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domingo, 2 de fevereiro de 2025



Mas que peixe tão esquisito que havia de aparecer…

Nos anos sessenta do passado século XX a grande frota pesqueira setubalense capturava maioritariamente a sardinha, que era na sua generalidade encaminhada para as dezenas de fábricas conserveiras que laboravam um pouco por toda a cidade.

Os anos setenta nasciam e com eles uma maldição atingia os pescadores sadinos, é que ao invés das suas redes capturarem sardinhas vinham pejadas de pequenos peixes, da família dos cavalos marinhos e a que os setubalenses logo trataram de batizar de “apara-lápis”, embora também sejam conhecidos por “trombeteiros” ou “cornetas” e tenham a designação científica de Macroramphosus scolopax.

Os apara-lápis sem quase nenhum valor comercial era descarregado às toneladas no porto de Setúbal e daí encaminhado para a SADOP, uma unidade industrial sita na periferia da cidade, onde o peixe era transformado em farinha.

Este peixe representou o princípio do fim da indústria de pesca de cerco setubalense e da sua indústria conserveira, a que se juntaram as alterações climáticas, a pesca por meio de arrasto e a falta de alimento para a sardinha, de entre outros aspetos não completamente esclarecidos.

Neste domingo, dia 02 de fevereiro deste ano de 2025, logo pela manhã o meu irmão enviou-me a fotografia do pequeno peixe, uma imagem que ele captou numa banca do nosso Mercado do Livramento e que nos fez recordar tempos bem difíceis, ou não fossemos nós descendentes de velhos e rijos pescadores setubalenses.

Quem nunca ouviu falar em semelhante espécie, sugiro que possa escutar a canção que oportunamente foi criada a propósito desta inusitada invasão das nossas águas costeiras.

https://www.youtube.com/watch?v=prpQDWLuvjg

 

Rui Canas Gaspar

www.troineiro.blogspot.com

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