava de falecer, depois de um acidente doméstico que o levara a cair de uma cadeira de lona, quando gozava um período de férias no Forte Santo António no Estoril.

O acidente teria ocorrido em 3 de agosto de 1968 sem nunca se ter sabido se foi por descuido, desequilíbrio ou debilidade da cadeira, o facto é que o Presidente do Conselho de Ministros, ao cair bateu com a cabeça no pavimento de pedra e nunca mais recuperou até à sua morte, dois anos depois.

Naquele tempo, depois do acidente do ditador eram muitos os que pensavam que o país iria finalmente mudar de rumo e que a guerra que Portugal mantinha com os movimentos de libertação nas suas colónias de Angola, Moçambique e Guiné iria acabar.

Mas não, um ano depois, em 1969, eu e mais uns milhares de jovens portugueses fomos incorporados no serviço militar obrigatório. E passado um ano, precisamente no dia 27 de julho de 1970, enquanto uns choravam e outros abriam garrafas de espumante, eu estava num cais em Lisboa, sem saber se o navio misto de carga e passageiros, “Ana Mafalda” construído pela CUF (Companhia União Fabril) em Lisboa, no ano de 1951, partiria ou não rumo à Guiné.

Naquele cais a despedir-se dos jovens militares estavam alguns familiares, não muitos, porquanto éramos poucos os que íamos em rendição individual de outros camaradas que tinham acabado o seu tempo de comissão militar.

Recordo o porte elegante de minha mãe, de lágrima ao canto do olho, o rosto fechado e tenso do meu pai, velho lobo-do-mar, olhando fixamente para aquele navio que estava prestes a levar o seu filho para um teatro de guerra de onde não saberia se voltaria vivo. Até porque estava na nossa memória recente o falecimento de outros jovens setubalenses naquelas guerras…

Havia a esperança de que com o anúncio da morte do ditador o barco não largasse amarras daquele cais, mas não, o barco partiu, Salazar foi sepultado, a guerra acabaria somente quatro anos depois graças à revolução de 25 de abril de 1974.

Quanto a mim, fui, vim e ainda por cá ando depois de ter vivido a experiencia militar, uma de entre muitas outras que tenho vivenciado nesta passagem por este nosso belo planeta azul, prestes a completar mais uma volta completa em torno do astro rei.

E, porque ainda por cá andamos nesta jornada terrena, desejo como manda a tradição, um Bom 2015, com ou sem passas de uva, vestindo ou não cuecas de cor azul, como igualmente manda, ou mandava, a tradição naqueles tempos em que o Salazar morreu.

Rui Canas Gaspar

2014-dezembro-28
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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

No poupar é que está o ganho

A época natalícia é um período em que particularmente os comerciantes procuram fazer mais negócios, por vezes até numa vã tentativa de poder salvar um mau ano em que as receitas das vendas mal chegaram para cobrir as despesas.

Não é pois de admirar que tenha sido colocado ênfase por parte de pequenos comerciantes e artistas que vivem dos seus trabalhos artesanais no pequeno mas simpático mercado de Natal montado na Praça do Bocage em bonitos quiosques e pequenas bancas de venda.

Logo no início daquele evento escutei da parte de alguns destes comerciantes a sua preocupação com o custo do aluguer destes espaços, em função das vendas espectáveis.

Não sei se o negócio correu de feição para todos aqueles homens e mulheres que tentam sobreviver no meio de uma tempestade que a todos afeta, no entanto, a minha opinião é que a iniciativa é bem interessante, movimentando muitas pessoas que não se reveem no comércio praticado nas grandes superfícies comerciais.

A Praça do Bocage ficou bem agradável, os quiosques são simples mas simpáticos e ficam muito bem compostos com o tipo de iluminação natalícia proporcionada pelas micro lâmpadas.

Sei de pessoas que vindas de outras localidades aqui se deslocaram com o objetivo de visitar este espaço e adquirir algumas das prendas que tradicionalmente oferecem pelo Natal.

