Olá Mariana
Lembras-te
das nossas conversas quando vínhamos aqui buscar água nas nossas bilhas de
barro? Eram pesadas, mas nós éramos novas e fortes!...
Este
era um dos serviços domésticos que tínhamos diariamente de fazer, enquanto a
sirene da fábrica não nos chamava ao trabalho. A parte agradável era aqueles
poucos minutos que tagarelávamos enquanto as bilhas se enchiam.
Mariana
já reparaste naquele edifício que erigiram nas traseiras da nossa antiquíssima fonte?
Que coisa tão esquisita!...
Áh!
Mas então que é feito da esfera com um espigão em ferro que encimava este nosso
querido fontanário? Sumiu? Pois claro, sumiu mesmo, mas também já poderiam ter
colocado ali outro. Até que nem é assim tão caro!...
É
pena estares de olhos vendados Mariana! No dia em que tirares essa venda nem
vais reconhecer o nosso velho largo da Fonte Nova, está lindo e dentro de dias
chega a Primavera e com os dias mais solarengos nem queiras ver a quantidade de
gente que vem comer peixe assado debaixo das frondosas árvores.
Talvez
não saibas mas as antigas tabernas aqui do nosso largo agora estão
transformadas em restaurantes típicos, com grandes esplanadas colocadas à
porta.
Mas
olha, eu acho que a fonte poderia ficar um pouco melhor se fosse colocado uma
réplica daquilo que sumiu e já agora se também fossem colocadas, frente à tua
estátua, meia dúzia de bolas de pedra, daquelas como estão para os lados da
Praça do Bocage e evitam que os automóveis avancem mais e mais direitos a ti.
É
que já vi alguns carros quase em cima de ti e um destes dias ainda és
atropelada.
Embora
não vejas estas viaturas, devido a estares vendada, olha que eu já as vi, como
te disse, mesmo quase em cima de ti. Até me arrepiei!...
Bem
amiga Mariana, vou-me embora, temos de nos fazer à vida. Foi bom estar um pouco
contigo. Até um destes dias. Bjinhos
Rui
Canas Gaspar
2016-março-17
www.troineiro.blogspot.com
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