Quem foi afinal Jean
Raymond?
No
Bairro do Liceu, em Setúbal, uma placa identifica uma das ruas com o nome de
Tenente Jean Raymond. Uma das muitas ruas que têm nome mas que para o comum dos
cidadãos pouco ou nada lhes diz.
Hoje
temos uma formidável, eficiente e rápida fonte de informação que dá pelo nome
de Google, o maravilhoso motor de busca que é uma espécie de sabe-tudo e, foi a
ele que recorri para perguntar sobre quem foi Jean Raymond.
Curiosamente
o Google de entre mais de uma dezena de páginas com esta referencia apenas numa
delas diz algo sobre a pessoa, enquanto todas as outras se referem à rua com o
nome da mesma. E mesmo a página que foca a pessoa de Jean Raymond é uma pequena
notícia, num blogue, referindo-se ao jornal O SETUBALENSE de 09 de outubro de
1957 que diz o seguinte: “Realizou-se ontem, o funeral do Tenente Jean Raymond”.
Cerca
de uma dezena de anos depois da morte deste militar eu próprio fundei a equipa
Jean Raymond, enquanto caminheiro no Corpo Nacional de Escutas, em Setúbal, sob
a influência do então chefe Francisco Oliveira.
Sobre
o nosso patrono contava-nos aquele dirigente que teria sacrificado a sua vida
para salvar os seus companheiros ao atirar-se para cima de uma granada que ao
explodir o teria vitimado, salvando muitos dos militares que estariam sob o seu
comando. Se esta informação corresponde à verdade ou se se trata de um mito,
desconheço em absoluto.
Dizia-nos
ainda este dirigente que aquele oficial teria sido um jovem escuteiro do Corpo Nacional
de Escutas.
Um
dos seus irmãos, de nome Guy de Raymond, salvo erro, teria mesmo apadrinhado a minha investidura de Caminheiro, nos anos sessenta, conforme
a foto documenta.
Penso
que seria não só interessante, mas sobretudo de grande utilidade informativa e
cultural que em todas as artérias da nossa cidade fosse colocada uma placa com
alguma descrição sobre o nome atribuído a essa via. Desta forma estaríamos a
contribuir para que aquelas pessoas ou acontecimentos fossem mais do que uma mera
indicação geográfica para se tornarem numa referência cultural ou histórica.
Podem
dizer-me que se trata de uma iniciativa dispendiosa, aceito! Mas não é
necessário que se faça tudo ao mesmo tempo e poderíamos começar, por exemplo,
pela zona histórica da cidade e posteriormente avançar para os diversos bairros
circundantes.
Depois
há sempre o recurso ao apadrinhamento por parte de mecenas e certamente que
todos ficaríamos beneficiados se com a indicação da Rua Tenente Jean Raymond
figurasse alguma informação sobre a pessoa, ainda que no final da placa
indicativa houvesse uma referência publicitária com o nome da empresa
patrocinadora.
É
uma ideia que aqui apresento publicamente e que se os nossos autarcas a
entenderem como viável poderão aproveitar para proveito de toda a população
desta nossa cidade e daqueles que nos visitam.
Rui Canas Gaspar
2014-março-14
Jean Marie Filiol de Raymond nasceu em 1927 ou 1928 na Freguesia de Marquês de Pombal, mais tarde designada como Nossa Senhora da Anunciada e atualmente União de Freguesias de Setúbal.
Tenente miliciano Jean Marie Filiol de Raimond
[Ataques fronteiriços, Estado Português da Índia, 1957]
- Medalha de prata de Valor Militar, com palma (a título póstumo)
Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro da Defesa Nacional, e nos termos do artigo 50° do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, condecorar a título póstumo com a Medalha de prata de Valor Mi litar, com palma, o Tenente miliciano de Infantaria Jean Marie Filiol de Raimond, porque, uma vez chegado, na noite de 17 para 18 de Setembro de 1957, junto do Posto frontei¬riço de Anconém, do distrito de Goa, onde se travava um duro combate havia já algumas horas, indiferente ao intenso fogo de armas automáticas e às granadas de mão constantemente lançadas pelos assaltantes, que procuravam dominar a guarnição portuguesa, tomou o comando de uma fracção da patrulha que acompanhara, a fim de, procurar envolver o inimigo por um dos flancos; e por tal maneira se conduziu, indiferente ao perigo e debaixo do fogo do atacante, muito superior em número e na qualidade do armamento, que rapidamente contribuiu para que o agressor levantasse o cerco e se pusesse em fuga para o território donde tinha partido e onde, a coberto da fronteira, não podia mais ser perseguido.
Possuidor de rara coragem moral e grande espírito de decisão, procurando infiltrar-se à frente dos seus homens para atingir duramente o inimigo, só deixou de combater com a maior tenacidade quando, atingido mortalmente pelo fogo adver¬sário, caiu inanimado, depois de ter incitado os seus subordinados ao cumprimento dos seus deveres para com a Pátria que tinha abraçado com o maior ardor desde a infância.
- Portaria de 10 de Dezembro de 1957 (Diário de Governo nº 251 / II Série / 1957)
Informação constante no blogue Phalerae indicado pelo amigo Luigi Licciardello
como Setubalense , fico muito contente que tal como eu existam outros que procuram de alguma forma perceber a cidade onde nasceu e vive,
ResponderEliminarfinalmente ao fim de dezenas de buscas , tenho a resposta á questão: quem foi o Tenente Jean Raymond
obigada
M.Caferra Amaro