notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

segunda-feira, 28 de março de 2016

Em Setúbal não pagamos!

Em 2014 terminou o período de 20 anos contratado com a Resopre, empresa que explora em Setúbal os lugares de parqueamento. O contrato foi então renovado ano a ano, até que este ano foi colocada a questão sobre se as receitas camarárias com esta negociação seriam superiores a 100.000 euros.

Ora como havia na Autarquia uma proposta do executivo para renovar por mais um ano o contrato com a empresa, o Executivo confrontado com as dúvidas suscitadas pela bancada do Partido Socialista, optou por retirar a proposta de mais um ajusto direto.

Maria das Dores Meira, presidente da C.M.S. decidiu suspender o pagamento em todos os parquímetros até que o gabinete jurídico da Câmara se pronuncie sobre o assunto, pelo que tal só deverá acontecer bem perto do final do próximo mês de abril deste ano de 2016.

Porém, embora já não se tenha de pagar desde final da passada semana, o facto é que há hora de almoço desta segunda-feira (28), ainda podíamos ver os automobilistas a dirigir-se às máquinas colocando as moedas e retirando os talões respetivos.

Era suposto que a empresa tivesse desativado o sistema de pagamento.

Era suposto a Câmara ter colocado um aviso nesse sentido junto das próprias máquinas.

Mas não, nada foi feito e o comum cidadão continua a pagar.

A questão que agora eu coloco é simples. Se o contrato não está em vigor a Câmara nada recebe, então se os automobilistas continuam a pagar a empresa que desde dia 22 nada deverá pagar  à Câmara terá ainda mais lucro à conta dos desinformados automobilistas.

Afinal, sendo assim quem nos defende?

Eu diria então que o nosso melhor defensor serão aqueles dois irmãos, arrumadores, que costumam estar no parque de estacionamento frente ao Fórum Municipal Luísa Todi, que lá iam informando as pessoas que não deveriam colocar as moedas na máquina.

Mas porque a maior parte delas não acreditasse no que lhes diziam, investiram na compra de um jornal O Setubalense, onde a notícia está em primeira página e de jornal na mão, de forma a dar-lhes mais credibilidade lá iam tentando fazer passar a mensagem.

Mais uma vez, será que não estamos a fazer figuras tristes? Se acham que o sistema de informação ou desativação é assim tão complicado, pois que enfiem um saco de plástico preto, daqueles utilizados para recolha do lixo, nos parquímetros e o assunto estará resolvido.

Só que enquanto não fazem isso há sempre os “patinhos” que vão pagando e alguém estará a beneficiar com mais alguns milhares de euros, e esse alguém não será seguramente as finanças autárquicas.

Rui Canas Gaspar
2016-março-28

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domingo, 27 de março de 2016

Faltavam paredes em Setúbal para afixar tantos cartazes

Num destes dias, a propósito de uma conversa com alguém que tinha de afixar uns cartazes e sentia alguma dificuldade dado que não queria sujar paredes, lembrei-me de quão diferentes eram aqueles anos pós revolução 25 de abril de 1974.

Logo após a revolução a proliferação de informação veiculada pelos cartazes era de tal ordem que as localidades portuguesas debatiam-se com falta de paredes para colar tantos cartazes partidários e pintar tantos murais. Setúbal, naturalmente, não era exceção com enormes áreas urbanas totalmente forradas a papel.

Francisco Lobo, o comunista setubalense que então liderava a Câmara Municipal, viu-se um dia a braços com uma insólita situação.

No dia 1 de julho de 1975, ocorreu um incidente entre a Direção do Coral Luísa Todi e o Partido Socialista, devido ao facto de alguém do Coral ter colocado numa das paredes da cidade, um cartaz onde se anunciava determinado evento a levar a efeito na cidade.

A “gravidade” advinha do facto desse cartaz do Coral Luísa Todi ter sido afixado precisamente em cima de outros que já lá estavam na mesma parede e pertencentes ao Partido Socialista.

A Câmara Municipal, como era corrente na época, foi instada a tomar medidas contra este “atentado à democracia” porque até se constava que a direção da instituição tinha simpatias politicas mais consideradas à direita.

Na sequência deste acontecimento um grupo de elementos ligados à juventude do P.S. irrompeu pelo edifício dos Paços do Concelho, dando murros nas paredes do corredor e gritando na zona onde se encontrava o gabinete da presidência.

O coordenador do Partido Socialista, na altura Francisco Barbeiro, pediu então uma reunião com Francisco Lobo e desse encontro resultou que como forma de acalmar os ânimos a Câmara deveria emitir um comunicado condenando o acto do Coral por atentado à Democracia.

