notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sábado, 29 de março de 2014

Setúbal alinda-se com mais obras de arte

Há um ditado popular que reza assim: “Onde todos ajudam nada custa” pensei nesta frase ao  reparar que graças a um conjunto de boas vontades Setúbal tem vindo a embelezar-se com cada vez maior quantidade de peças escultóricas, na via pública, praticamente todas elas oferecidas por mecenas.

Até meados de abril prosseguem as obras de implantação da mais recente obra de arte, que se encontra a ser colocada na rotunda de Monte Belo. Trata-se do “Zéfiro” o vento do oeste, segundo a mitologia grega. E, se repararmos os ferros retorcidos apontam para Este como que soprados pelo forte vento vindo dos lados do Outão, a Oeste da cidade.

A peça é da autoria do escultor plástico Sérgio Vicente e é mais uma oferta à cidade da Fundação Buehler-Brockhaus, a mesma entidade que ofertou as bonitas esculturas que embelezam o Mercado do Livramento, os conjuntos escultóricos junto ao Fórum Luísa Todi e as “sardinhas” colocadas na rotunda das Fontainhas de entre outros apoios.

Se para alguns setubalenses são muito apreciáveis e belas estas obras de arte, para outros as mesmas nem por isso o são. Mas, como os gostos não se discutem, o melhor mesmo é tentar ver o lado positivo da questão e louvar a iniciativa tendente a ir deixando a cidade com um amplo leque de peças escultóricas com as mais diferentes tendências e gostos.

A minha opinião sobre este assunto é bem simples. Prefiro ver a minha cidade  com os seus espaços públicos embelezados por diferentes obras de arte de todas as tendências  do que ver a desertificação dos locais onde agora estão a ser instaladas.

Aguardo com alguma curiosidade o que irá ser feito na maior e mais importante rotunda, cujos trabalhos já se iniciaram, e que substituirá o cruzamento junto ao Jumbo.

Por se tratar da principal entrada na cidade estou em crer que aqui irá nascer neste enorme e movimentado espaço um obra arquitetónica de grandes dimensões adequada ao “hall de entrada” de uma das mais belas, senão a mais bela cidade de Portugal, Setúbal!

Rui Canas Gaspar

2014-março-29

sexta-feira, 28 de março de 2014

O RAPAZ DOS PASSARINHOS

Foi hoje, numa manhã de aguaceiros, pelas 11,00 horas, dia 28 de março de 2014, descerrada a placa que assinala a inauguração da enorme e bonita obra de arte que embeleza o Largo José Afonso.

Quinze minutos antes da hora agendada para a inauguração, ainda a placa comemorativa se encontrava a ser fixada como mandam as “boas normas” portuguesas…

A obra “O Rapaz dos Passarinhos” é uma pintura com 20 metros de altura reproduzindo uma foto de Vicente Inácio Martins, atualmente com 91 anos, captada pelo mestre fotógrafo setubalense Américo Ribeiro e agora artisticamente reproduzida pelo artista Odeith.

De salientar que esta obra de arte insere-se no projeto “Arte em Toda a Parte” patrocinada pelo grupo Auchan entidade que no decurso das obras do novo centro comercial Alegro tem apoiado outras iniciativas do mesmo tipo no concelho de Setúbal.

Na cerimónia de inauguração que contou com a presença de Vicente Martins, o modelo; de Odeith, o pintor; de Mário Costa, diretor-geral da Immochan e de Maria das Dores Meira, Presidente da Câmara Municipal de Setúbal pudemos ainda ver vários setubalenses bem conhecidos que não quiseram perder a oportunidade de verem bem de perto e de contatarem com o “rapaz dos passarinhos” a figura central deste evento.

Esta será certamente uma das obras que mais irá ser fotografada na cidade sadina, atendendo à sua beleza e dimensões, não passando por isso despercebida quer aos setubalenses, quer aos visitantes da cidade do Rio Azul.



Rui Canas Gaspar
2014-março-28

quinta-feira, 27 de março de 2014

Setúbal adere à Hora do Planeta

Amanhã, dia 28 de março, pelas 11,00 horas será inaugurada a pintura da autoria do artista Odeith, no Largo José Afonso, com a presença da Presidente da Câmara Municipal, do diretor-geral da Immochan, do pintor e da figura fotografada, Vicente Inácio Martins, agora com 91 anos de idade.

Hoje, os eletricistas trabalhavam afincadamente para colocarem os holofotes que irão iluminar a pintura, com 20 metros de altura, inserida no projeto “Arte em Toda a Parte”.

