Pelas pernas ninguém se constipa
Este sábado 1 de fevereiro de
2014 apresentou-se cinzento, chuvoso e desagradável na cidade de Setúbal.
Caminhando em passo apressado
três jovens escoteiras, levando às costas o seu volumoso equipamento de campo
estão prestes a entrar na Estrada da Rasca, na direção da Arrábida.
Tento falar com elas, mas, sem
pararem dizem-me: “temos pressa, não
temos tempo…”
A chuva fria bate-lhes nos rostos
parcialmente cobertos com os chapéus de abas largas. O mesmo não acontece com
as suas fortes pernas que já vão bem molhadas. Mas, a ser verdade aquilo que
nos dizia o conhecido e sábio Chefe Joaquim Oliveira, quando eu tinha a idade
delas: “pelas pernas ninguém se constipa”. Com este pensamento volto a entrar
no meu automóvel fazendo votos para que isso não lhes suceda.
Uma das jovens de vez em quando
olha para um molhado papel que trás na mão, possivelmente as instruções a
seguir para esta caminhada. Elas não pertencem a nenhuma das 10 Unidades "escOUtistas"
da cidade do Sado. Pelos lenços que trazem ao pescoço penso identifica-las
como membros do Grupo da Associação dos Escoteiros de Portugal sedeado em Fernão
Ferro, lá para os lados do Seixal.
Ontem estive à conversa, no
intervalo do Seminário sobre a Arrábida, realizado em Setúbal, no Fórum
Municipal Luísa Todi, com três dirigentes da A.E.P. tendo um deles partilhado a
informação que este fim de semana o seu Grupo iria acampar para o CEADA, o
Parque de Escutismo existente na Arrábida, propriedade do Corpo Nacional de
Escutas.
Igualmente partilhava a
preocupação com a quantidade de entraves burocráticos que as diversas entidades
públicas têm vindo a colocar à prática de atividades de campo, essência do
método idealizado por Robert Baden-Powell e praticado por muitos milhões de
jovens em todos os países do mundo.
E deve ser para a Arrábida que se
dirigem estas três jovens, debaixo da incomodativa e desagradável chuva. De
facto, elas não têm tempo para conversas, ainda têm pela frente mais uns oito
quilómetros de marcha, sempre a subir.
É assim, com disciplina e
determinação que se fazem adultos responsáveis as raparigas e os rapazes que amanhã terão as melhores
condições para nos governar e, para isso, nada melhor do que o método escutista,
escreva-se ele com U ou com O, para ajudar na formação integral da nossa
juventude.
Cabe aos atuais governantes a
responsabilidade de facilitar a vida às Associações onde militam estes jovens,
orientados por milhares de adultos voluntários e não colocar entraves de ordem
legislativa ao bom funcionamento da Organização.
Se não ajudam, pelo menos não compliquem. Digo eu…
Rui Canas Gaspar
2014-Março-01
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