Estou convicto que os custos com a instalação deste espaço poderão ser minorados no próximo ano, se os seus responsáveis recorrerem a um pequeno investimento, de pouco mais do que meia dúzia de euros, ou seja a aquisição de um programador  (relógio) para acender e apagar as luzes.

É que na luminosa manhã de Natal, pelas 11,00 horas, passei por esta praça, agora com os quiosques fechados, mas com mais de uma dezena de holofotes desnecessariamente acesos.

Não sei quantos dias e quantas horas foram desperdiçadas em energia elétrica. Sei que ela é cara e que cada holofote  gastará no mínimo 250 w.

Como os custos diretos e indiretos serão necessariamente imputados a quem utiliza o espaço, basta que se desligue a iluminação quando ela não é necessária para se poupar não sei quanto, mas que não será pouco.

Com a poupança que se fará nos gastos com energia desperdiçada, poderão ser diminuídos os custos suportados pelos comerciantes e estes por sua vez, mantendo as mesmas margens de lucro, poderão diminuir o preço dos seus produtos ao cliente final.

Já lá pelo meu velhinho bairro de Troino se dizia desde os meus tempos de menino: “no poupar é que está o ganho” e julgo que não estamos mais em época de esbanjamento, de desperdício e de percas, nem que sejam a das nossas já fracas energias. Digo eu…

Rui Canas Gaspar
2014-dezembro-25

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A propósito do rótulo de uma velha lata de conserva…

Numa pilha de embalagens quase desfeitas, de antigas latas de conserva, amontoadas sobre uma velha palete de madeira, ainda se consegue ver o rótulo de uma dessas latas de conserva que foram fabricadas em Setúbal e cujo lote se destinava aos consumidores norte-americanos.

Passados algumas dezenas de anos sobre o fabrico e embalamento deste lote, e depois de dois incêndios ocorridos  nas antigas instalações conserveiras, somos levados a concluir que alguém “ficou a arder” neste, ou no outro lado do Atlântico, onde o referido lote nunca chegou.

É que as conservas destinadas à Season Brand, sedeada em Nova Jersey, nunca lá chegaram, embora a empresa importadora ainda hoje continue a funcionar naquele Estado dos Estados Unidos da América e a marca ainda exista.

O que não existe a trabalhar é uma única fábrica de conservas de peixe, das largas dezenas que chegaram a laborar em Setúbal e onde esta deliciosa conserva do bom peixe da nossa costa foi outrora fabricada.

O abandono das instalações, as intempéries, o vandalismo e os fogos não foram suficientes para apagar completamente a memória de uma indústria e de um local onde outrora laboraram várias centenas de operárias especializadas nas diversas tarefas que culminariam com o nosso delicioso peixe a chegar à mesa de consumidores americanos.

Hoje, estas coisas  fazem  parte da história desta terra de gentes do rio e homens do mar, cujas memórias devem ser preservadas e passadas aos nossos filhos e netos, que nunca ouviram o alegre alarido dos ranchos de conserveiras, caminhando apressadas a caminho das fábricas que as chamavam ao trabalho com o som estridente das suas potentes sirenes.

Rui Canas Gaspar
2014-dezembro-25

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sábado, 20 de dezembro de 2014

Tenham vergonha!

Falei aqui, já lá vão alguns dias, sobre o estado deplorável em que se encontram os espaços exteriores do Arquivo Distrital de Setúbal, sedeado nas Manteigadas, zona nascente de Setúbal.

Um amigo confidenciou-me que a zona relvada, sempre bem aparada e tratada, junto à estrada é da responsabilidade da Junta de Freguesia de São Sebastião.

A Escola Profissional, está com os dias de vida contados, dado tratar-se de uma Fundação. De vez em quando lá vai levando algum tratamento no que se refere ao seu aspeto, embora se tema pelo futuro das instalações se não forem rapidamente ocupadas com alguns serviços após o encerramento como estabelecimento escolar.