A propósito de iluminação pública nos monumentos e locais mais emblemáticos é bom lembrar que hoje, dia 27, a iluminação publica que embeleza alguns monumentos sadinos durante a noite será desligada por um período de 60 minutos atendendo a que a cidade de Setúbal aderiu à iniciativa mundial designada pela Hora do Planeta, a qual visa chamar a atenção para as alterações climáticas.

Rui Canas Gaspar

2014-março-27

segunda-feira, 24 de março de 2014

A Casa das Quatro Cabeças vai ser arrendada depois das obras

A conhecida “casa das quatro cabeças” localizada na Rua Fran Paxeco, antiga Rua Direita de Troino, vai entrar em obras de recuperação, devendo os trabalhos estar concluídos em 2015.

O edifício que esteve arrendado ao longo de vários anos, não sofreu obras de manutenção ocasionando que se apresentasse em elevado estado de degradação.

Pelo seu interesse histórico a Câmara Municipal de Setúbal acabou por o adquirir, indo agora proceder às necessárias obras de forma a podê-lo recuperar destinando-o ao mercado de arrendamento.

Cada um tem a sua opinião e eu não fujo à regra valendo a minha tanto como a de qualquer cidadão deste concelho, nem mais nem menos, independentemente da posição social ou politica que ocupem.

E se eu me congratulo com o facto da aquisição do imóvel pela Autarquia e se igualmente me sinto satisfeito pela sua recuperação fico reticente quanto à finalidade a que ele está destinado, o arrendamento.

As minhas dúvidas fundamentam-se no facto de neste momento a cidade estar repleta de imóveis para arrendar tendo os preços descido substancialmente, pelo que a relação custo beneficio parece-me à partida desequilibrada, mesmo sem conhecer quais os valores envolvidos.

A localização do imóvel, a sua área, a ausência de local de parqueamento não vão certamente potenciar o seu valor, antes pelo contrário.

Atendendo a que se trata de um imóvel histórico será que não haverá um outro destino mais adequado para se dar a este prédio?

Como “até ao lavar dos cestos é vindima” deixo o alerta e a sugestão, enquanto ainda estamos a tempo, para que se procure um destino mais adequado do que a sua entrada no degradado mercado de arrendamento sadino.

Rui Canas Gaspar

2014-março-24
Vai avançar a última faze do programa de devolução do Sado à Cidade.

Parece que dentro de pouco tempo desaparecerão os velhos edifícios da SADONAVAL ficando disponível o último espaço entre o PUA e a Praia da Saúde, ficando toda aquela ampla e bonita zona de lazer preparada para a última intervenção de devolução do Sado à cidade.

Já chegou àquelas instalações uma equipa composta de especialistas na remoção de telhas de fibrocimento, contendo amianto, um material cujo manuseamento só é autorizado por empresas devidamente certificadas para esse efeito.

Depois das instalações desocupadas o trabalho de remoção da cobertura será o primeiro a ser efetuado antes de se proceder à demolição das velhas construções.

Tudo indicia que se vá entrar, em breve, na última fase deste magnifico projeto, com a recuperação da zona, onde será construído o edifício de apoio, batizado por Terminal 7, e cuja área envolvente fará a ligação entre as outras já recuperadas para usufruto público.


Rui Canas Gaspar

2014-Março-24

quarta-feira, 19 de março de 2014

Gato escondido com o rabo de fora

Após encontrar um antigo documento pertencente a minha falecida mãe, dei comigo a pensar nas contradições  dos políticos e governantes que fazem de nós governados pouco mais que meros joguetes das suas vontades.

Eu, tal como muitos milhares de portugueses doamos OBRIGATÓRIAMENTE mais de três anos das nossas jovens vidas na “defesa” da Pátria, preparando-me aqui durante 12 meses e depois tendo sido enviado para a Guiné, onde durante mais 27 meses servi o meu país na tal “defesa” de uma das nossas “províncias” ultramarinas.

Pouco tempo depois de eu ter embarcado para a Guiné, meus pais venderam todos os seus parcos haveres e deixaram a província da Estremadura, mais concretamente a Setúbal que os viu nascer, crescer, casar e ter os seus filhos, para rumar a outra província, a de Angola, indo radicar-se noutra cidade portuguesa, a de Luanda.

Se aqui ele era pescador, lá também o continuou a ser, a diferença residia no facto de aqui o peixe escassear e não se ganhar para as despesas e lá o peixe abundar e ganhar o suficiente para fazer uma vida desafogada.

