notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

“Quando chegar a hora da ação o tempo de preparação já passou”

Ao final da manhã de hoje, 28 de novembro de 2014, ainda se podiam ver dezenas de trabalhadores da Autarquia sadina e muitos sapadores bombeiros a remover toneladas de areias barrentas e lixo arrastado pela corrente desde a estrada de S. Luís, para a estrada dos arcos, na zona do Bairro de Montalvão, estendendo-se a devastação até à Avenida 22 de Dezembro.

Na retaguarda desta frente de trabalho, os Sapadores Bombeiros de Setúbal, com um camião tanque daquela Companhia procediam ao moroso trabalho de lavagem do pavimento.

As zonas habitualmente mais castigadas pelas cheias e que se temia virem a ser afetadas efetivamente não o foram, tendo as águas vindas da Ribeira do Livramento mais as captadas na cidade e canalizadas para a mesma sido escoadas normalmente.

O problema desta vez deu-se, ao que parece, devido a entupimento na zona de entrada do encanamento da ribeira que vindo da Serra de S. Luís passa junto ao Rio da Figueira, daí que a zona do novo McDonalds fosse das primeiras a ser inundada quando ainda não se tinha atingido o pico da chuvada.

Se, de facto, os Serviços da Autarquia responderam com prontidão e em força numa atitude reativa o mesmo não se poderá dizer em relação à prevenção que deixa muito a desejar, e isto não é criticar por criticar, basta perder-se uns minutos e ir “meter a cabeça” nas duas principais linhas de água que vêm sair no centro da cidade, para verificar o seu estado.

Por outro lado, se dermos uma volta pela cidade analisando o estado das sarjetas, compreenderemos ainda melhor o porquê das coisas acontecerem.

Desta vez também não vamos culpabilizar o Sado porque o coitado não teve nada teve a ver com o assunto, porquanto as águas podiam escoar para o mesmo, dado que a maré já estava na vazante.

Há muito que aprendi e tento colocar em prática na minha vida, embora nem sempre o consiga fazer: “Quando chegar a hora da ação o tempo de preparação já passou”. Era bom que outros meus conterrâneos, governados e governantes tentassem fazer o mesmo assim podia ser que se evitassem males maiores.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-28

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Repondo a verdade histórica sobre a Igreja em Setúbal

Ultimamente tenho andado às voltas com a investigação de elementos que me permitam compilar os necessários elementos de forma a poder apresentar algo sobre a história das mais de nove décadas de vida de uma coletividade setubalense, o São Domingos Futebol Clube.

Na busca de elementos históricos, hoje retirei da minha biblioteca o livro da autoria de Francisco Lobo, intitulado História de Setúbal 1974 a 1986, editado em 2008, tendo por objetivo dar uma olhadela e ali tentar encontrar algo para o trabalho que tenho em mãos.

Logo após a revolução de 25 de abril de 1974 era Francisco Lobo Presidente da Câmara Municipal de Setúbal e eu servia como Secretário Regional Financeiro do Corpo Nacional de Escutas. Nesse tempo, chegamos a ter conversações sobre a sede regional adquirida pelo C.N.E., instalações que ele conjuntamente com os mais altos dirigentes escutistas e líderes políticos e religiosos setubalenses haveriam de inaugurar.

Ainda hoje, quando nos cruzamos na rua reconhecemo-nos e cumprimentamo-nos  respeitosamente, até porque o tenho como pessoa de bem.

Ao folhear o livro deparo-me com uma situação deveras surpreendente e atendendo à obra que é, convém que haja o devido esclarecimento para que a História de Setúbal, não fique deturpada, pelo menos neste aspeto.

Na página 153 sob o título A Proliferação das Religiões em Setúbal podemos ler o seguinte:

“Até ao 25 de Abril de 1974 a única religião autorizada no País era a Católica. Depois dessa data surgiram as mais diversas religiões existentes no Mundo, assim como seitas religiosas que foram ganhando alguns adeptos. Tal abertura preocupou os responsáveis pela Igreja Católica, preocupação esta bem evidenciada nos discursos da altura.

Algumas destas seitas têm objetivos fundamentalmente políticos, como os desenvolvidos pelos Mourmons  - Nosso Senhor Jesus Cristo e dos Santos dos Últimos Dias -  cujo seu mentor, um americano, não esconde a finalidade de incluir nos propósitos do movimento o combate ao comunismo em qualquer parte do mundo.

A chegada a Setúbal desta seita verificou-se nas proximidades dos anos oitenta, quando se instalaram numa das vivendas da Avenida General Daniel de Sousa.  Um dia pediram-me uma reunião para se apresentarem. Da conversa havida tomei conhecimento de alguns aspectos da sua formação organizativa.

O trabalho de conversão de fiéis, em cada País, é feito por grupos de jovens provenientes de outros países que procuram atrair adeptos, fundamentalmente, numa auscultação porta-a-porta. A sobrevivência das organização resulta, unicamente, da comparticipação dos fiéis. Tudo isto foi-me dito nessa visita. Tal declaração levou-me a perguntar-lhes quantos fiéis já tinham em Setúbal, ao que me responderam que tinham à volta de 180.