Isso não deve ter agradado à direção do Coral Luísa Todi que também quis ser ouvida, tendo então apresentado como justificação para o seu acto o facto dos cartazes do Partido Socialista se referiam a um acontecimento já passado e à falta de paredes disponíveis na cidade para afixação dos seus cartazes, lamentando o sucedido.

E assim, depois da tempestade política devido à colagem dos cartazes e após os devidos esclarecimentos, a que não foi alheio o comunicado da Câmara, a vida voltou a decorrer de forma calma em Setúbal e os cartazes a serem colados onde houvesse um pouco de parede para tal.

Rui Canas Gaspar
2016-março-27

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sábado, 26 de março de 2016

Os antigos enólogos setubalenses

Em meados dos anos quarenta do século passado a população setubalense rondaria as cinquenta mil pessoas, cerca de metade daquelas que atualmente a cidade comporta.

Porém, as tabernas eram provavelmente em muito maior quantidade do que os cafés que hoje por aqui existem um pouco por todo o lado.

A taberna não era apenas o local onde se ia beber um copo de vinho, mas também o espaço de petisco, de convívio e até “escritório” de pescadores que ali iam acertar as contas da sua “quinzena”.

Alguns desses locais disponibilizavam os fogareiros e o carvão, vendiam o vinho e o pão e os pescadores e os descarregadores de peixe levavam a sua “teca” e ali, sentados à porta, assavam as sardinhas e outros peixes, vindo daí o hábito de se comer bom peixe assado em Setúbal.

Mas, embora o vinho da região fosse afamado desde tempos remotos, o facto é que havia sempre um ou outro taberneiro “chico esperto” que o batizava e uns litros de água colocada dentro do barril, pouco se notando, sobretudo depois do cliente já estar bem bebido.

É claro que há sempre quem não goste de ser ludibriado e havia em Setúbal um pequeno grupo de três ou quatro homens do mar, daqueles que trabalhavam com as redes em terra, que todos os anos transportados numa carroça, lá iam de taberna em taberna provando o vinho novo que lá se iria comercializar e que depois seria publicitado como sendo do melhor que por cá se vendia.

Atendendo às largas dezenas de tabernas que então existiam por estas bandas, dá para pensar se aqueles enólogos ao final do dia ainda conseguiam dar conta do recado.

Foi o meu pai que me contou hoje mais esta faceta da nossa terra e, ao questioná-lo sobre o estado dos homens, o meu pai não teve duvidas ao responder-me que se tratava de homens muito habituados a beber e que aguentavam muito.

Se assim era ou não, não faço ideia, o que me parece é que ao final de um dia de provas o vinho já deveria ser todo muito bom, ou muito mau. Digo eu!...

Rui Canas Gaspar
2016-março-26

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quinta-feira, 24 de março de 2016

A festa de São Luís da Serra
No domingo seguinte à Páscoa, comemora-se a Pascoela e é nessa altura que acontecem os tradicionais festejos junto à capela de São Luís da Serra, implantada num maciço calcário, em pleno Parque Natural da Arrábida, às portas de Setúbal, dando-se assim início aos tradicionais círios e romarias setubalenses.
Daquele local com vista desimpedida para toda a península de Setúbal e vale do Tejo o convívio entre os festeiros é o mesmo que agregou em torno da antiga capelinha os seus antepassados. Porém, a forma e as diversões do século XXI são naturalmente diferentes.
Longe vão os dias das grandes cavalhadas em que os homens montados nos seus burros mostravam a sua destreza e de olhos vendado tentavam, com um varapau, partir uma bilha de barro, pendurado num dos grandes pinheiros mansos.
Passados vão os tempos em que dali partiam, ao final do dia, os felizardos  a quem eram atribuídas gordas galinhas pelo seu desempenho nos jogos populares.
E também longe vão os tempos em que boa parte dos festeiros entravam em Setúbal, pelo Rio da Figueira, trocando as pernas devido à enorme bebedeira e com o corpo cheio de arranhões devido aos trambolhões que davam ao descer a serra, fruto daquele vinho tinto de Palmela que dava volta à cabeça dos romeiros.
Neste aspeto a tradição já não é o que era e hoje o convívio faz-se ao som da música de um qualquer artista popular contratado para o efeito ou de algum rancho folclórico. Para servir o povo está instalado um quiosque que vende bolos, sandes, sumos, cervejas e águas engarrafadas.
Há meio século ainda acorriam àquele lugar, a partir da cidade e das aldeias e vilas envolventes, a pé ou de burro, grandes multidões que levavam os seus farnéis e se dispunham a passar um bom dia de convívio a pretexto de homenagearem o protetor dos rebanhos.
Conta a lenda que certo dia andando um pastor com o seu rebanho de ovelhas deixou tresmalhar os animais.
O dia chegou ao fim, a noite caiu e o rapaz preocupado invocou São Luís da Serra para o ajudar a encontrar os animais perdidas, prometendo-lhe ofertar um fato quando fosse homem.
Pouco depois, escutou o balido das ovelhas e identificando o local onde se encontrava as foi buscar e levou-as em segurança ao redil.
Quanto ao fato que prometeu oferecer a São Luís não se sabe se o teria mandado fazer ao alfaiate ou se ficou por costurar por falta das medidas adequadas.
Rui Canas Gaspar
2016-março-24