Com o revolução de 25 de Abril e a eminente independência daquele território os movimentos independentistas digladiavam-se entre eles, o Exército Português deixou de ter “força”, o banditismo alastrou em Luanda e o meu jovem irmão foi atacado, salvando-se porque na altura era um medalhado atleta do Benfica de Luanda e conseguiu ser suficientemente rápido para fugir aos assaltantes.

De imediato os meus pais tomaram a decisão de deixar aquela “província” ultramarina e rumar de novo a Setúbal e, tal como foram daqui para lá, assim  vieram de lá para aqui. Se foram pobres, pobres vieram. A riqueza que trouxeram consigo foi a de uma maior experiencia de vida.

Mas o que me levou a pensar neste assunto, foi o tal documento que eu falei no princípio do texto, que mais não é do que um Certificado de Residência passado pela Administração Local a todos os portugueses  que fossem trabalhar e residir para aquela “província” tal como se faz a qualquer cidadão emigrante.

Afinal aquilo era ou não uma província? Se não era necessário Certificado de Residência se eles se mudassem da Estremadura para o Algarve porque carga de água é que o deveria ser quando se mudaram para a “província” de Angola?

De facto, a arte da política que deveria ser uma nobre arte tem uns agentes um bocado esquisitos, fazem leis e tentam impingir ao povo os seus interesses, no entanto regra geral não são assim tão inteligentes como se julgam, porque regra geral são como o gato escondido com o rabo de fora…

Rui Canas Gaspar

2014-março-19

sábado, 15 de março de 2014

Voluntários mórmons setubalenses apoiam quem procura melhorar a vida profissional

Uma equipa de oito voluntários mórmons, pertencentes à congregação de Setúbal I, sedeada na zona poente da cidade de Setúbal, prescindiu hoje sábado, dia 15 de março de 2014 de um belo e solarengo dia de lazer para se dedicar ao serviço ao próximo.

Idêntica iniciativa, tinha sido levada a efeito na passada terça-feira, na congregação de Setúbal II, com instalações perto da Camarinha, na zona nascente da cidade, com muito mais afluência, atendendo ao maior número de membros daquela congregação.

Na próxima terça-feira ação semelhante, no âmbito do LDSJOBS ( www.ldsjobs.org )  terá lugar nas instalações SUD da Camarinha, onde mais de uma dezena de voluntários munidos com o respetivo e equipamento informático estarão disponíveis a partir das 20 horas para ajudar todos aqueles que assim o desejarem.

A  equipa que hoje esteve em ação teve oportunidade de trabalhar todo o dia entre as 10,00 e as 17,30 ajudando diversas pessoas, membros da Igreja e outras não membros, a prepararem os seus perfis profissionais de forma a poderem inscrever-se numa base de dados que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem vindo a preparar de forma a poder ajudar profissionalmente por intermédio do seu Serviço de Recursos de Emprego.

O objetivo central é preparar dois mil perfis, ou seja, completos curriculuns de qualidade, divididos em três vertentes de interesse: educação, emprego e negócio próprio. Os perfis no que se refere ao emprego serão disponibilizados para grandes empregadores facilitando-se desta forma a vida a uns e a outros.

A Igreja SUD tem vindo a implementar diversos serviços tendentes a potenciar as capacidades individuais e familiares não só dos seus membros mas também daqueles outros que pretendam usufruir dos seus programas formativos.

Para esse efeito tem realizado diversos Cursos de Aperfeiçoamento Profissional (CASP) e Cursos de Negócio Próprio (CNP). Também a conceituada Brigham Young University (BYU) iniciou este ano alguns cursos em Portugal, a par de diversas ações de apoio às famílias desencadeado por diversas estruturas SUD.

Do interesse e da afluência a estas ações por parte dos seus membros assim dependerá a instalação ou não de estruturas físicas adequadas de apoio socioprofissional por parte da Igreja.

Rui Canas Gaspar

2014-março-15
Namorados troineiros

Eles residiam em Troino e, foi aí, naquele antigo e típico bairro setubalense, habitado maioritariamente por gente do mar que se conheceram quando ela pouco mais tinha que quinze aninhos e ele apenas mais dois.

Depois de muitos meses de namoro o jovem par decidiu registar para a posteridade o seu amor. Para isso, ele colocou de parte algum dinheiro conseguido com as suas pescarias, vestiu a sua melhor roupa e conjuntamente com a sua amada deslocaram-se ao retratista que registaria aquele bonito momento.