Quanto aos espaços exteriores do ADS nem o presidente da Junta de Freguesia nem a Presidente da Câmara, estão na disposição de gastar lá um cêntimo dado o equipamento estar na alçada da tutela da Cultura, logo caberá ao Governo a sua manutenção, entidade que alega falta de verba para o fazer.

E como nesta história todos têm razão lá vamos nós contribuintes pagando a custo os nossos pesados impostos, taxas e tudo o que demais vão inventando para nos levar os míseros euritos para depois vermos o património de todos nós ser delapidado, vandalizado e abandonado (vejam por exemplo as bocas de incêndio junto ao ADS a serem roubadas aos bocados…) porque suas excelências simplesmente não se entendem sobre um espaço que é público.

Parece que alguém vai ter de organizar um evento turístico para aquelas bandas de forma a trazer alguns distintos convidados até ao local, pode ser que assim haja alguma vergonha na cara e se disponham a enviar para ali algum cantoneiro de limpeza.

Rui Canas Gaspar
2014-dezembro-20

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Era eu um jovem que tinha acabado poucos dias antes de cumprir o serviço militar obrigatório, servindo uma comissão militar de 27 meses na Guiné, quando escrevi para o jornal “O Setubalense”, o texto que abaixo reproduzo, publicado naquele jornal em 22 de dezembro de 1972.

Os anos passam mas as memórias ficam e, não passa um Natal sem que deixe de recordar aquela noite de consoada partilhada com os meus camaradas de armas no aquartelamento da pequena povoação de Bijene, vindo-me à mente aqueles que ainda hoje se encontram nestas circunstâncias num qualquer recanto do mundo.

 “ Repicam os sinos
Troam os canhões
É NATAL !
O céu azul-escuro, todo estrelado, convidava ao amor!

A quietude da noite, a brisa suave e quente abanava levemente as palmeiras e mangueiros. Como era diferente aquela noite de Natal!

Habituados como estávamos, a ter nesta quadra o tempo frio e chuvoso, aquela brisa agradável despertava em nós sentimentos diferentes. Éramos um punhado de jovens aquartelados numa pequena povoação algures na fronteira norte da Guiné.

Ensaiamos algumas canções natalícias, escutistas e populares, com os nossos camaradas. Decoramos as toscas mesas com telas de sinalização, fizemos estrelas com invólucros de maços de cigarros, colamos postais de “boas festas” e armamos uma árvore de natal, que não era pinheiro mas sim um mangueiro.

Sentimentos comuns nos uniam; a fraternidade, a solidão e a bela quadra festiva que estávamos vivendo.

Pouco antes da meia noite, começamos a preparar a ceia.  Garrafas de bebidas várias iam surgindo, iguarias próprias da quadra eram postas em comum. Oh! Como é belo viver em paz e ter este sentimento de fraternidade… Porém, para além de toda a beleza, de toda a paz aparente, os espíritos de todos estavam alerta e, de vez em quando, o olhar desviava-se para a cerca de arame farpado por detrás da qual estava o mato, a bolanha, o perigo.

Lá longe, a muitos milhares de quilómetros, festejava-se a festa da família, família à qual todos pertencíamos, e que naquele momento, naquelas longas horas, o nosso pensamento voava para o conforto do lar. O nosso corpo estava em África, mas os nossos corações estavam na Metrópole.

Na Metrópole, onde os sinos convidavam à oração de Natal, onde os cânticos belos convidavam as pessoas a serem boas (pelo menos nesse dia), e nós, naquela pequena povoação, sem sinos e sem cânticos a convidar ao amor, teimávamos em aliar aquela Santa Noite à Paz.

Meia-noite. Na Metrópole, repicavam os sinos. Os lares festejavam o Natal, o nascimento de Jesus, aquele que veio ao mundo para nos trazer a paz. Na terra sem sinos, onde nos encontrávamos, três potentes obuses abriam fogo.