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quarta-feira, 23 de março de 2016

Em Azeitão a tradição é para manter

Manda a tradição que na sexta-feira santa os azeitonenses saiam das suas aldeias e se disponham a atravessar a Serra da Arrábida, logo pela manhã, bem cedo, de forma a poderem estar à hora do almoço no Portinho onde deverão saborear uma refeição na agradável companhia dos amigos caminhantes.

Como tudo começou?  Parece que ninguém sabe ao certo.

Uns dizem que já nos remotos tempos dos seus bisavós estes subiam a serra, a pé ou montados numa mula para poderem ir assistir às cerimónias pascais levadas a cabo pelo monges arrábidos no seu convento de Santa Maria, lá na vertente sul, onde o conjunto de pequenas casinhas brancas rodeadas de verdes matagais, olham o deslumbrante mar que se confunde com o céu azul.

Outros defendem que a tradição foi originada para que os moradores locais pudessem palmilhar, pelos sinuosos trilhos da serra, o mesmo caminho  que os frades arrábidos percorriam quando se vinham abastecer de víveres à vila.

E, há ainda aqueles que afirmam que tudo começou com a necessidade dos chefes de família irem abastecer-se do delicioso peixe fresco capturado naquelas águas  pelos pescadores e comercializado no Portinho da Arrábida, neste período de abstinência de carne.

Seja como for, o facto é que a tradição se manteve ao longo dos anos e, curiosamente, ao contrário do que se possa pensar, cada vez são mais aqueles que aderem a esta caminhada, nem sempre fácil de levar a cabo.

Este ano de 2016, adivinha-se que mais uma vez largas centenas de azeitonenses e seus amigos estão na disposição de fazer o atravessamento da serra, partindo normalmente de Vila Nogueira de Azeitão e terminando a caminhada já no Portinho da Arrábida, onde almoçarão.

Há um outro grupo de veteranos conhecedores da serra-mãe que não irão de manhã com os caminhantes. Eles sairão logo na quinta-feira, pela calada da noite e, percorrendo sinuosos e escuros caminhos subirão a Arrábida. Depois, algures, em local seu bem conhecido, montarão acampamento e aí pernoitarão, até que o os raios do Sol matinal rompam por entre a densa vegetação e os acorde.  É nessa altura que se colocarão de novo em marcha até atingirem o seu objetivo: o  Portinho da Arrábida.

São velhos escuteiros pertencentes a Unidades de Setúbal e de Azeitão que já há alguns anos cumprem esta tradição, pretexto de excelente convívio entre pessoas que aprenderam a dar valor e um diferente sentido à fraternidade.

Rui Canas Gaspar
2016-março-23

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terça-feira, 22 de março de 2016

Em Setúbal alguém terá de se explicar

Cinco anos volvidos sobre a aquisição do mais moderno equipamento de proteção e prevenção, no âmbito do Plano Municipal de Intervenção no Centro Histórico de Setúbal, afinal o que é que efetivamente funciona?

No final de 2011 foram instalados no centro histórico 32 armários metálicos, de aço inoxidável, que deveriam conter materiais de primeira intervenção, nomeadamente extintor, mangueira e agulheta, equipamentos de proteção individual, (fatos, luvas e botas) e material de sinalização.

Foi “construído” um heliporto no Parque da Algodeia e instaladas 5 colunas informativas e 21 colunas SOS ponto de encontro, para além de ter sido adquirido outro tipo de equipamento de comunicações, dois botes e uma viatura de combate a incêndios.

Tudo isto orçou em várias centenas de milhares de euros, maioritariamente comparticipados pela União Europeia cabendo à Autarquia setubalense uma verba na ordem dos 200 mil euros.