Ela preparou o seu bonito vestido que habilidosamente costurara, a partir de um modelo que vira num daqueles bonitos figurinos que os bacalhoeiros traziam lá da Terra Nova, passou-o muito bem com o seu ferro aquecido a carvão, tratou de arranjar o cabelo e lá foram os dois até à baixa da cidade onde o fotografo os mandou entrar para o estúdio onde gravaria a imagem do jovem par.

Dias depois ela voltou de novo ao fotografo onde lhes foram entregues as fotos, bem bonitas por sinal. O estúdio tinha o cenário apropriado para momentos como este e tratou de colocar os namorados na posição que considerava adequada, dizendo ao rapaz que colocasse a mão no ombro da sua jovem namorada. Assim ficariam melhor, segundo o fotografo...

O apaixonado casal tinha agora a possibilidade de ter em seu poder uma bonita fotografia, a primeira e única que possuíam, num tempo em que eram raras as máquinas fotográficas e este tipo de registo era feito pelos profissionais em momentos muito especiais.

Muito contente a jovem correu para casa para mostrar as fotografias à sua mãe. O namorado que estava na pesca,  quando chegasse a terra teria então oportunidade de as ver.  

Apenas o fotografo ela e a mãe viram as fotos e a mãe ao olhar para aquela bonita imagem, ficou rubra de cólera e levantando a mão bofeteou a filha que ofendera a honra, ao deixar que um rapaz, mesmo sendo namorado, ousasse colocar a mão no seu ombro antes de serem casados.

De imediato todas as fotos foram confiscadas e para grande desgosto da jovem o seu amado que tinha tido a ousadia de colocar a mão em cima do seu ombro, não tinha agora a possibilidade de pôr a vista em cima das bonitas imagens.

A chorosa jovem ainda tentou nos dias seguintes descobrir onde a mãe tinha guardado as fotos de forma a poder mostrá-las ao seu amado, mas em vão, jamais as conseguiu encontrar, a despeito da casa onde residia não ser assim tão grande e os lugares para esconder aqueles registos serem poucos.

Dois anos depois o casamento acontecia, ela com os seus 19 anos e ele com 21 formavam agora o seu próprio lar.

Naquele dia de 1947 aconteceu um casamento bonito, com os noivos a deslocarem-se em "carro de praça" até à Igreja da Anunciada, acompanhados por alguns dos convidados. Um dia de festa no popular Bairro de Troino.

E foi apenas depois do padre ter abençoado o jovem casal que a mãe chegando junto da jovem noiva, lhe devolveu  as fotos tiradas uns anos antes, como prenda de casamento. Agora que já eram casados, o rapaz podia colocar a mão no ombro da sua amada!

Após a boda, o casal saiu para lua-de-mel. Foram passear a Lisboa, aquela distante cidade capital do seu país. e ao que parece foi por aquelas bandas que o rapaz teve oportunidade para mais alguma intimidade com a jovem noiva. Nove meses depois nascia o seu primeiro filho, eu!

Era assim naqueles tempos no Bairro de Troino, na primeira metade do século XX, num tempo  que o respeito e a honra não eram palavra vã e a “vergonha” era algo muito cara entre as nossas honradas gentes do mar.

Rui Canas Gaspar

2014-março-15
Coisas importantes para as crianças de Troino

Em meados do passado século XX eram muitas as mães de Troino que naquela manhã, antes dos seus filhos irem fazer o importante exame da 3ª ou da 4ª classe lhes davam a beber uma infusão milagrosa, o “chá de flor de laranjeira” para acalmar os nervos, segundo diziam.

Antes, as crianças eram bem lavadas, dentro da grande bacia colocada na cozinha, onde se despejava uma cafeteira de água quente para temperar e não ficar tão fria a água do banho. Seguidamente vestiam as suas melhores roupas e eram penteadas não esquecendo de colocar um pouco de brilhantina ou fixador para manter o cabelo penteado por mais tempo.

O menino tratava então de segurar na pasta de cartão atada com três fitinhas dentro da qual levava uma folha de papel de 35 linhas e lá ia ele prestar provas do que tinha aprendido, com ou sem o recurso a algumas reguadas quando estivesse desatento àquilo que se ensinava.

Estudei na Escola da Casa dos Pescadores onde aprendi as primeiras letras e os meus primeiros exames foram feitos na Escola Conde Ferreira, onde outros professores que não a D. Lucinda, trataram de estar atentos a tudo o que os pequenos estudantes faziam, ou deixavam de fazer.