Como é que com tão poucos fiéis conseguiram adquirir uma vivenda luxuosa, andam bem vestidos, e bem alimentados, como parece?, perguntei, acrescentando – se é aquilo que consta, organizações, principalmente dos EUA, que têm como  objetivo o combate ao comunismo, são os grandes suportes financeiros desta religião, não é verdade? Claro que a conversa não foi mais além.”

O texto continua referindo-se aquele antigo Presidente da Câmara, membro do Partido Comunista, a uma outra passagem, desta vez com os membros da fé Bahá’i.

No que se refere à A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cujos membros também são conhecidos por mórmons, devido ao Livro de Mórmon que usam como complemento da Bíblia Sagrada, convém dizer que se trata de uma Igreja restauracionista organizada em 6 de abril de 1830 que só teve autorização para entrar em Portugal após a revolução de 25 de abril de 1974 e que chegou a Setúbal em 27 de agosto de 1978, ocorrendo as primeiras reuniões numa casa existente na Quinta de S. Jerónimo, à saída de Setúbal.

No dia 1 de junho de 1980 a congregação inauguraria as instalações na Avenida General Daniel de Sousa, adquiridas pela Igreja, com fundos próprios, um local onde ainda hoje funciona uma das congregações SUD setubalenses.

De notar que os membros setubalenses (nem todos os filiados portugueses juntos) alguma vez teriam capacidade financeira para adquirir estas e outras instalações, porém a política de aquisições imobiliárias para as congregações espalhadas por todo o mundo é gerida a nível mundial pela sede da Igreja.

Depois, é bom notar que o clima que se vivia em Portugal nesses conturbados anos pós revolução e numa altura de “guerra fria” entre os EUA e a então União Soviética era propícia a este tipo de pensamento por parte da generalidade da população e particularmente pelos filiados no Partido Comunista.

Se os jovens missionários mórmons (oriundos de Portugal e dos mais variados países do mundo) não conseguiram elucidar devidamente o então Presidente da Câmara, fica agora pelo menos esta achega para que a verdade histórica seja reposta.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-11

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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Uma boa iniciativa condenada a morrer à nascença

A ideia já aplicada noutros países até que nem é má de todo, eu próprio também tive oportunidade de a aplaudir, embora discordando do local onde foi implementada e da época do ano em que teve lugar.

Sempre defendi e continuo a estar convencido que uma pequena biblioteca, tipo contentor multiusos que a C.M.S. dispõe, seria o ideal e que a melhor altura para incrementar o programa seria a Primavera e de preferência nos nossos parques urbanos, nomeadamente o P.U.A.

Poucos dias após a implementação dos clips nos bancos da Avenida Luísa Todi, já os mesmos estavam completamente inoperacionais sem que muitos setubalenses alguma vez tivessem dado conta de tal inovação.

Virados, revirados, amolgados, completamente inoperacionais é o seu estado poucos dias após serem colocados nos bancos da avenida Luísa Todi.

Todas as cidades tem muita gente boa e também alguns outros cidadãos que não valem rigorosamente nada, porquanto não sabem nem querem viver em sociedade. Mas o mais grave é que se eles tem esse direito também tem o dever de respeitar as opções dos outros, o que não fazem, daí o vandalismo gratuito que assistimos um pouco por todo o lado.

Sendo assim, a bonita ideia da troca de livros, nos moldes em que foi implementada, não passou disso mesmo, de uma bonita ideia.

Temos de ser práticos e ter a noção real do mundo que nos rodeia e, como tal, implementar ou não, determinadas ações no terreno, sobre pena de estarmos a desperdiçar recursos que não são assim tão abundantes.

Por isso, volto à carga, no sentido de ser implementada uma pequena biblioteca, com ou sem troca de livros, a começar no P.U.A.. E, porque não se trata de um serviço assim tão trabalhoso ou complicado o contentor, armário ou o que se achasse por bem, poderia ficar localizado junto às instalações sanitárias. A pessoa que lá está de serviço poderia fazer a entrega e recolha dos livros, “sem cartões, nem complicações” como anunciado num bem conseguido slogan publicitário.

Não perco a esperança de ver esta iniciativa implementada, porque é sabido da tremenda influencia que um bom livro pode ter na vida de qualquer pessoa, a par do simples e agradável prazer de ler.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-24

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domingo, 23 de novembro de 2014

Memórias do Convento de São Francisco

No dia 15 de dezembro de 1963, alguns moradores acordam sobressaltados, com as primeiras grandes pedras de parte das antigas muralhas que protegiam a cidade de Setúbal, a desabarem sobre o prédio onde residiam, na Rua das Oliveiras, no bairro de Troino.

Eu e o meu amigo Marinho estávamos com 15 anos de idade, ele morava no r/c esq. e eu no dto. E se a porta do meu quarto não ficou bloqueada com os pedregulhos o mesmo não aconteceu com a dele, que foi necessária alguma ajuda para o rapaz dali sair.