A primeira vez que tivemos uma situação de emergência e que foi necessário utilizar o “heliporto” o helicóptero do INEM deu voltas e reviravoltas e não  conseguiu aterrar. Se calhar o piloto era um “nabo”…

Ao que parece as sofisticadas colunas informativas, alimentadas por painéis solares não funcionam por falta de dinheiro para a manutenção. É que os painéis armazenam a energia em baterias e estas pelos vistos estão com problemas…

Mas o que me parece mais ridículo é que as dezenas de armários metálicos com equipamento de primeira intervenção, estão vazios…  

Os armários localizados em zonas de difícil acesso a veículos de combate a fogos, estão normalmente implantados junto de novas bocas de incêndio e são dotados de fechadura anticrime.

Para operar este equipamento foram convidados algumas dezenas de cidadãos, entre residentes e comerciantes, que integrariam as equipas das Brigadas de Apoio Local, que supostamente terão recebido formação nas áreas de socorro e proteção em 2012.

Falei com comerciantes, proprietários, moradores e bombeiros e cheguei à brilhante conclusão que as tal B.A.L. apenas existem no papel. Também para nada serviam dado que os armários não tem nada lá dentro.

A questão que se coloca ao comum cidadão é muito simples, será que depois de ter sido investido tanto do nosso tão pouco dinheiro ele foi ou está a ser bem gerido?

Será que Maria das Dores Meira, primeira responsável municipal pelo Serviço de Proteção Civil está a par destas graves anomalias, que enganosamente poderão dar a sensação de segurança à população?

Alguém terá de se explicar sobre este assunto. Digo eu!...

Rui Canas Gaspar
2016-março-22

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segunda-feira, 21 de março de 2016

Setúbal também está na vanguarda da prevenção (alerta de tsunamis)

Quando chegar a hora da ação o tempo da preparação já era, ou por outras palavras mais à moda de Setúbal: “quem vai para o mar avia-se em terra”.

Depois de ocorrer um terramoto idêntico ao de 1755, originar-se-á no mar uma onda gigante, que se prevê venha a ter uns sete metros de altura e que entrando pela cidade chegará até à zona do Parque do Bonfim, destruindo a zona ribeirinha.

Tal já aconteceu aquando do terramoto que destruiu Lisboa e que deixou Setúbal muito mal tratada, destruindo bastantes habitações, matando gente  e fazendo sumir de vez as salinas de Troino, devido ao maremoto que se seguiu ao sismo.

Para tentar evitar ou pelo menos minimizar a perca de vidas, foi instalado, já lá vão cinco anos, um inovador sistema de deteção e aviso de tsunamis um equipamento até então único no país e raro em todo o mundo, segundo então anunciado.

O projeto-piloto foi desenvolvido pelo “Joint Research Centre” da Comissão Europeia, em Itália encontrando-se o painel informativo no Parque Urbano de Albarquel.

O equipamento permite alertar a população em cerca de 20 a 30 segundos depois de detetado o tsunami.

Mas, não se pense que a informação apenas está disponível para quem esteja junto ao P.U.A. é que ela está ligada ao Serviço Municipal de Proteção Civil e ao Instituto de Meteorologia que disponibilizarão os necessários alertas para o público.

Entretanto, convém fazer o “trabalho de casa” ou seja, se estiver em Setúbal, no caso de ocorrer um tremor de terra afaste-se o mais possível da zona ribeirinha e procure locais altos.

Não será má ideia verificar como estão colocados os seus móveis aí em casa e desimpedir passagens.

É avisado que tenha uma mochila de emergência, com um kit 72 horas, ou seja com o estritamente necessário à sua sobrevivência por igual período de tempo.

E já que está a ler este texto na internet, faça umas perguntinhas sobre este assunto ao “Sr. Google” e depois procure agir em conformidade, porque estas coisas não acontecem só aos outros e mal por mal, mais vale prevenir que remediar.

Rui Canas Gaspar
2016-março-21

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domingo, 20 de março de 2016

Os mórmons vão contribuir para uma Setúbal mais bonita

Foi hoje anunciado no decurso das reuniões dominicais levadas a efeito na congregação religiosa designada por Setúbal I (zona poente de Setúbal) o aviso de que foi aprovado pela Câmara Municipal de Setúbal o projeto de construção da nova capela de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, edifício que virá a substituir a moradia adaptada a culto, situada na Avenida General Daniel de Sousa.

Os membros desta Igreja reúnem nesta antiga vivenda desde há 36 anos e antes de a terem adquirido  reuniam-se  numas dependências na Quinta de São Joaquim.