Era um marco importante na vida das crianças de Troino do meu tempo estes exames, tal como o era a comunhão solene. Nessas alturas eramos vestidinhos a rigor e depois de feita a comunhão dirigiamo-nos ao retratista para gravar, em cenário apropriado, tão importante momento. Sim, porque a grande maioria das pessoas não tinham Kodak para registar estas efemérides.

Nem tinham a máquina fotográfica como também não tinham dinheiro. A minha habilidosa e talentosa mãe, que também aprendeu a técnica de costura na Casa dos Pescadores, tratou de fazer a fatiota e investiu alguns escudos nas fotos do filho para que ficassem para a posteridade.

Depois de feita a comunhão na Igreja da Anunciada e de ser retratado lá fui eu mostrar-me aos amigos, familiares e vizinhos, que generosamente tratavam de gratificar o modelo e de se congratular com o acontecimento marcante, não só para a família como para toda a vizinhança, uma outra família mais alargada…

Desta forma o investimento no fotógrafo era recuperado e lá ficávamos com a foto para a posteridade para ilustrar aquilo que agora partilho convosco, recordando um pouco sobre as coisas de Setúbal.

Rui Canas Gaspar

2014-março-15

sexta-feira, 14 de março de 2014

Quem foi afinal Jean Raymond?

No Bairro do Liceu, em Setúbal, uma placa identifica uma das ruas com o nome de Tenente Jean Raymond. Uma das muitas ruas que têm nome mas que para o comum dos cidadãos pouco ou nada lhes diz.

Hoje temos uma formidável, eficiente e rápida fonte de informação que dá pelo nome de Google, o maravilhoso motor de busca que é uma espécie de sabe-tudo e, foi a ele que recorri para perguntar sobre quem foi Jean Raymond.

Curiosamente o Google de entre mais de uma dezena de páginas com esta referencia apenas numa delas diz algo sobre a pessoa, enquanto todas as outras se referem à rua com o nome da mesma. E mesmo a página que foca a pessoa de Jean Raymond é uma pequena notícia, num blogue, referindo-se ao jornal O SETUBALENSE de 09 de outubro de 1957 que diz o seguinte: “Realizou-se ontem, o funeral do Tenente Jean Raymond”.

Cerca de uma dezena de anos depois da morte deste militar eu próprio fundei a equipa Jean Raymond, enquanto caminheiro no Corpo Nacional de Escutas, em Setúbal, sob a influência do então chefe Francisco Oliveira.

Sobre o nosso patrono contava-nos aquele dirigente que teria sacrificado a sua vida para salvar os seus companheiros ao atirar-se para cima de uma granada que ao explodir o teria vitimado, salvando muitos dos militares que estariam sob o seu comando. Se esta informação corresponde à verdade ou se se trata de um mito, desconheço em absoluto.

Dizia-nos ainda este dirigente que aquele oficial teria sido um jovem escuteiro do Corpo Nacional de Escutas.

Um dos seus irmãos, de nome Guy de Raymond, salvo erro, teria mesmo apadrinhado a minha investidura de Caminheiro, nos anos sessenta, conforme a foto documenta.

Penso que seria não só interessante, mas sobretudo de grande utilidade informativa e cultural que em todas as artérias da nossa cidade fosse colocada uma placa com alguma descrição sobre o nome atribuído a essa via. Desta forma estaríamos a contribuir para que aquelas pessoas ou acontecimentos fossem mais do que uma mera indicação geográfica para se tornarem numa referência cultural ou histórica.

Podem dizer-me que se trata de uma iniciativa dispendiosa, aceito! Mas não é necessário que se faça tudo ao mesmo tempo e poderíamos começar, por exemplo, pela zona histórica da cidade e posteriormente avançar para os diversos bairros circundantes.

Depois há sempre o recurso ao apadrinhamento por parte de mecenas e certamente que todos ficaríamos beneficiados se com a indicação da Rua Tenente Jean Raymond figurasse alguma informação sobre a pessoa, ainda que no final da placa indicativa houvesse uma referência publicitária com o nome da empresa patrocinadora.

É uma ideia que aqui apresento publicamente e que se os nossos autarcas a entenderem como viável poderão aproveitar para proveito de toda a população desta nossa cidade e daqueles que nos visitam.