Felizmente a queda dos pedregulhos não causou vítimas embora algumas habitações ficassem sem condições de habitabilidade. Os bombeiros chamados a intervir mandaram evacuar de imediato o edifício, temendo novo e maior desmoronamento da muralha, o que de facto veio a suceder nas horas subsequentes.

O Governo Civil de Setúbal apressou-se a socorrer, facilitando o alojamento das famílias afetadas por esta ocorrência. Cedeu então, temporariamente, uma ala do primeiro andar do velho convento de São Francisco até que as mesmas conseguissem com os seus próprios meios arrendar novas casas.

O convento encontrava-se nessa altura a servir de instalações de apoio ao Regimento de Infantaria 11 que o utilizava, sobretudo como paiol e depósito de armamento.

Os Serviços Municipalizados de Água e Eletricidade encarregaram-se de fazer chegar um cabo com energia elétrica até à porta do edifício e foram os próprios moradores que tiveram de fazer o resto do trabalho, ou seja, concluir a instalação elétrica nas zonas comuns e no interior das habitações. Nessa altura o edifício ainda dispunha das condições mínimas de habitabilidade.

Um sargento do exército e sua esposa habitavam em permanência uma casa na ala fronteira, e os soldados frequentemente saiam e entravam naquele quartel (termo porque era conhecido na época) em colunas de camiões, normalmente noturnas.

Uma das dependências do edifício encontrava-se repleta de documentação, enquanto, no andar inferior àquele onde passaram a residir os novos ocupantes armazenava-se diverso material de guerra, armas e munições.

Neste ano de 1963 ainda ali podiam ser vistos alguns cavalos do exército. Constatava-se também a existência, nas cavalariças, de algumas antigas galeras de transporte, bem como diversos apetrechos hípicos usados pelos militares.

As famílias desalojadas ainda estiveram naquelas instalações, do então Ministério do Exército, por um período de cerca de dois anos até que com os seus próprios meios encontraram novas habitações, no vizinho bairro de Troino de onde eram oriundas.

O antigo convento só viria a conhecer nova ocupação após a chegada de refugiados das antigas colónias portuguesas após a revolução de 25 de abril de 1974.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-23

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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Há dias felizes

Robert Baden-Powell sentindo que se aproximava a hora da partida para o eterno acampamento, escreveu uma mensagem destinada aos escu(o)teiros de todo o mundo apelando para que procurassem deixar este mundo um pouco melhor do que o encontraram.

Como velho escuteiro (escuteiro uma vez, escuteiro toda a vida) desde menino que interiorizei aquela mensagem do chefe e tenho procurado nortear a minha vida pelos princípios aprendidos desde rapaz nesse grande Movimento Universal.

É por isso que escrevo o que penso e julgo ser o mais correto, no sentido de que este nosso belo planeta azul possa ficar um pouco melhor, com o meu pequeno contributo, não me movendo por interesses político/partidários, de protagonismo, ou outro que não seja o bem comum.

Posto isto, penso que dará para inferir de quais os interesses que me movem e como tal também para perceber que quando escrevo algo apontando para questões que considero anómalas não significa que estou contra partidos, entidades ou pessoas, mas sim contra situações que estão incorretas, segundo minha opinião.

O início da tarde deste dia 21 de novembro de 2014 encontrou-me deveras satisfeito. Depois de uma manhã a trabalhar fora, quando cheguei à Avenida Independência das Colónias verifiquei que tinham sido desentupidas as sarjetas, com o recurso a uma máquina de alta pressão, uma situação que estranhamente se arrastava há anos e que por coincidência hoje foi resolvida passadas algumas horas de ter sido colocado um texto na net sobre o assunto.

Mais satisfeito fiquei quando encontrei de boa saúde o vizinho que tinha sido atropelado nesta concorrida artéria, ontem à noite, numa altura que chovia e a visibilidade era fraca.

Finalmente, ao passar perto do Largo do Sapalinho, ali junto à Praça de Bocage, reparei que os andaimes tinham sido retirados e a Casa do Benfica, bem pintada, com as cores vermelho e branco dava bem nas vistas e, embora não seja benfiquista não deixo de me congratular com mais um edifício devidamente recuperado que ajuda a dar um melhor aspeto à nossa baixa.

É assim, há dias felizes, como dizia o “pão e uvas” conhecido cauteleiro setubalense. Com coincidências ou não, o resultado final é o que conta, tal como acontece no futebol, em que o que são contabilizadas para efeito de pontuação são as bolas que entram na baliza.

E agora que o Benfica dá mais nas vistas lá no centro da cidade resta-nos gritar o vivó Vitória e vamos lá marcar mais uns pontos, pintando umas passadeiras, tapando alguns buracos e acabando de vez os passeios da rotunda da Avenida Europa.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-11

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Até quando?

Ontem, dia 20 de novembro de 2014, devido à intensidade da chuva que persistentemente caiu em Setúbal foi naturalmente um dia complicado para os peões que se deslocaram sobretudo para as bandas do Estádio do Bonfim.

