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domingo, 6 de março de 2016

Os belos e sólidos galeões do sal setubalenses

Das dezenas de antigos Galeões do Sal que sulcaram as águas do Sado, até à década de setenta do século passado, quinze destes belos e sólidos barcos ainda se encontram operacionais e, ao que tudo indica, em boas mãos, agora não transportando o “ouro branco” oriundo de calmas e azuis águas sadinas, mas dedicando-se geralmente às viagens de lazer.

Estas antigas embarcações à vela navegam em distintos pontos da Europa, nomeadamente em França e Inglaterra. Porém também os podemos observar na Madeira e no Algarve e naturalmente no seu antigo local de trabalho, ou seja, em Alcácer do Sal e em Setúbal.

No rio que banha a cidade sadina vamos encontrar o “Pego do Altar” e o “Riquitum”, propriedade de João Barbas de Oliveira, da Troia Cruise, uma das poucas empresas locais que opera como marítimo turística e que foi constituída em 1989.

O “Zé Mário” é propriedade da Reserva Natural do Estuário do Sado.

Este antigo barco de carga, construído com trinta toneladas de madeira, têm um comprimento de 16,90 m; boca 4,75 m; pontal 1,14m e foi concebido para o transporte de 35,00 moios, ou seja 29.750 kgs do outrora famoso e muito procurado sal setubalense.

O “Zé Mário”, setubalense de gema, foi mandado construir em 1944 por Possidónio Tavares no estaleiro de Chaves & Chaves, Lda. tendo-lhe sido inicialmente colocado o nome de “Angelina de Jesus” e foi registado no ano seguinte.

Quando em 1963 foi vendido a José Manuel da Cruz é que passou a ostentar a designação com que ainda hoje o conhecemos, embora desde então tenha tido mais um proprietário, antes de em 1982 ser adquirido pela Reserva Natural do Estuário do Sado, entidade que mandou proceder a um profundo trabalho de recuperação nos estaleiros da firma Jaime Ferreira da Costa & Irmão, Lda. sedeada em Sarilhos Pequenos. Já as velas e restante aparelho ficou entregue à dupla Brás e José Silva, dos últimos especialistas em velas para embarcações tradicionais.

Mas, são os barcos da Troia Cruise, construídos em 1943, aqueles que mais frequentemente vemos a navegar na nossa “Baía dos Golfinhos” onde nas diferentes rotas que opera geralmente têm a companhia destes simpáticos animais que não raras vezes vêm desafiar o “Riquitum” e o “Pego do Altar” para uma prova de velocidade pelas águas do rio azul.

É bom saber que embora a colónia de roazes residentes no Rio Sado não seja tão abundante como o foi outrora, ela represente um importante tesouro faunístico, porquanto é uma das poucas existentes em todo o mundo, daí a natural curiosidade mas também a necessidade de se proceder com o devido cuidado para a preservar como o fazem normalmente as empresas que operam no setor.

Agora que nos estamos a despedir do Inverno e que dias mais agradáveis aí virão não perca a oportunidade para fazer um passeio numa das mais belas baías do mundo e aproveitar para observar os simpáticos animais marinhos que Setúbal já adotou como seu símbolo.

Rui Canas Gaspar
2016-março-junho

www.troineiro.blogspot.com

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