Rui Canas Gaspar

2014-março-14



Tenente miliciano Jean Marie Filiol de Raimond



[Ataques fronteiriços, Estado Português da Índia, 1957]


- Medalha de prata de Valor Militar, com palma (a título póstumo)

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro da Defesa Nacional, e nos termos do artigo 50° do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, condecorar a título póstumo com a Medalha de prata de Valor Mi litar, com palma, o Tenente miliciano de Infantaria Jean Marie Filiol de Raimond, porque, uma vez chegado, na noite de 17 para 18 de Setembro de 1957, junto do Posto frontei¬riço de Anconém, do distrito de Goa, onde se travava um duro combate havia já algumas horas, indiferente ao intenso fogo de armas automáticas e às granadas de mão constantemente lançadas pelos assaltantes, que procuravam dominar a guarnição portuguesa, tomou o comando de uma fracção da patrulha que acompanhara, a fim de, procurar envolver o inimigo por um dos flancos; e por tal maneira se conduziu, indiferente ao perigo e debaixo do fogo do atacante, muito superior em número e na qualidade do armamento, que rapidamente contribuiu para que o agressor levantasse o cerco e se pusesse em fuga para o território donde tinha partido e onde, a coberto da fronteira, não podia mais ser perseguido.

Possuidor de rara coragem moral e grande espírito de decisão, procurando infiltrar-se à frente dos seus homens para atingir duramente o inimigo, só deixou de combater com a maior tenacidade quando, atingido mortalmente pelo fogo adver¬sário, caiu inanimado, depois de ter incitado os seus subordinados ao cumprimento dos seus deveres para com a Pátria que tinha abraçado com o maior ardor desde a infância.

- Portaria de 10 de Dezembro de 1957 (Diário de Governo nº 251 / II Série / 1957)

Informação constante no blogue Phalerae indicado pelo amigo Luigi Licciardello


Jean Marie Filiol de Raymond nasceu em 1927 ou 1928 na Freguesia de Marquês de Pombal, mais tarde designada como Nossa Senhora da Anunciada e atualmente União de Freguesias de Setúbal.


quinta-feira, 13 de março de 2014

O rapaz dos passarinhos

A imagem captada pelo grande fotógrafo setubalense Américo Ribeiro retratando uma das figuras da cidade (hoje ainda vivo e com mais de 90 anos) que no passado século XX era de todos conhecida, o rapaz dos passarinhos, constituiu o principal motivo artístico e de discussão entre os setubalenses.

Se as opiniões divergem sobre o tema escolhido para a pintura que agora dá nova cor ao polémico, caríssimo e subaproveitado auditório construído no “Lago”, antigo Parque das Escolas e rebatizado com o nome de José Afonso, o que parece ser quase consensual é que se trata de uma verdadeira e bem conseguida obra de arte urbana.

De facto, entre a vastíssima obra do mestre fotógrafo Américo Ribeiro existiriam muitas mais imagens consensuais e até mais adequadas àquele espaço público. Se a pintura não tivesse como objetivo homenagear o “Fotografo de Setúbal” então haveria muito mais temas sugestivos por onde escolher.

Em minha opinião, trata-se de uma obra de arte, um excelente trabalho levado a cabo pelo artista Sérgio Odeith, independentemente das interpretações que nos possam remeter para tempos, não muito longínquos, de fome e de miséria, ou para a preservação dos passarinhos, no caso, dos pintassilgos, hoje uma espécie protegida.

Trata-se de mais uma iniciativa do projeto "Arte em Toda a Parte" da responsabilidade do Grupo Auchan, proprietário dos hipermercados Jumbo que conta com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal.

No âmbito deste projeto "Arte em Toda a Parte" a arquitetura do futuro centro comercial ALEGRO, em construção na cidade de Setúbal, integrará diversas obras de consagrados artistas nacionais e de outros da Região de Setúbal.

Se perguntassem a minha opinião diria que estava de acordo com um trabalho como o que acaba de ser oferecido à população, dando alguma utilidade àquela polemica construção. Se me questionassem se seria o tema que eu escolheria, provavelmente não seria este, mas sim algum qualquer outro relacionado com as escolas, numa alusão ao próprio espaço, ou algo que sugerisse festa, atendendo a que para praticamente todos os setubalenses, a partir da adolescência, este é um espaço relacionado com a Feira de Santiago.

O trabalho está feito e muito bem feito. Parabéns ao artista, parabéns aos patrocinadores, parabéns a Setúbal que para além de mais uma obra de arte tem agora também mais um motivo de discussão entre os seus cidadãos.

Como diz o povo na sua infinita sabedoria: “da discussão nasce a luz”  e a discussão é o cerne da democracia e, para mim, mais vale uma má democracia do que uma boa ditadura…

Rui Canas Gaspar

2014-março-13
Esta peça foi feita em Setúbal na Avenida Luísa Todi e demorou 9 dias para concluir.
Pediram-me se a pintura poderia ter algo a ver com Setúbal.