As diabólicas “bocas do inferno” faziam ouvir a sua voz poderosa, arrasando com a sua força brutal, todos os meios de vida ao seu alcance.

E nós, mesquinhos e simultaneamente terríveis seres, cantando cânticos de paz e amor à mesma hora em que os sinos repicavam, fazíamos com que aquelas terríveis armas fizessem ouvir o seu estrondo medonho, a fim de permitirem que as nossas pobres gargantas cantassem em paz tão lindos cânticos de amor.

A noite de Natal findou. Aleluia! Jesus nasceu, e nós não fomos atacados. Estávamos vivos!

Aqui, na Metrópole, cantam os sinos! Todos cantamos, de uma forma ou de outra. A roda giratória não para; uns que vão outros que vêm, ficando no conforto do lar.

Pensando nos que lá estão, e que não ouvem os sinos, juntamos a nossa voz aos que, de todo o coração vos desejam Santo Natal.”

Rui Canas Gaspar
11-dezembro-2014

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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O Arquivo Distrital de Setúbal é para ficar no meio do mato?

Provavelmente não serão muitos os setubalenses que alguma vez entraram neste imponente edifício, propriedade de todos nós, e onde se guarda grande parte da memória coletiva do povo da nossa região.

Trata-se do Arquivo Distrital de Setúbal, um moderno e enorme edifício inaugurado em 2001 na Rua Professor Jorge de Macedo, nas Manteigadas, zona nascente da cidade de Setúbal, um local que é uma das mais importantes fontes informativas da nossa história familiar, empresarial, religiosa, desportiva, em suma do dia-a-dia do nosso passado coletivo.

Ao que parece, os serviços que asseguram tão valioso espólio documental deveriam ter um quadro de pessoal na ordem das duas dezenas de funcionários estão a operar com menos de 50% do pessoal.

Mesmo assim, constata-se que estamos em presença de pessoas competentes, simpáticas e solícitas, sempre prontas a ajudar os utentes de forma eficiente.

Em contraste com o moderno e funcional edifício reparamos que os espaços exteriores que o rodeiam estão votados ao abandono. Os jardins deram origem ao matagal, as árvores definham e as palmeiras atacadas pelo escaravelho vermelho completam o triste cenário.

Esta é uma situação incompreensível e que nada dignifica os nossos autarcas, ainda mais numa cidade que tanto foco tem colocado na cultura e nos respetivos equipamentos que têm vindo a ser colocados ao dispor da população, em quantidade e em qualidade.

A situação é tanto mais caricata quando a poucos metros de distância, junto ao bairro, à beira da estrada que liga Setúbal ao Faralhão podemos apreciar a zona verde sempre bem tratada, sinal de que por aquelas bandas existem jardineiros e que os serviços até funcionam.

Sendo assim, porque não fazer uma “barrela” e levar até à zona do nosso Arquivo Distrital, uma equipa de funcionários do serviço de limpeza e jardins da Junta de Freguesia de São Sebastião, que julgo ser a autoridade responsável por esta área, e que munidos de desbastadoras de mato, alguns ancinhos e umas pás pusessem termo ao deplorável estado em que aquele local se encontra.

Depois, bem depois, era só manter com o recurso ao corta relvas e a umas vassouradas.

É que termos um venerável senhor, elegantemente vestido de smoking e com os sapatos velhos, rotos e por polir não me parece que seja a melhor forma de o apresentar a quem quer que seja. A não ser que se pretenda que o Arquivo Distrital de Setúbal seja referenciado como um edifício que esteja localizado no meio do mato, algures nas Manteigadas.

Rui Canas Gaspar
2014-dezembro-09

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

No P.U.A. há perigo para a navegação

No Parque Urbano de Albarquel a Câmara Municipal de Setúbal  adverte que a zona de praia é perigosa, que a mesma tem movimentação de embarcações e que para além disso as correntes marítimas ali são muito fortes, motivos mais que suficientes para todos termos muito cuidado, e quando digo todos estou a referir-me inclusivamente aos próprios Serviços Municipais.