As instalações utilizadas por esta congregação mórmon tornaram-se insuficientes pelo que a Igreja tomou a decisão de avançar com a construção de um bonito edifício religioso a ser implantado num amplo terreno que possui há vários anos, designado por “Quinta da Azedinha”, na Estrada dos Ciprestes, frente à antiga “Central das Águas” entre a última moradia e os armazéns existentes.

Esta decisão de AIJCSUD conjugada com a aprovação camarária vem viabilizar os trabalhos já iniciados naquela zona, porquanto os mórmons cedem à cidade o terreno para a construção de duas avenidas. A que atravessará a várzea entre a dos Ciprestes e os “Pelézinhos” e o espaço onde terminará a avenida já em construção paralela à dos Ciprestes.

Com esta decisão das partes e de acordo com o esboço daquilo que se pretende venha a ser construído, poderemos constatar que a volumetria a erigir pela Igreja será bem menor do que aquilo que a Autarquia preconizava neste esboço, privilegiando os mórmons os espaços verdes envolventes ao seu edifício em detrimento do betão.

Outra particularidade que nos desperta a atenção é que, dado tratar-se da zona terminal das novas avenidas, ali serão construídas duas rotundas e o tráfego complicado que se tem vindo a verificar nos últimos tempos naquela zona diluir-se-á, sendo que a fluidez de trânsito deverá ser assinalável.

Para quem não conhece a zona recomendo o visionamento do projeto, tendo em atenção que o local que me estou a referir e onde a partir do outono irá ser iniciada a construção da nova capela mórmon se situa junto à avenida (diagonal) onde se previa a construção de dois edifícios.

O tempo previsto para a edificação da nova capela será de seis meses, pelo que se tudo correr conforme projetado, quando se iniciar a próxima Primavera iremos encontrar a entrada de Setúbal, para quem vem de Palmela com um novo e agradável visual.

Rui Canas Gaspar
2016-março-20

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sábado, 19 de março de 2016

Quem quer comprar em Setúbal a Casa do Corpo da Guarda?

Ainda o famoso poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage não sonhava vir a este mundo e já naquele espaço onde um dia iria ser erigida uma estátua para perpetuar a sua memória existia a Casa do Corpo da Guarda.

Praça do Sapal era assim a designação do amplo espaço, no centro de Setúbal, que após a colocação da estátua, custeada com dinheiro dos setubalenses e amigos brasileiros, passaria a ter a designação do famoso poeta.

Foi em 1650 que João Nunes da Cunha mandou erigir a Casa do Corpo da Guarda imóvel que viria a sofrer fortes danos com o terramoto de 1755.

D. João V mandou então proceder à remodelação do imóvel tal como o fez em relação ao outro seu vizinho onde funcionava a Câmara Municipal. Esse viria a ser destruído posteriormente por um incêndio e reconstruido graças ao talento do famoso arquiteto Raúl Lino.

A Casa do Corpo da Guarda é um singular edifício de grande beleza e de apenas dois pisos de onde se destacam os arcos de volta abatida. Viria a funcionar como dependência do Distrito de Recrutamento Militar até 1993.

Depois de ter perdido o interesse para os militares o edifício ficou como que abandonado durante uns 15 anos e logo as suas arcadas rapidamente se transformaram em urinol, local de prostituição e onde a droga se consumia e comercializava.

Um dia, alguém teve a feliz ideia de solicitar o uso do imóvel para ali estabelecer o Clube dos Oficiais de Setúbal, pretensão que foi deferida pelo Estado Maior do Exército e o imóvel passou a ter outro uso mais condigno com a sua vetustez.

O povo diz que “o que é bom acaba depressa” e como o “deus dinheiro” cada vez impera mais neste mundo o Estado sem se preocupar com a importância histórica, uso, ou com o significado afetivo para a população setubalense, mais não fez que colocar o imóvel à venda.

E assim o D.R. 2ª série, nº 200, de 13 de outubro de 2015, numa listagem de património militar coloca esta peça única a par de outras disponível para alienação, tal como o faz com o Moinho da Desgraça e outras “desgraceiras” de onde ressaltam os fortes de Albarquel, Outão e Casalinho.

Ora, como a Casa do Corpo da Guarda, pese embora tratar-se de um dos mais antigos e emblemáticos edifícios setubalenses, não está protegido por classificação que o proteja, até pode vir a acontecer que algum McDonalds ainda o venha a adquirir.

Sendo assim, aquele espaço que foi berço de honrados e valorosos defensores da nossa pátria, poderá vir a servir para que os big mac continuem a engordar alguns outros cidadãos, provavelmente menos valorosos.