Mas se as dificuldades são grandes nos locais que se encontram em obras, elas não são menores noutros, como por exemplo na Avenida Independência das Colónias, onde logo ao cair da noite mais um acidente ocorreu, tendo sido atropelado uma pessoa que tentava atravessar aquela artéria vinda do parque de estacionamento fronteiro ao nº 5.

De facto, a ausência de uma passadeira para peões, a chuva a cair, o aumento do tráfego potenciado pela nova rotunda da Avenida da Europa, só pode dar nisto.

A água corre livremente pela avenida quando deveria ter menor intensidade, não fossem os três dos quatro sumidouros existentes entre os nºs 5 e 7 estarem completamente obstruídos, um deles há meses, e os outros dois há anos.

Quem tentasse ontem atravessar a avenida naquela zona ou era atropelado ou levaria um tremendo banho devido à água que não era captada pelas inoperacionais sarjetas e naturalmente sacudida pelas viaturas.

Deste assunto já dei oportunamente conhecimento, à Câmara Municipal de Setúbal, pedindo a sua rápida resolução, sem que a mesma tivesse tomado quaisquer medidas, ignorando-o pura e simplesmente. Vamos lá nós perceber o porquê.

Mas se aqui a situação é grave devido à enorme quantidade de peões e viaturas que se movimentam, sobretudo nas horas de ponta quando os familiares vão levar ou buscar as crianças à escola do ensino básico, ela também não é menor um pouco mais acima junto à nova rotunda da Avenida da Europa.

É que se aquele trabalho foi executado de forma rápida e eficiente, no que se refere aos automobilistas, o mesmo não se poderá dizer em relação aos peões, dado que as peças de pavimento ainda se encontram por colocar e os “passeios” na zona das obras foram abandonados à sua triste sorte. Imagine-se agora a situação das pessoas que têm de transitar por ali nestes dias chuvosos e com a deficiente iluminação no local…

Era bom que os serviços competentes (?) se dignassem mandar alguém, pelo menos, desentupir estas sarjetas antes que venham chuvas mais abundantes e possam ocasionar inundações nas garagens, sendo naturalmente, nesse caso, a C.M.S. responsabilizada pela ocorrência de eventuais prejuízos.

Quanto ao arranjo do passeio e à pintura de uma passadeira para proteger os peões compreendemos a demora na resolução dado tratar-se de um trabalho demasiado dispendioso, pelo que certamente ficará para enquadrar num futuro orçamento municipal. 

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-21

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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Em Setúbal, uns com tanto e outros sem nada

Quanta correspondência indevidamente distribuída por engano, quantas voltas e tempo perdido inutilmente pelas empresas de distribuição devido a confusão com os nomes de algumas artérias da cidade, quando tudo isto seria evitável se os responsáveis locais pelas questões de toponímia adotassem uma política correta na atribuição de designações e não complicassem o que efetivamente é simples.

Quando digo correta estou a pensar naquilo que eu considero incorreto, ou seja, atribuir o nome da mesma personalidade a, por exemplo, três artérias distintas. Estou a lembrar-me de Garcia Peres que em Setúbal dá o nome a uma rua, a um beco e também a um largo.

Não será isto falta de imaginação, quando existem tantos setubalenses que deveriam ser lembrados pelo que de bom fizeram pela sua terra?

Claro que nada tenho contra a figura de Domingos Garcia Peres o médico e deputado que muito fez de bom por Setúbal, no século XIX, mas parece-me francamente exagerado que se atribua o nome da mesma personalidade a mais do que uma artéria na mesma cidade e, este não é caso único.

Por outro lado, é incompreensível que na mesma cidade de Setúbal existam espaços públicos incógnitos, como aquele largo, por exemplo, no Bairro Alves da Silva, onde o conhecido Francisco Finura tinha a sua fábrica/oficina.

Curiosamente, este conhecido setubalense não tem a honra de ver o seu nome figurar numa qualquer placa toponímica vamos lá nós saber porquê…

Será que o homem que salvou mais de uma centena de pessoas de morrer afogadas (contabilizadas oficialmente 31) não é pessoa que mereça reconhecimento público? Isto sem contar com a própria personalidade deste setubalense, reconhecido por muitos dos seus concidadãos.

E será que alguém conhece em Setúbal alguma artéria com o nome de Américo Ribeiro? Provavelmente também não será importante para a Comissão de Toponímia da Autarquia o homem que legou dezenas de milhares de imagens, contando a história de Setúbal de determinada época através da fotografia.

Até neste aspeto parece-me que não há qualquer critério de equidade, atribuindo-se a algumas personalidades que se notabilizaram ao serviço da cidade mais do que uma artéria enquanto para outros que se notabilizaram noutras áreas não é atribuída coisa nenhuma.

