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sábado, 1 de março de 2014

Pelas pernas ninguém se constipa

Este sábado 1 de fevereiro de 2014 apresentou-se cinzento, chuvoso e desagradável na cidade de Setúbal.
Caminhando em passo apressado três jovens escoteiras, levando às costas o seu volumoso equipamento de campo estão prestes a entrar na Estrada da Rasca, na direção da Arrábida.

Tento falar com elas, mas, sem pararem dizem-me:  “temos pressa, não temos tempo…”

A chuva fria bate-lhes nos rostos parcialmente cobertos com os chapéus de abas largas. O mesmo não acontece com as suas fortes pernas que já vão bem molhadas. Mas, a ser verdade aquilo que nos dizia o conhecido e sábio Chefe Joaquim Oliveira, quando eu tinha a idade delas: “pelas pernas ninguém se constipa”. Com este pensamento volto a entrar no meu automóvel fazendo votos para que isso não lhes suceda.

Uma das jovens de vez em quando olha para um molhado papel que trás na mão, possivelmente as instruções a seguir para esta caminhada. Elas não pertencem a nenhuma das 10 Unidades "escOUtistas"
da cidade do Sado. Pelos lenços que trazem ao pescoço penso identifica-las como membros do Grupo da Associação dos Escoteiros de Portugal sedeado em Fernão Ferro, lá para os lados do Seixal.

Ontem estive à conversa, no intervalo do Seminário sobre a Arrábida, realizado em Setúbal, no Fórum Municipal Luísa Todi, com três dirigentes da A.E.P. tendo um deles partilhado a informação que este fim de semana o seu Grupo iria acampar para o CEADA, o Parque de Escutismo existente na Arrábida, propriedade do Corpo Nacional de Escutas.

Igualmente partilhava a preocupação com a quantidade de entraves burocráticos que as diversas entidades públicas têm vindo a colocar à prática de atividades de campo, essência do método idealizado por Robert Baden-Powell e praticado por muitos milhões de jovens em todos os países do mundo.

E deve ser para a Arrábida que se dirigem estas três jovens, debaixo da incomodativa e desagradável chuva. De facto, elas não têm tempo para conversas, ainda têm pela frente mais uns oito quilómetros de marcha, sempre a subir.

É assim, com disciplina e determinação que se fazem adultos responsáveis as raparigas e os rapazes que amanhã terão as melhores condições para nos governar e, para isso, nada melhor do que o método escutista, escreva-se ele com U ou com O, para ajudar na formação integral da nossa juventude.

Cabe aos atuais governantes a responsabilidade de facilitar a vida às Associações onde militam estes jovens, orientados por milhares de adultos voluntários e não colocar entraves de ordem legislativa ao bom funcionamento da Organização.

Se não ajudam, pelo menos não compliquem. Digo eu…

Rui Canas Gaspar

2014-Março-01

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