A Câmara Municipal de Setúbal que tenha atenção a este assunto, para que daqui a algum tempo, não venha a fazer o mesmo que fez em relação ao Palácio da Comenda, vindo a correr atrás do prejuízo, como dizem os nossos irmãos brasileiros.

Rui Canas Gaspar
2016-março-19

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quinta-feira, 17 de março de 2016

Olá Mariana

Mariana, Mariana! Há quanto tempo te não via aqui pelas bandas da Fonte Nova?...

Lembras-te das nossas conversas quando vínhamos aqui buscar água nas nossas bilhas de barro? Eram pesadas, mas nós éramos novas e fortes!...

Este era um dos serviços domésticos que tínhamos diariamente de fazer, enquanto a sirene da fábrica não nos chamava ao trabalho. A parte agradável era aqueles poucos minutos que tagarelávamos enquanto as bilhas se enchiam.

Mariana já reparaste naquele edifício que erigiram nas traseiras da nossa antiquíssima fonte? Que coisa tão esquisita!...

Áh! Mas então que é feito da esfera com um espigão em ferro que encimava este nosso querido fontanário? Sumiu? Pois claro, sumiu mesmo, mas também já poderiam ter colocado ali outro. Até que nem é assim tão caro!...

É pena estares de olhos vendados Mariana! No dia em que tirares essa venda nem vais reconhecer o nosso velho largo da Fonte Nova, está lindo e dentro de dias chega a Primavera e com os dias mais solarengos nem queiras ver a quantidade de gente que vem comer peixe assado debaixo das frondosas árvores.

Talvez não saibas mas as antigas tabernas aqui do nosso largo agora estão transformadas em restaurantes típicos, com grandes esplanadas colocadas à porta.

Mas olha, eu acho que a fonte poderia ficar um pouco melhor se fosse colocado uma réplica daquilo que sumiu e já agora se também fossem colocadas, frente à tua estátua, meia dúzia de bolas de pedra, daquelas como estão para os lados da Praça do Bocage e evitam que os automóveis avancem mais e mais direitos a ti.

É que já vi alguns carros quase em cima de ti e um destes dias ainda és atropelada.

Embora não vejas estas viaturas, devido a estares vendada, olha que eu já as vi, como te disse, mesmo quase em cima de ti. Até me arrepiei!...

Bem amiga Mariana, vou-me embora, temos de nos fazer à vida. Foi bom estar um pouco contigo. Até um destes dias. Bjinhos

Rui Canas Gaspar
2016-março-17

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Os transtornos dos automobilistas setubalenses podem ser minimizados

Sem querer ser “profeta da desgraça” antecipo desde já para os utentes desta via em geral e para os moradores da zona em particular, alguns meses bem complicados, agora que começaram as obras na Avenida Independência das Colónias.

Os transtornos no trânsito certamente que serão maiores do que aqueles causados na Avenida Alexandre Herculano, por dois motivos bem simples, o acesso à Praceta Vitor Vitorino, onde se encontra a entrada da escola do ensino básico e o acesso ao Pavilhão Antoine Velge, sempre muito frequentado, sobretudo ao final do dia.

Sei, como toda a gente, que obras implicam naturais transtornos. Mas, infelizmente também sei que as obras na via pública que têm vindo a ser feitas nos últimos anos em Setúbal não têm respeitado minimamente os automobilistas como todos nós temos constatado.

Neste caso em concreto, uma das primeiras medidas foi suprimir vários dos poucos lugares de parqueamento automóvel, sem que alguém se preocupasse onde as pessoas residentes na zona irão parquear a sua viatura.

Poderia (PODERÁ) o problema  do parqueamento ser minimizado e muito, atendendo a que esta Avenida dispõe de dois excelentes espaços completamente desaproveitados.

Para que o empreiteiro pudesse guardar materiais e parquear as máquinas pesadas poderia celebrar um acordo de ocupação temporária com o Vitória Futebol Clube, ou com a entidade que detém a posse do lote 9 o que seria bom para todos. O espaço está vedado, o Vitória poderia receber alguma contrapartida e haveria espaço disponível no outro inacabado parque.

Refiro-me ao inacabado parque como sendo aquele um pouco mais a sul, onde existia o antigo colégio que foi demolido para naquele amplo espaço dar lugar a um estacionamento que até agora não foi disponibilizado ao público.

Pois bem, este deveria ser o primeiro trabalho a fazer e as viaturas que não pudessem parquear na Avenida poderiam fazê-lo aqui enquanto as obras decorriam. Mas não, é aí nesse amplo espaço que pelos vistos vão parquear máquinas e materiais.

