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domingo, 14 de março de 2021

 


E que tal mudar a linda e escondida fonte para outro local?

A indústria do turismo é uma poderosa ferramenta de progresso ao dispor das nações porquanto faz desenvolver um vasto conjunto de atividades produtivas que vão da agricultura aos transportes passando pelos serviços, sendo naturalmente fonte de empregos e consequentemente geradora de riqueza e bem-estar dos povos.

Mas para que uma terra seja atrativa para os turistas ela deverá ter algo apelativo e diferente e não aquilo que o forasteiro poderá observar no próprio local onde reside, sejam as paisagens seja a gastronomia ou os seus monumentos.

Setúbal é uma agradável cidade, com uma gastronomia muito apetecível, cercada por uma invejável moldura natural, porém com poucos monumentos ou obras de arte que possa atrair o turismo cultural.

Mas, se já temos pouco ainda por cima somos mal aproveitados. Exemplo do que afirmo é o Forte São Luis Gonzaga, um dos melhores miradouros da cidade, abandonado no meio do mato. O mirante da Quinta da Azeda à espera que caia e, a linda fonte seiscentista escondida atrás do auditório José Afonso.

Se queremos visitantes na nossa cidade mais do que a limpar e embonecar a urbe temos de valorizar o nosso património e, por isso, teremos de não perder o que temos.

Porque não gosto de extremismos e como tal não advogar a hipótese de derrubar o auditório José Afonso, atrevo-me a sugerir a mudança da bonita fonte para a Avenida 22 de Dezembro, frente ao convento de onde a mesma saiu. Quanto ao mirante da Quinta da Azeda que o mesmo fosse recuperado e como tal destapado das lonas publicitárias que o envolvem. Já o Forte S. Luís Gonzaga que se começasse de vez a recuperar esta peça do nosso património militar e histórico, iniciando-se com a desmatação e limpeza do espaço envolvente.

Rui Canas Gaspar

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2021-março-14

quinta-feira, 11 de março de 2021

 


A Escola Conde de Ferreira


A exemplo de algumas dezenas de localidades, sedes de concelho, em Setúbal podemos ainda admirar uma singular e simples construção, localizada a meio do lado norte da Avenida Luísa Todi, nº 357 de onde se destaca um pequeno frontão que lembra um campanário.

Na base deste frontão está inscrita a data de 26 de março de 1866 e sob a porta principal a inscrição “Conde de Ferreira” o benemérito que doou a verba para a sua construção e respetivo equipamento e a quem o ensino público em Portugal muito deve.

A data poderá sugerir o dia em que a escola foi inaugurada, como é comum aparecer em tantos outros edifícios. Mas não, neste caso a mesma aparecia em todas os 91 estabelecimentos escolares, dos 120 que o testamento de Joaquim Ferreira dos Santos, agraciado com o título de Conde de Ferreira, preconizou erigir e lembra a data de falecimento daquele mecenas.

Esta é uma das escolas edificada de acordo com planta única, para evitar custos maiores com elaboração de diferentes projetos, a qual contemplava alojamento para o professor, para além das salas de aulas destinadas a alunos de ambos os sexos e que deveria ser erigida num espaço não inferior a 600 M2 além da área ocupada pelo edifício.

No seu diversificado testamento o Conde de Ferreira escreveu:

“ Convencido de que a instrução pública é um elemento essencial para o bem da Sociedade, quero que os meus testamenteiros mandem construir e mobilar cento e vinte casas para escolas primárias de ambos os sexos nas terras que forem cabeças de concelho sendo todas por uma mesma planta e com acomodações para vivenda do professor, não excedendo o custo de cada casa e mobília a quantia de 1200 reis e pronta que esteja não mandarão construir mais de duas casas em cada cabeça de concelho e preferirão aquelas terras que bem entenderem.”

Depois de terem servido o ensino ao longo de décadas quer sob o regime monárquico quer sobre o republicano alguns destes imóveis ainda cumpriam o fim para que foram edificados.

A escola de Setúbal onde muitos dos nossos conterrâneos aprenderam as primeiras letras e outros se submeteram a exames oficiais está desativada como estabelecimento de ensino.

Rui Canas Gaspar

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2021-março-11

domingo, 7 de março de 2021

 

 



O primeiro secretário-geral do PCP foi um setubalense


Independentemente das simpatias ou filiações partidárias a comemoração de um centenário é sempre motivo para ser devidamente assinalado, tanto mais que se pode afirmar que nos últimos 100 anos não há transformação social, avanços ou conquistas dos trabalhadores e do povo, que não esteja associada direta ou indiretamente à ação, intervenção e luta do PCP , conforme escreveu Paula Santos no jornal EXPRESSO.

O Partido Comunista Português, nasceu em 1921 e entre os seus fundadores encontrava-se um setubalense profissionalmente ligado ás coisas do mar e da indústria conserveira, um homem que viria a tornar-se no primeiro secretário-geral do partido.

José Carlos Rates, nascido em Setúbal no ano de 1879 viria a falecer em 1945. Ele foi um dedicado dirigente sindical, grande propagandista e dinâmico militante  tendo organizado sindicatos quer no continente quer na Madeira, para além de colaborar com artigos de opinião na imprensa operária.

Este dinâmico comunista visitaria também a Rússia revolucionária para ali beber os ensinamentos comunistas de forma a melhor poder exercer a sua ação em território nacional.

A polícia política estava atenta e por isso a sua ação revolucionária valeu-lhe ter sofrido penas de prisão, tendo também sido sentenciado ao degredo para terras de África.

Curiosamente este revolucionário setubalense acabaria por vir a ser expulso do partido que ajudou a fundar, em maio de 1926, aquando do 2º Congresso do PCP alegadamente devido a desvios das diretivas emanadas pela Internacional Comunista.

Em 1931, dez anos depois de ter fundado o Partido Comunista Português o multifacetado setubalense que também foi escritor, fadista e membro da maçonaria passou para o lado oposto da barricada, filiando-se á União Nacional, o partido único salazarista.

Rui Canas Gaspar

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2021-março-07