Fiz uma pesquisa e escolhi fazer o rapaz que aparece numa fotografia tirada pelo
grande fotografo de Setúbal Américo

Enquanto pintava imaginei se o rapaz da foto ainda seria vivo ou se teria saído de Setúbal
Naquela altura.
Quando num dos dias, apareceu um homem e disse:
- esse rapaz na foto é o meu tio, e ainda esta vivo.

Fiquei feliz e acabei por conhece-lo, hoje tem 91 anos.
Quando a foto foi tirada em 1933 ele teria perto de 10 anos.
Quando a filha o levou de carro ate perto do mural, ele disse:
- a ferida.

Reparou logo que a pintura tinha a ligadura na perna de alguma ferida 
que tinha no tornozelo há 80 anos atras.
O meu pensamento em relação a este Mural.

O Fotografo Américo provavelmente nunca pensou que alguém 
iria pintar um mural de 20 metros de uma foto tirada por ele há 80 anos.

O rapaz Vicente na foto nunca imaginou que um dia se ia ver pintado numa parede com 20 metros de altura
quando o Américo lhe disse para olhar para a camara naquele dia.

Eu quando comecei a pintar nunca pensei que um dia poderia pintar um mural destes no centro
De uma cidade bonita como é Setúbal.

Conclusão:
As pequenas ações que fazemos hoje podem ser gigantes amanha!
Obrigado Bruno Pereira
Odeith - 2014

Haja eficiência e boa administração dos recursos

Bem sei que não se trata de uma inovação, no entanto, não deixará de constituir novidade para alguns setubalenses o facto da nossa autarquia dispor de modernos e eficientes recursos que ajudam os serviços técnicos a serem mais eficientes.

Vi em ação um operário camarário, da área de construção civil. Este trabalhador dispõe de um moderno posto de trabalho composto por um pequeno veículo motorizado onde transporta água e respetivos inertes bem como as adequadas ferramentas, tendo à sua responsabilidade os pequenos consertos na via pública.

Desta forma prática e rápida aquele profissional desloca-se com celeridade, dispondo dos necessários meios para reparar alguma pequena anomalia, como a que retratamos na Avenida Independência das Colónias.

Parece que longe vão os tempos em que se podia ver em Setúbal um rancho de mais de meia dúzia de cantoneiros de limpeza, de vassoura na mão, empurrando o lixo dos passeios para as ruas onde um camião aspirador tratava de sugar os detritos. Uma situação caricata quando é sabido que um único cantoneiro munido de um soprador, produzia mais trabalho com menos canseira.

Haja eficiência e boa administração dos recursos e todos beneficiaremos. Digo eu…

Rui Canas Gaspar

2014-março-13

terça-feira, 11 de março de 2014

E porque não termos uma biblioteca no PUA ?

Quando o Inverno se está prestes a despedir em Portugal e bonitos dias de sol como o de hoje vem beijar com os seus raios benfazejos a nossa terra, o belo Parque Urbano de Albarquel rapidamente enche-se de setubalenses que ali acorrem pelos mais variados motivos e com os mais diversos interesses.

Curiosamente, reparo que são cada vez mais as pessoas que para ali vão estudar, ou simplesmente ler um livro, alguns até portam a sua própria cadeira articulada para melhor se instalarem debaixo de uma árvore, virados para o nosso belo Rio Azul.

Hoje veio-me à mente um pensamento. Porque é que não existe no PUA, uma pequena biblioteca onde os utentes pudessem requisitar um livro para ler por ali?

Não era necessária uma grande coleção, algumas dúzias de exemplares provavelmente seriam suficientes, sabendo-se que espaço já lá existe e se for caso disso rapidamente a autarquia poderá colocar um dos contentores/stand de que dispõe. Quanto à pessoa para assegurar este hipotético serviço poderia ser um dos funcionários que já ali prestam serviço ou um dos patrulheiros, se assim as partes o entendessem.

Penso que a ideia não será disparatada de todo e a ser posta em prática não iria fazer qualquer tipo de “concorrência” às bibliotecas já existentes e à grande e já famosa biblioteca a construir. Antes pelo contrário seria mais uma forma de potenciar e estimular o gosto pela leitura.