Continuo sem perceber este tipo de mentalidade e muito menos este tipo de programação das obras que se fazem na via pública nesta nossa cidade em total desrespeito pelos direitos dos cidadãos.

Já agora, aproveito para pedir à Câmara Municipal de Setúbal, para de entre os muitos cartazes que manda fazer, ter a delicadeza de mandar executar mais um de forma a poder informar o tipo de intervenção que aqui vai fazer e de preferência que o mande colocar agora e não no final da obra.

Rui Canas Gaspar
2016-março-17

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quarta-feira, 16 de março de 2016

O bonito painel do INATEL necessita de manutenção

O Sol nasceu, o galo cantou e os trabalhadores setubalenses iniciaram a sua labuta diária, parece ser a mensagem que nos transmite Júlio Santos, o artista ceramista que concebeu o belo painel que podemos admirar e se encontra colocado no alçado poente do edifício do INATEL em Setúbal.

Nascida em 1935, em pleno Estado Novo, como Federação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) viria a mudar a sua designação, depois da revolução de 25 de abril de 1974, para Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres (INATEL).

FNAT ou INATEL são siglas de referência para muitos milhares de portugueses e estrangeiros que têm recorrido aos seus serviços ao longo dos anos para usufruir de forma mais económica e com qualidade do termalismo, turismo e lazer dentro e fora de Portugal.

Um pouco por todo o país a FNAT construiu edifícios alguns dos quais constituem referências marcantes na zona onde estão inseridos, tal como acontece em Setúbal, onde entre 1952 e 1954 foi erigido o edifício onde ao longo de décadas viriam a funcionar os seus serviços.

O autor do projeto deste imóvel foi o arquiteto João Simões e a obra foi realizada graças ao apoio da Direção de Urbanização de Setúbal, tendo a primeira fase ficado a cargo da empresa Tradel enquanto os acabamentos ficaram à responsabilidade dos empreiteiros João Cândido da Silva e Henrique Garcia.

Para decorar o exterior do edifício recorreu-se ao ceramista Júlio Zeferino dos Santos nascido em 1906 e falecido em 1969, que concebeu um grande painel cerâmico o qual foi colocado em 1956, num ponto alto do emblemático edifício, na empena virada a poente.

E é esse painel que passadas algumas décadas ainda podemos observar e admirar, embora o mesmo ao longo dos anos tenha sofrido algum desgaste.

Uma intervenção ao nível da manutenção nesta obra de arte é desejável para se evitar males maiores numa peça de rara beleza e simbolismo, atendendo a que se observam aqui e ali algumas mazelas.

Rui Canas Gaspar
2016-março-16
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terça-feira, 15 de março de 2016

Será que Lula da Silva vai mesmo aceitar o convite de Dilma Russeff ?

“Tão ladrão é o que vai roubar a fruta como aquele que fica a vigiar o pomar para ver se vem o guarda” é um conhecido proverbio popular português.

Enquanto hoje conduzia o meu automóvel, num dos noticiários da tarde fiquei a saber, em notícia avançada pela BBC, que o antigo presidente do Brasil, Luíz Inácio Lula da Silva, tinha a probabilidade de 90% de aceitar o convite da presidente, Dilma Rousseff, para se tornar ministro do seu governo.

Já antes, a comunicação social tinha avançado com a notícia sobre essa hipótese, que sempre achei desprovida de qualquer cabimento, porquanto tal nomeação se destinava a garantir ao antigo presidente mais proteção legal face aos crimes de corrupção de que é acusado.

Diz-se por terras lusitanas que “quem não deve não teme” e gostaria de pensar que Lula da Silva estaria a ser alvo de alguma eventual manobra política da oposição e, como tal, nunca iria aceitar semelhante oferta, atendendo a que a mesma mais que não seja apenas iria protelar uma situação cuja tendência natural é para piorar.

Mas não! Pelos vistos parece que assim não irá acontecer e, pelo facto do ex-presidente passar a estar legalmente a salvo da justiça, pelo menos temporariamente, isso não significa que as questões de que é alvo morram ali. É como os empréstimos, não pagas agora, pagas amanhã com juros e se te atrasas no pagamento terás de os liquidar acrescidos de juros de mora.

Não quero, não posso, nem devo julgar o antigo e a atual presidente do Brasil. Mas, para mim, simples cidadão de um país irmão, leigo nestas artes e artimanhas políticas, sou levado a pensar que os brasileiros estão metidos numa "camisa-de-onze-varas”.

Que os honestos cidadãos brasileiros saibam encontrar o melhor caminho para o seu país, tendo em atenção de que mal por mal, mais vale uma má democracia do que uma boa ditadura e, de ditadores, quer Portugal quer o Brasil já têm experiência que chegue.