É claro que nem sequer vou aqui falar na falta de imaginação que é a substituição de nomes de conhecidas artérias por outros mais ao gosto de quem “manda” nestas coisas…

E para terminar, aqui vos mostro uma ruina urbana, o prédio onde termina a Rua General Daniel de Sousa, também conhecida por Avenida e em cujas imediações podemos encontrar o Bairro honrando aquele Brigadeiro, comandante da Região Militar de Lisboa, que foi promovido a General depois de ter neutralizado uma revolta em 1931, onde morreram sob o seu comando cerca de 40 portugueses.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-20

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terça-feira, 18 de novembro de 2014

O vetusto Largo da Ribeira Velha em Setúbal

O Largo Dr. Francisco Soveral, antigo Largo da Ribeira Velha, é um espaço histórico setubalense que ao longo dos séculos tem sido alvo das mais diversas utilizações sendo que agora se apresenta bem diferente da foto captada em 1979 que aqui vos apresentamos e quando os automóveis ainda por ali podiam circular.

Trata-se de um espaço muito agradável, onde em tempos funcionou um concorrido mercado e onde agora podemos desfrutar de uns momentos de lazer numa das suas esplanadas.

Com a queda brutal do poder de compra, sobretudo entre a classe média portuguesa, a par de outros fatores de pormenor a baixa de Setúbal veio a perder visitantes. Agora, nos próximos meses talvez um pouco mais devido à abertura do Alegro.

Portugal cada vez é mais procurado pelos turistas e Setúbal não foge à regra, com as suas unidades hoteleiras a atingirem percentagens de ocupação muito significativas.

Certamente que os turistas não se deslocarão a Setúbal para ir visitar o Alegro, por muito bonito que se possa apresentar. Espaços como este existem um pouco por todo o lado, como também não virão visitar-nos para ver o miserável estado em que se encontra o Largo de Jesus, espaço fronteiro ao mais importante monumento que aqui temos e, muito menos, para ver edifícios degradados e vandalizados cobertos por nojentas pinturas.

Os turistas virão visitar ainda mais Setúbal quando a sua zona histórica estiver mais atraente, com fachadas devidamente pintadas, Igrejas abertas, edifícios devidamente iluminados, ruas asseadas, policiamento adequado e tudo aquilo que qualquer um de nós pode observar na zona histórica de uma qualquer cidade europeia de média dimensão.

Tenho para mim que Setúbal será a médio prazo um destino turístico muito mais procurado, mas para isso todos e cada um de nós terá de fazer a sua parte, quer passeando de quando em vez pela nossa zona histórica, quer fazendo algumas compras na nossa baixa, quer mesmo falando da nossa terra ressaltando os pontos positivos ao invés dos negativos.

Sei do interesse que existe por parte de alguns investidores de adquirirem edifícios na baixa de Setúbal, julgo saber que um dos maiores que por lá está fechado a breve trecho poderá entrar em obras para ali vir a funcionar uma unidade hoteleira com pastelaria no r/c.

Deixemos passar a euforia “alegriana” e passemos a dedicar um pouco mais de atenção à zona histórica, porque há clientela para tudo e para todos sem que por isso tenhamos de votar ao abandono as nossas raízes.

Tenho para mim que o vetusto Largo da Ribeira Velha será o ponto de partida para o rejuvenescimento da nossa baixa, que provavelmente passará a funcionar noutros moldes, até porque é bom não esquecer que esta “baixa” também no século XIX provavelmente mexeu com a vida de outros comerciantes e artífices que operavam na Rua dos Caldeireiros, dos Sapateiros, dos Ourives, etc. etc.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-18

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As “Sentinas do Velho Choco”

No distante ano de 1933 a Câmara Municipal de Setúbal procedeu à escavação de parte da antiga muralha defensiva da cidade, junto à “Boa Morte” (Av. General Daniel de Sousa) para ali construir umas instalações sanitárias que iriam servir uma vasta camada da população cujas casas, naquela época, não dispunham desta indispensável divisão.

Entre os homens do mar setubalenses era comum naqueles tempos serem colocadas alcunhas e, o guarda dessas instalações sanitárias não escapou a esse enraizado hábito e, por isso mesmo, foi apelidado de “choco”.

WC ou o termo de instalações sanitárias era então pouco usual, sendo mais utilizado o de “sentinas” que tem o mesmo significado de “cloaca”, já utilizado pelos romanos, um espaço a que nós hoje também designamos por “latrina”, “retrete”, privado, etc.

E porque o senhor que guardava e seria o responsável pelas instalações já não devia ser muito jovem, aquele local era conhecido do pessoal de Troino e da Fonte Nova como as “Sentinas do Velho Choco”.

Os anos passaram, as antigas casas modernizaram-se e mesmo aquelas mais antigas sofreram as devidas adaptações de modo a que todas as habitações ficassem dotadas do necessário saneamento básico e fossem equipadas com retrete munidas de pelo menos uma sanita.

Com esta modernização das antigas casas e com a construção das novas as sentinas públicas de que a cidade dispunha foram sendo gradualmente desativadas.

Pouco depois da revolução de 25 de abril de 1974, mais propriamente em 1977 é formado o Grupo Desportivo e Recreativo O Sindicato que viria a ocupar, para sua sede, as desativadas “Sentinas do Velho Choco”, propriedade da Câmara Municipal de Setúbal.

Porque o espaço certamente não seria o mais adequado, o clube mudar-se-ia para instalações mais apropriadas, ficando gravado na parede da muralha em azulejos, não só o símbolo do clube como a sua designação social.