Rui Canas Gaspar

2014-março-11

domingo, 9 de março de 2014

O Vitória empatou no Bonfim

Há muito tempo que o estádio do Bonfim, em Setúbal, não via tanta gente assistir a um jogo de futebol, com a particularidade da equipa da casa, o Vitória Futebol Clube, ter jogado de igual para igual com o segundo classificado da liga principal, o Sporting Clube de Portugal.

O resultado final saldou-se por um empate com dois golos para o Vitória e outros tantos para o Sporting e diríamos mesmo, outros tantos para o árbitro do encontro, Vasco Santos, do Porto, que igualmente falhou redondamente para os dois lados.

Assim, nesta disputada e equilibrada partida poderemos aplaudir ambas as equipas onde qualquer delas teve oportunidade de se sagrar vendedora do encontro.

Com este resultado os leões marcarão mais um ponto assegurando o segundo lugar na classificação geral, enquanto o ENORME ficará classificado  na 10ª posição.
Rui Canas Gaspar

2014-março-09

sábado, 8 de março de 2014

Caminhada de jovens mórmons pela Arrábida

É sempre agradável usufruir da nossa Serra da Arrábida caminhando ao longo de velhos e degradados trilhos onde a ação das últimas chuvadas deste Inverno, que se despede, deixaram profundas marcas nos solos.

Fios de água, que irão formar pequenos regatos, vem correndo serra abaixo na direção do Sado azul que nesta zona vem juntar-se ao vasto oceano Atlântico, enquanto se podem também observar as lindas flores silvestres que começam a desabrochar, anunciando a Primavera prestes a chegar.

Nestes terrenos barrentos da serra estão bem visíveis as pegadas dos animais selvagens que por ali deambulam e que são alvo da curiosidade dos jovens que nos acompanham e que pela primeira vez têm a oportunidade de passar por estes magníficos locais.

Conjuntamente com o meu amigo Mário Salgado tivemos a oportunidade de conduzir uma caminhada entre a cidade de Setúbal e o Parque de Merendas da Comenda, trilhando os caminhos da serra entre o Forte de S. Filipe e a estrada Municipal que liga a Estrada do Outão com a Nacional 10. A região nascente do Parque Natural da Arrábida.

Visitamos o forte e ficamos a conhecer as defesas da cidade sadina, observando um antigo mapa de Setúbal que nos mostrava as suas muralhas e baluartes, bem como a localização dos fortes seiscentistas. Ainda no Forte de S. Filipe foi-nos facultada a possibilidade de visitar a capela, que também serviu como escola de artilheiros e que viria a ser totalmente revestida com belíssimos painéis de azulejos.

Prosseguindo a caminhada, o grupo visitaria um outro desativado forte, mais recente, construído para defender a entrada do porto de Setúbal aquando dos dois grandes conflitos mundiais. O Forte do Casalinho com os seus paióis e as suas casernas encontra-se dissimulado na paisagem, com uma bem conseguida camuflagem natural.

Depois desta visita e das explicações sobre a sua utilização na defesa da costa, onde servia para apoiar um outro forte junto ao rio, o de Albarquel, o grupo prosseguiu para Casa Abrigo do Monte Cabrito, umas instalações recuperadas pelos Escuteiros do Agrupamento 415 de Setúbal e de onde se pode desfrutar de uma soberba paisagem sobre o Sado, o Atlântico, a Troia e a cordilheira da Arrábida.

A manhã aproximava-se do fim e a partir desse ponto alto o grupo de jovens santos dos últimos dias prosseguiria percorrendo agora por um caminho desgastado pelas águas das chuvas, o qual faz a ligação entre aquela zona e a estrada municipal que liga as estradas do Outão e a Nacional 10.

Impressas no barro podiam-se observar com a grande nitidez as pegadas mais diversas, quer de animais selvagens, quer de ferraduras de cavalos, ou mesmo de rodados de BTT. Por ali, nem mesmo as viaturas todo o terreno já conseguem agora passar.

Quase três horas depois do grupo de jovens mórmons ter saído da sua capela, ponto de encontro, na Avenida General Daniel de Sousa, eis que chegam finalmente ao Parque de Merendas da Comenda.

Neste soalheiro e lindo dia de sol, com o Inverno quase a despedir-se alguns membros da Sociedade de Socorro já os esperavam naquele belo parque de lazer, com a mesa posta, prontos a servirem um delicioso almoço que iria retemperar as energias despendidas nesta caminhada em que o grupo foi guiado por dois velhos chefes escuteiros e onde os rapazes tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais desta linda região da nossa Serra-Mãe.

Rui Canas Gaspar

2014-março-08