Os belos e sólidos galeões do sal setubalenses
Das dezenas de antigos Galeões
do Sal que sulcaram as águas do Sado, até à década de setenta do século
passado, quinze destes belos e sólidos barcos ainda se encontram operacionais e,
ao que tudo indica, em boas mãos, agora não transportando o “ouro branco”
oriundo de calmas e azuis águas sadinas, mas dedicando-se geralmente às viagens
de lazer.
Estas antigas embarcações à
vela navegam em distintos pontos da Europa, nomeadamente em França e Inglaterra.
Porém também os podemos observar na Madeira e no Algarve e naturalmente no seu
antigo local de trabalho, ou seja, em Alcácer do Sal e em Setúbal.
No rio que banha a cidade
sadina vamos encontrar o “Pego do Altar” e o “Riquitum”, propriedade de João
Barbas de Oliveira, da Troia Cruise, uma das poucas empresas locais que opera
como marítimo turística e que foi constituída em 1989.
O “Zé Mário” é propriedade da
Reserva Natural do Estuário do Sado.
Este antigo barco de carga, construído
com trinta toneladas de madeira, têm um comprimento de 16,90 m; boca 4,75 m;
pontal 1,14m e foi concebido para o transporte de 35,00 moios, ou seja 29.750
kgs do outrora famoso e muito procurado sal setubalense.
O “Zé Mário”, setubalense de
gema, foi mandado construir em 1944 por Possidónio Tavares no estaleiro de
Chaves & Chaves, Lda. tendo-lhe sido inicialmente colocado o nome de “Angelina
de Jesus” e foi registado no ano seguinte.
Quando em 1963 foi vendido a
José Manuel da Cruz é que passou a ostentar a designação com que ainda hoje o
conhecemos, embora desde então tenha tido mais um proprietário, antes de em
1982 ser adquirido pela Reserva Natural do Estuário do Sado, entidade que
mandou proceder a um profundo trabalho de recuperação nos estaleiros da firma
Jaime Ferreira da Costa & Irmão, Lda. sedeada em Sarilhos Pequenos. Já as
velas e restante aparelho ficou entregue à dupla Brás e José Silva, dos últimos
especialistas em velas para embarcações tradicionais.
Mas, são os barcos da Troia
Cruise, construídos em 1943, aqueles que mais frequentemente vemos a navegar na
nossa “Baía dos Golfinhos” onde nas diferentes rotas que opera geralmente têm a
companhia destes simpáticos animais que não raras vezes vêm desafiar o “Riquitum”
e o “Pego do Altar” para uma prova de velocidade pelas águas do rio azul.
É bom saber que embora a
colónia de roazes residentes no Rio Sado não seja tão abundante como o foi
outrora, ela represente um importante tesouro faunístico, porquanto é uma das
poucas existentes em todo o mundo, daí a natural curiosidade mas também a
necessidade de se proceder com o devido cuidado para a preservar como o fazem normalmente
as empresas que operam no setor.
Agora que nos estamos a
despedir do Inverno e que dias mais agradáveis aí virão não perca a
oportunidade para fazer um passeio numa das mais belas baías do mundo e
aproveitar para observar os simpáticos animais marinhos que Setúbal já adotou
como seu símbolo.
Rui Canas Gaspar
2016-março-junho
www.troineiro.blogspot.com
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