Para evitar o vandalismo a construção foi emparedada e hoje, dia 18 de novembro de 2014 tive oportunidade de estar na sua frente, recordando tempos passados naquela zona da cidade, perto da rua onde nasci e sorrindo ao pensar que o “velho choco” tão cioso da limpeza daquele local não deveria ficar nada contente se pudesse observar o estado miserável em que o mesmo se encontra e que a imagem documenta.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-18

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sábado, 15 de novembro de 2014

O que sabemos nós setubalenses sobre a Rua do Gás?

Quando olhamos para a nossa bonita cidade amplamente iluminada, com as luzes a refletir nas calmas águas da “baía dos golfinhos” não nos passa pela cabeça que em tempos não muito distantes ela era tomada por uma escuridão quase absoluta.

Faz neste ano de 2014, precisamente um século que faleceu o poeta setubalense Paulino de Oliveira a que a edilidade atribuiu no Bairro de Troino o seu nome a uma concorrida artéria daquela tão característica zona.

Numa altura em que a cidade de Setúbal vai substituindo o sistema de iluminação pública tradicional pelo que de mais moderno existe no mundo, a iluminação LED, é bom lembrar que quando Paulino de Oliveira vivia na nossa terra a iluminação era de tal forma forma deficiente que pouco depois de se pôr o sol a localidade mergulhava nas mais profundas trevas.

Nesse tempo algumas, poucas, luminárias a azeite eram colocadas em alguns locais estratégicos da cidade. Porém devido às características das lamparinas, abastecidas com azeite, a sua luz não teria muito tempo de duração, pelo que, poucas horas depois de serem acesas a sua fraca luz extinguir-se-ia.
Alguns anos mais tarde, uma inovação chegaria também a Setúbal, a iluminação a gás.
O jornal “O Curioso de Setúbal” noticiaria no seu editorial datado de 26 de junho de 1858 a novidade acerca da projetada iluminação a gás: “Vamos dar mais um passo no caminho da civilização, vamos gozar de mais uma vantagem, que a indústria do homem inventou para a comodidade da vida e para o aformoseamento das povoações (…)”.

Agora que as principais artérias de Setúbal deixavam de estar às escuras outra realidade se apresentava e o poeta Paulino de Oliveira legou-nos a sua impressão sobre isto mesmo, escrevendo:

(…)
De noite, outro triste aspecto
O gás, muito frouxo, em fila,
Lembra um enterro nocturno,
Em procissão que desfila.
(…)
Os candeeiros, de perto,
Ao vento as luzes tremidas,
Lembram bêbados, aos bordos,
Dizendo pragas sumidas.

Para o fabrico do gás de iluminação foi então construída uma unidade fabril sedeada no local hoje ocupado pelo moderno edifício dos serviços das Águas do Sado, em plena Avenida Luísa Todi.

Desses tempos de escuridão foi-nos legado como memória o nome de uma artéria da cidade, precisamente o nome da rua a poente do referido edifício, onde podemos ler na respetiva placa toponímica: “Rua do Gás”.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-15

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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Um pequeno, simpático e quase centenário clube setubalense

É provável que muitos setubalenses, mesmo os mais antigos, tenham poucas memórias de um pequeno clube desta terra, que em tempos idos teve algum destaque, que dá pelo nome de São Domingos Futebol Clube.

O que acontece é que se trata de uma coletividade fundada no distante ano de 1921 e um dos poucos ainda no ativo que meia dúzia de anos depois, em 1927, faria parte de um conjunto das  treze coletividades que formariam a Associação de Futebol de Setúbal.

Tal como o Vitória e o Comércio e Indústria, o São Domingos também jogava naquele espaço municipal conhecido de muitos antigos setubalenses, como o “Campo dos Arcos” em pé de igualdade com os mais destacados clubes do início dos anos trinta do século passado.

Dessas antigas coletividades chegaram até aos nossos dias o Vitória Futebol Clube, o Grupo Desportivo Setubalense “Os 13”, a União Futebol Comércio e Indústria e naturalmente o São Domingos Futebol Clube, tendo ficado pelo caminho as outras nove.

Presentemente este pequeno clube nascido no velhinho Bairro de São Domingos, tal como Bocage, dispõe de pequenas mas funcionais instalações, sedeadas no jardim do Quebedo de cima, (Praça General Luís Dominguess) propriedade da Câmara Municipal que as cedeu no passado ano de 2013.

Dedicado sobretudo ao futebol jovem, este velho e simpático clube de bairro rejuvenesce agora que se encontra à beira de completar um século de vida para isso tem vindo a contribuir uma dinâmica direção e umas mais adequadas instalações.

Para o São Domingos o nosso apoio, o nosso carinho e a nossa simpatia.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-14

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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Em Setúbal alguém vai ter de pagar um almoço de lagosta

O Centro Comercial Alegro – Setúbal, único shopping a abrir em Portugal após dois anos de interregno, é inaugurado hoje, dia 11 de novembro de 2014, dia em que por todo o país se comemora São Martinho e em que tradicionalmente se prova água-pé e se comem as deliciosas castanhas assadas.