De facto, o mar que tudo leva e tudo trás, brindou o areal do Parque Urbano de Albarquel com um enorme tronco, arrastado sabe-se lá de onde, e ali ficou na areia, até que uma qualquer maré o puxe de novo para água e o leve para algures.

Se há perigos que os homens do mar tanto temem é exatamente este dos objetos de grandes dimensões que se encontram à deriva, sendo que o embate numa embarcação pode ser fatal. Foi esse mesmo reparo que o meu pai, velho e experiente lobo-do-mar, fez questão de mencionar quando viu o perigo que ali se encontrava.

Não sei a quem cabe a responsabilidade de prevenir um eventual acidente motivado por aquele enorme tronco. Se à Câmara Municipal, se à A.P.S.S. o que sei é que uma qualquer maré poderá arrastá-lo para as águas do Sado e um qualquer barco poderá colidir com ele.

Parece que pelas nossas bandas não temos muito o hábito de prevenir, mas quando o acidente acontece corremos com toda uma panóplia de meios e recursos humanos quais operacionais sempre prontos e aptos a resolver situações por mais complicadas que sejam.

Mas meus amigos governantes, vocês que sabem a quem compete resolver este tipo de situação, tratem dela quanto antes, não vá acontecer o pior e depois não poderão argumentar com uma daquelas desculpas esfarrapadas a que já nos habituamos a escutar e que o nosso povo costuma rotular de “desculpa de mau pagador”.

Qualquer funcionário dos vossos Serviços, munido de motosserra, poderá cortar o tronco e removê-lo dali antes que o mar o faça com consequências imprevisíveis.

Rui Canas Gaspar
2014-dezembro-05

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Setúbal é uma cidade onde se pode sair à noite em segurança

Dizem aquelas pessoas que trabalham durante a noite em Setúbal, que esta é uma cidade segura, bem vigiada e bem patrulhada pelas forças de segurança, com frequentes operações stop durante a noite e com as entradas e saídas da cidade bem controladas.

É certo que todos compreendemos que não pode haver um polícia em cada esquina e por isso eu defendo que as câmaras de vigilâncias instaladas na via publica são um excelente meio dissuasor.

Hoje contou-me alguém uma curiosa experiencia a que assistiu, esta semana, e em que foi interveniente uma patrulha da Polícia de Segurança Pública. Pelo seu ineditismo não resisto a partilhar aqui.  

Pouco passava da uma da manhã quando uns “rapazinhos” resolveram ir fazer rali para o novo parque de estacionamento recém-construído pela APSS, junto aos cacifos dos pescadores, frente ao Bowling de Setúbal.

O automóvel onde se deslocavam passava velozmente entre as autocaravanas que ali estavam estacionadas, como se fossem pinos, com um chiar de pneus impressionante, a que se juntava o roncar do motor, a gritaria dos ocupantes e a música altíssima do rádio da viatura.

Um carro patrulha da P.S.P. chega com o “pirilampo” desligado, apaga as luzes e bloqueia a saída do parque. Entretanto o condutor e acompanhantes não deram pela chegada do carro patrulha e param a sua viatura, dentro do parque, frente ao “ÉVORA” com a música altíssima e fazendo uma gritaria que certamente incomodaria não só os turistas estrangeiros que ali pernoitavam mas também quem estivesse nas redondezas.

Qual não foi o espanto do motorista e ocupantes da viatura, quando sem se terem apercebido tinham os agentes da P.S.P. de volta do carro a mandarem-nos sair para identificação, provavelmente a convidarem-nos a fazer algum teste de alcoolémia e, muito provavelmente, a autuarem o condutor pelo excesso de ruido que estava a fazer na via pública durante a noite.

Se é frequente ouvirmos queixas de falta de patrulhamento por parte da P.S.P., especialmente diurno, se é um facto que o vandalismo grassa nesta e noutras cidades, também não deixa de ser verdade que a segurança dos setubalenses está de certo modo assegurada por profissionais que zelam pelo bem-estar dos cidadãos.

