Repondo a verdade histórica sobre a Igreja em Setúbal
Ultimamente tenho andado às
voltas com a investigação de elementos que me permitam compilar os necessários
elementos de forma a poder apresentar algo sobre a história das mais de nove
décadas de vida de uma coletividade setubalense, o São Domingos Futebol Clube.
Na busca de elementos históricos,
hoje retirei da minha biblioteca o livro da autoria de Francisco Lobo,
intitulado História de Setúbal 1974 a 1986, editado em 2008, tendo por objetivo
dar uma olhadela e ali tentar encontrar algo para o trabalho que tenho em mãos.
Logo após a revolução de 25 de
abril de 1974 era Francisco Lobo Presidente da Câmara Municipal de Setúbal e eu
servia como Secretário Regional Financeiro do Corpo Nacional de Escutas. Nesse
tempo, chegamos a ter conversações sobre a sede regional adquirida pelo C.N.E.,
instalações que ele conjuntamente com os mais altos dirigentes escutistas e líderes
políticos e religiosos setubalenses haveriam de inaugurar.
Ainda hoje, quando nos cruzamos
na rua reconhecemo-nos e cumprimentamo-nos respeitosamente, até porque o tenho como
pessoa de bem.
Ao folhear o livro deparo-me com
uma situação deveras surpreendente e atendendo à obra que é, convém que haja o
devido esclarecimento para que a História de Setúbal, não fique deturpada, pelo
menos neste aspeto.
Na página 153 sob o título A
Proliferação das Religiões em Setúbal podemos ler o seguinte:
“Até ao 25 de Abril de 1974 a única religião autorizada no País era a
Católica. Depois dessa data surgiram as mais diversas religiões existentes no
Mundo, assim como seitas religiosas que foram ganhando alguns adeptos. Tal abertura
preocupou os responsáveis pela Igreja Católica, preocupação esta bem
evidenciada nos discursos da altura.
Algumas destas seitas têm objetivos fundamentalmente políticos, como os
desenvolvidos pelos Mourmons - Nosso Senhor
Jesus Cristo e dos Santos dos Últimos Dias - cujo seu mentor, um americano, não esconde a
finalidade de incluir nos propósitos do movimento o combate ao comunismo em
qualquer parte do mundo.
A chegada a Setúbal desta seita verificou-se nas proximidades dos anos
oitenta, quando se instalaram numa das vivendas da Avenida General Daniel de
Sousa. Um dia pediram-me uma reunião
para se apresentarem. Da conversa havida tomei conhecimento de alguns aspectos
da sua formação organizativa.
O trabalho de conversão de fiéis, em cada País, é feito por grupos de
jovens provenientes de outros países que procuram atrair adeptos,
fundamentalmente, numa auscultação porta-a-porta. A sobrevivência das
organização resulta, unicamente, da comparticipação dos fiéis. Tudo isto foi-me
dito nessa visita. Tal declaração levou-me a perguntar-lhes quantos fiéis já
tinham em Setúbal, ao que me responderam que tinham à volta de 180.
Como é que com tão poucos fiéis conseguiram adquirir uma vivenda
luxuosa, andam bem vestidos, e bem alimentados, como parece?, perguntei,
acrescentando – se é aquilo que consta, organizações, principalmente dos EUA,
que têm como objetivo o combate ao
comunismo, são os grandes suportes financeiros desta religião, não é verdade?
Claro que a conversa não foi mais além.”
O texto continua referindo-se
aquele antigo Presidente da Câmara, membro do Partido Comunista, a uma outra
passagem, desta vez com os membros da fé Bahá’i.
No que se refere à A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cujos membros também são conhecidos
por mórmons, devido ao Livro de Mórmon que usam como complemento da Bíblia
Sagrada, convém dizer que se trata de uma Igreja restauracionista organizada em
6 de abril de 1830 que só teve autorização para entrar em Portugal após a
revolução de 25 de abril de 1974 e que chegou a Setúbal em 27 de agosto de
1978, ocorrendo as primeiras reuniões numa casa existente na Quinta de S. Jerónimo,
à saída de Setúbal.
No dia 1 de junho de 1980 a
congregação inauguraria as instalações na Avenida General Daniel de Sousa,
adquiridas pela Igreja, com fundos próprios, um local onde ainda hoje funciona
uma das congregações SUD setubalenses.
De notar que os membros setubalenses
(nem todos os filiados portugueses juntos) alguma vez teriam capacidade
financeira para adquirir estas e outras instalações, porém a política de
aquisições imobiliárias para as congregações espalhadas por todo o mundo é
gerida a nível mundial pela sede da Igreja.
Depois, é bom notar que o clima
que se vivia em Portugal nesses conturbados anos pós revolução e numa altura de
“guerra fria” entre os EUA e a então União Soviética era propícia a este tipo de
pensamento por parte da generalidade da população e particularmente pelos
filiados no Partido Comunista.
Se os jovens missionários mórmons
(oriundos de Portugal e dos mais variados países do mundo) não conseguiram
elucidar devidamente o então Presidente da Câmara, fica agora pelo menos esta
achega para que a verdade histórica seja reposta.
Rui Canas Gaspar
2014-novembro-11
www.troineiro.blogspot.com
Olá.
ResponderEliminarEu sou Bahá'í e sei que nessa época existia em Setúbal um grupo Bahá'í com alguma dinâmica.
Pode contar-me o que diz o livro sobre os Bahá'ís?
Obrigado