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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O Arquivo Distrital de Setúbal é para ficar no meio do mato?

Provavelmente não serão muitos os setubalenses que alguma vez entraram neste imponente edifício, propriedade de todos nós, e onde se guarda grande parte da memória coletiva do povo da nossa região.

Trata-se do Arquivo Distrital de Setúbal, um moderno e enorme edifício inaugurado em 2001 na Rua Professor Jorge de Macedo, nas Manteigadas, zona nascente da cidade de Setúbal, um local que é uma das mais importantes fontes informativas da nossa história familiar, empresarial, religiosa, desportiva, em suma do dia-a-dia do nosso passado coletivo.

Ao que parece, os serviços que asseguram tão valioso espólio documental deveriam ter um quadro de pessoal na ordem das duas dezenas de funcionários estão a operar com menos de 50% do pessoal.

Mesmo assim, constata-se que estamos em presença de pessoas competentes, simpáticas e solícitas, sempre prontas a ajudar os utentes de forma eficiente.

Em contraste com o moderno e funcional edifício reparamos que os espaços exteriores que o rodeiam estão votados ao abandono. Os jardins deram origem ao matagal, as árvores definham e as palmeiras atacadas pelo escaravelho vermelho completam o triste cenário.

Esta é uma situação incompreensível e que nada dignifica os nossos autarcas, ainda mais numa cidade que tanto foco tem colocado na cultura e nos respetivos equipamentos que têm vindo a ser colocados ao dispor da população, em quantidade e em qualidade.

A situação é tanto mais caricata quando a poucos metros de distância, junto ao bairro, à beira da estrada que liga Setúbal ao Faralhão podemos apreciar a zona verde sempre bem tratada, sinal de que por aquelas bandas existem jardineiros e que os serviços até funcionam.

Sendo assim, porque não fazer uma “barrela” e levar até à zona do nosso Arquivo Distrital, uma equipa de funcionários do serviço de limpeza e jardins da Junta de Freguesia de São Sebastião, que julgo ser a autoridade responsável por esta área, e que munidos de desbastadoras de mato, alguns ancinhos e umas pás pusessem termo ao deplorável estado em que aquele local se encontra.

Depois, bem depois, era só manter com o recurso ao corta relvas e a umas vassouradas.

É que termos um venerável senhor, elegantemente vestido de smoking e com os sapatos velhos, rotos e por polir não me parece que seja a melhor forma de o apresentar a quem quer que seja. A não ser que se pretenda que o Arquivo Distrital de Setúbal seja referenciado como um edifício que esteja localizado no meio do mato, algures nas Manteigadas.

Rui Canas Gaspar
2014-dezembro-09

www.troineiro.blogspot.com

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