No entanto, parece que há por aí, pelo menos  um amigo do grupo “Coisas de Setúbal” que devido a esta inauguração vai ter um lauto banquete, não das tradicionais sardinhas escorchadas mas de lagosta.

É que como bom setubalense e conhecedor do seu país apostou com outro companheiro que as obras exteriores que envolvem o Alegro não iriam estar prontas aquando da inauguração do centro comercial. De facto assim aconteceu, como o demonstrava a enorme fila de automóveis que entravam pela manhã a passo de caracol na cidade, pela A12, devido ao estrangulamento da inacabada via de acesso junto à nova enorme rotunda.

Na melhor das hipóteses, pelo menos durante um mês não deixaremos de ver máquinas e pessoal a laborar por aquelas bandas, dado que ainda falta muito por acabar ao nível dos arranjos exteriores, com pavimentos por concluir, vias por marcar, espaços por ajardinar e ligações por efetuar.

É claro que para ministro inaugurar, à última hora tentava-se dar um ar mais apresentável aos espaços envolventes, tentando marcar pavimentos inacabados para se poder pintar, enquanto máquinas e operários andavam numa roda viva.

Os convidados VIP chegaram ao novo Alegro – Setúbal, novinho em folha, certamente a cheirar às tintas e vernizes aplicados nas últimas horas enquanto cá fora os trabalhos abrandaram por hoje, para não dar mau aspeto ao ministro sua comitiva e demais convidados. Mas, a partir de amanhã dia em que o povo ali poderá entrar e gastar os parcos euros, eles certamente recomeçarão.

A tradição está aí para se manter e, tal como o São Martinho que este ano até antecipou o seu Verão para que se pudesse avançar com os trabalhos, o facto é que o atraso na obra está patente, como tal, alguém vai ter de pagar um almoço de lagosta e garanto que não serei eu…

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-11

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domingo, 9 de novembro de 2014

O meu amigo Domingos estava com desejo de patê Francisco Finura, mas…

Na Casa da Baía, quando chegou, junto à entrada, umas simpáticas meninas entregaram-lhes como oferta de boas-vindas uma brochura sobre o grande setubalense que foi Francisco Finura e umas latinhas do seu famoso patê de sardinha e de cavala. Estas embalagens são uma autêntica relíquia onde podemos ver gravado no fundo da mesma a data de 1979.

Se lá dentro estivesse patê o mesmo já teria há muito passado o prazo de validade. Ora como o Francisco Finura (filho) tivesse lá pela oficina/fábrica do seu falecido pai algumas destas embalagens sugeri que enchesse umas quantas com areia do Sado, de forma a ofertar a quem se deslocasse à apresentação do livro “SETÚBAL – Gente do Rio Homens do Mar” como pisa papéis, ao mesmo tempo que servia como veículo anunciador da exposição que em breve irá ser apresentada no Museu do Trabalho, em Setúbal.

Quando chegou a casa o meu amigo Domingos, pescador, que tão bem conheceu o nosso “Finuras” mostrou logo à esposa o novo livro do seu amigo Rui, a brochura sobre Francisco Finura e as duas latinhas de patê que ele tanto adorava.

O jantar estava prestes a ser servido e o Domingos de “água na boca” diz para a esposa, a minha amiga Manuela, antiga operária da indústria de conservas, que abrisse a latinha de patê de sardinha como aperitivo.

A Manuela olha bem para a pequena embalagem, toma-lhe o peso, vira-a e repara na data que se encontrava gravada no fundo e diz para o marido: - Olha lá, isto é uma partida do Rui, parece que não o conheces! Isto deve ter é areia, pelo peso… e mesmo que seja patê já não está em condições de ser consumido.
Mas o Domingos estava mesmo desejoso de voltar a saborear o delicioso patê Francisco Finura e tanto insistiu que a Manuela lá foi abrir a latinha que para grande desilusão do Domingos continha mesmo areia, daquela que ele tão bem conhecia.

Aquele malando do Rui!… Não, não, desta vez não foi partida, foi mesmo falta de informação ao Domingos que ainda por cima estava de apetites.

Bem, eu não lhe disse mas o patê Francisco Finura vai ser de novo fabricado, com a mesma fórmula, desta vez pelo seu filho. A embalagem não será igual à pequena latinha distribuída, mas outra feita de material mais apropriado.

E fica desde já prometido ao meu amigo Domingos que lhe oferecerei uma latinha, desta vez sem areia, tão depressa o patê esteja fabricado, o que certamente irá acontecer no decurso da exposição que irá ter lugar entre os dias 29 de novembro de 2014 e 1 de fevereiro de 2015.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-09

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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Entrada na Feira de Santiago vai ser paga?

O jornal O SETUBALENSE de hoje dia 7 de novembro de 2014 trazia na sua primeira página em letras garrafais junto ao rodapé o seguinte título “Câmara pode vir a cobrar entradas na Feira de Sant’Iago”.