Que o digam aqueles que por for questões de trabalho ou de lazer têm de se deslocar à noite pela cidade, sobretudo junto às artérias de entrada e saída, sem esquecer o ponto crítico de controlo que é a zona da “rotunda dos golfinhos”.

Rui Canas Gaspar
2014-dezembro-04

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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A mal-educada Ofélia lá se vai safando

O agradável aroma do saboroso peixe da nossa costa a assar no carvão, a brisa marítima que sopra vinda do oceano e o estridente piar das gaivotas ali junto à Doca dos Pescadores, fazem abrir o apetite a qualquer mortal que passe por aquele magnífico local, à beira do rio azul.

Quando se aproximam as 13,00 horas os restaurantes daquela zona começam a estar bem movimentados e os experientes assadores não dão mãos a medir para servir a clientela.

Há os clientes esporádicos, há os turistas e há também os que por este ou aquele motivo são habituais.

Costumo frequentar um desses estabelecimentos e tal como eu todos já nos habituamos a ver chegar uma senhora loura, entrar, sentar-se pedir o seu peixinho grelhado, comer, pagar e sair, provavelmente alguma empresária setubalense, alguma executiva, ou alguém que por força das circunstancias tem de comer fora diariamente.

Mas se todos os frequentadores do restaurante pedem delicadamente o seu peixe assado, à mesma hora chega outra cliente, que não está na disposição de esperar e é tal a confusão que ali arranja que o assador corre logo a atendê-la.

O mais curioso é que a Ofélia, nome porque é já conhecida não pede o peixe assado e, como se estivesse num qualquer restaurante japonês, come-o cru, tal como de sushi se tratasse.

Mas mais. A Ofélia não quer estar em espaços fechados, mal o assador lhe entrega o peixe e lá vai ela comer para a esplanada e até para cima dos carros, de preferência topo de gama…

Mas, esta morenaça é de tal calibre que depois de comer, vai-se embora sem se despedir ou agradecer e, curiosamente, nunca a vi pagar pelo almoço que lhe é servido.

De facto, parece que ser arruaceira e mal-educada às vezes dá resultado é que já vi situações idênticas lá para os lados da Segurança Social e até no Hospital de São Bernardo, pelo que a gaivota Ofélia não será nenhuma exceção à regra.

Rui Canas Gaspar
2014-dezembro-04

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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Parece que chegou o princípio do fim do projeto de devolução do rio à cidade

O Parque Urbano de Albarquel é provavelmente o espaço verde mais procurado e acarinhado pela população de Setúbal.

Inaugurado em 2008, com quatro hectares, o parque encontra-se no topo poente de um espaço que faz parte da devolução do rio à cidade, uma área que já se estende praticamente por toda a margem norte do Sado frente a Setúbal.

Para que o programa seja concluído e, feita a ligação entre a Doca dos Pescadores e a Toca do Pai Lopes, falta apenas demolir as antigas instalações industriais da “Sadonaval” localizadas entre a Praia da Saúde e o PUA. Trata-se de uma zona prevista para a construção do “Terminal 7” um espaço polivalente de apoio às atividades náuticas.

Alguns setubalenses mostram-se céticos no respeitante à desocupação deste espaço por parte daquela empresa e com a construção do novo edifício.

Curiosamente, hoje (03-dez-2014) reparei numa placa afixada naquele local dando conta de que no local funciona um centro náutico municipal.

Certamente que a Autarquia não iria ali colocar esta placa se não tivesse tomado posse do edifício, pelo que este pequeno passo poderá representar o princípio do fim de um projeto acarinhado pela grande maioria dos setubalenses que amam como ninguém o seu belo rio azul.

Aguardemos o desenrolar desta boa notícia que certamente passou despercebida de muitos dos utentes daquele espaço e que nos surpreendeu pela positiva.

Rui Canas Gaspar
2014-dezembro-03

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