Rui Canas Gaspar
2016-março-15

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E que tal inserir a pintura exterior do Palácio Botelho Moniz no “Setúbal Mais Bonita”?

Quem passar agora pela Avenida General Daniel de Sousa e parar junto às antigas instalações da SETUBAUTO para melhor poder apreciar aquele que foi o Palácio Botelho Moniz, reparará que tem uma visão mais desafogada sobre aquela enorme e emblemática construção setubalense.

O facto de terem sido podadas algumas das árvores e arbustos no seu interior dão mais desafogo ao espaço permitindo admirar o imóvel construído no início do século passado pelo conceituado mestre Badalinho, às ordens da família Botelho Moniz.

Os Botelho Moniz ocuparam os mais importantes cargos em Setúbal, quer à frente do extinto Governo Civil, quer na Presidência da Câmara Municipal.

Quando era bispo de Setúbal D. Manuel Martins, este convidou as Irmãs de Calcutá para se instalarem nesta cidade. O palácio Botelho Moniz seria então vendido, a preço simbólico, à Paróquia da Anunciada que o viria a disponibilizar àquelas religiosas para ali poderem vir a desenvolver a sua meritória ação a favor dos mais desprotegidos setubalense.

O tempo não perdoa e, quando não se faz a necessária manutenção de qualquer imóvel as coisas tendem a piorar, levando por vezes à ruína de qualquer construção quando a mesma poderia ser perfeitamente evitada se houvesse intervenção atempada.

E manutenção é coisa que pouco tem havido neste emblemático património edificado, conforme se pode constatar ao dar uma simples volta pelo exterior do mesmo.

O corte de algumas árvores e a poda radical noutras permite também que os muros de contenção do outeiro fiquem menos sujeitos à natural pressão das raízes.

Não sei se o trabalho é para continuar ou não e, se será aproveitada a oportunidade para dar um aspeto mais decente àquele que já foi alvo de bilhete-postal como peça emblemática desta cidade.

Sei no entanto, que com um pouco mais de esforço poderia o seu proprietário, a Igreja Católica, mandar reparar o muro sob a “Gruta de Santo António” e aproveitar algumas das milhares de boas-vontades que irão surgir de novo com o programa de voluntariado “Setúbal Mais Bonita” para pintar este alçado o que modificaria para muito melhor o aspeto do imóvel.

Estou em crer que não só o seu proprietário ficaria muito satisfeito com o resultado final, como também os utentes do espaço, os setubalenses em geral e muito, mas muito provavelmente, os vários descendentes da família Botelho Moniz que ali nasceram, cresceram e olham com natural nostalgia e até algum desgosto para aquela emblemática casa.

Rui Canas Gaspar
2016-março-15

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segunda-feira, 14 de março de 2016

Na cidade do rio azul nasceu o “Setúbal Voz”

Um lamentável e infeliz desentendimento entre alguns membros e a direção do Coral Luísa Todi levou à expulsão daquele grupo de um conjunto de oito dos seus coralistas.

A estes cantores que foram expulsos do CLT outros se lhes juntaram e criaram uma nova associação cultural designada por “Setúbal Voz” a qual é presidida por Rui Águas.

E é esta associação que formou um novo grupo coral setubalense batizado por “Setúbal Voz” com uma composição inicial de cerca de três dezenas de coralistas, dirigidos pela maestrina Gisela Sequeira.

Curiosamente o concerto de estreia da nova formação não aconteceu em Setúbal como seria expectável, mas sim em Palmela, no dia 12 de março de 2016, sábado, onde o grupo se apresentou no âmbito das comemorações do 29º aniversário do Coro da Sociedade Filarmónica Humanitária.

O novo conjunto cantou e encantou ao interpretar “Hereux”, de Jacques Brel; “Va Pensiero”, da ópera Nabuco de Giuseppe Verdi, “Três Fados”, com arranjo de Paulo Lourenço de entre outras bem interpretadas peças  musicais.

Em Abril o “Setúbal Voz” atuará pela primeira vez na cidade do rio azul. Entretanto prepara uma programação de concertos de elevado recorte técnico e artístico, de forma a poder levar o bom nome da cidade sadina a vários pontos do país e estrangeiro.

A imagem ilustrativa desta nota mostra-nos o Orfeão Cetóbriga, em 1938, aquele que foi o percursor do Coral Luísa Todi de onde agora saíram os cantores do novo “Setúbal Voz”.

Rui Canas Gaspar
2016-março-14

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