Não tenho quaisquer dúvidas que este título ajudou a vender mais alguns jornais, como também não tenho quaisquer dúvidas que o mesmo suscitou de imediato indignação de algumas pessoas tendo por alvo a Câmara Municipal e a pessoa da sua presidente.

Esta é uma das técnicas mais utilizadas para se vender jornais, um bom título, polémico de preferência e, no interior do jornal logo se sabe o que realmente estará em discussão.

O que acontece é que tendo estado a gestão da Feira de Santiago na alçada da Associação Parque Santiago e tendo passado agora para a administração direta da Autarquia verificou-se a necessidade de elaborar um regulamento que oriente o funcionamento daquele evento e, é assim, que nasce a discussão.

Para a presidente da Câmara (CDU) não é expectável que possa haver cobrança no acesso ao recinto da feira nos anos mais próximos, embora outras terras já o façam. No entanto,  defende que este é um pormenor que deve ficar inscrito no regulamento a elaborar, porquanto poderá no futuro (que diz não conhecer…) isso possa vir a suceder, seja no acesso ao recinto ou na entrada a algo que lá se encontre, como por exemplo, um pavilhão multiusos que se possa vir a construir  para apresentação de espetáculos.

Os vereadores do Partido Socialista estão contra este artigo do regulamento, o 33º do Projeto de Regulamento da Feira de Santiago. Mas atenção, isto é apenas um projeto de regulamento e o mesmo será colocado à apreciação por um período de 30 dias devendo as mais diversas entidades pronunciar-se sobre o mesmo.

O executivo CDU já disse que serão tidas em conta as várias sugestões pertinentes de alterações apresentadas pela bancada socialista.

Sendo assim, nem tudo o que parece é, e a Feira de Santiago continuará a ser levada a efeito nas Manteigadas, com entrada gratuita, embora um dia, que não se sabe quando, possa vir a ser alvo de pagamento de ingresso, ou entrando gratuitamente, poderá ter de desembolsar nem que seja 50 cêntimos para assistir a um qualquer concerto num pavilhão multiusos que um dia irá ser construído.

Entretanto, o regulamento fica feito e a hipótese de algum pagamento fica desde já contemplado.

E pronto, pode continuar a dormir descansado, porque ainda não deve ser desta que vai pagar ingresso na Feira de Santiago para ir comer a deliciosa Bolacha Piedade, uma fartura da Luisinha, ou um lombinho do Séninho.

É claro que não vai pagar ingresso mas se for previdente não deixará de adquirir um stick de Previpiq, muito eficaz contra as melgas das Manteigadas mas que não funciona com as da internet.

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-07

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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Coisas de Setúbal

No dia 15 de julho de 1888 as classes laboriosas da cidade de Setúbal sentiam a necessidade de terem apoio na doença e no funeral e por isso alguns dinâmicos conterrâneos decidiram formar a Associação de Socorros Mútuos Setubalense.

Esta associação mutualista tem sabido evoluir ao longo dos seus muitos anos de vida e hoje apresenta-se pujante e renovada, adaptada aos novos tempos e diferentes desafios que se colocam à nossa população.

A ASMS é hoje uma referência na prestação de cuidados de saúde aos seus associados dispensando um vasto leque de serviços médicos de clinica geral e das mais diferentes especialidades, a par de serviços de fisioterapia e enfermagem.

No âmbito do apoio domiciliário a associação dispensa serviços de cuidados de higiene e conforto pessoal, higiene habitacional, alimentação, tratamento de roupa, acompanhamento ao exterior, atividades de lazer e apoio social.

Um posto móvel desta Associação Mutualista foi implantado no Largo da Misericórdia, junto à Cruz Vermelha, com o objetivo de fazer gratuitamente o rastreio cardiovascular à população setubalense e é ali mesmo que poderá também recolher o impresso que lhe permite inscrever-se como sócio, usufruindo de uma campanha mais vantajosa do ponto de vista financeiro.

Apoiar o mutualismo é hoje, tal como em 1888 uma necessidade, embora por motivos diferentes, porque nunca sabemos quando viremos a precisar dos serviços prestados por estas prestimosas associações de solidariedade.

Curiosamente, quatro meses depois de ter sido formada a Associação de Socorros Mútuos Setubalense a nossa terra era atingida por um violento temporal, conforme relatado por um dos jornais locais, o Districto nº 213 de 15 de novembro de 1888.

 “Na madrugada de segunda-feira dia 13 de novembro de 1888, caiu sobre a cidade de Setúbal e seus arrabaldes um terrível ciclone, ao ponto que a chuva era torrencial, inundando ruas, praças e campos e invadindo muitas casas causando aqui muitos graves prejuízos no meio de sustos e clamores em algumas partes onde mais se fizeram sentir a inundação e os estragos.

Muitas ficaram areiadas e cobertas de lodos. O Campo do Bonfim era um completo e vasto lago. As Ruas do Poço, de São Caetano, das Amoreiras de Camões, de Antão Girão, as Travessas das Viçosas, do Peixe, o Largo das Almas, a Praça do Bocage e outras ruas, largos e praças sofreram mais ou menos os efeitos da inundação.”

Rui Canas Gaspar
2014-novembro-06

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