Cuidado com a cabeça na
passagem do ano
Desde
que estive ao serviço das empresas por onde passei que costumo dedicar boa
parte do tempo deste dia do ano à arrumação e eliminação de material e
documentação de forma a entrar no ano seguinte com a casa em ordem e apta para
nova jornada.
Hoje
não foi exceção e logo pela madrugada foi a vez do E Fatura, o prático e
moderno serviço da Administração Tributária mas que eu não consigo gostar, e
vamos lá nós saber porquê…
A
manhã prosseguiu com outro tipo de eliminação de artigos cá em casa e depois
deste intervalo para descontrair com a escrita seguir-se-á o escritório outra
área, para a qual já me vai faltando a paciência.
Nesta
altura lembro-me sempre, e é esse o tema que gostava de partilhar convosco, de
que este hábito já vem do berço. É que me recordo que desde menino ter ver
minha mãe guardar um prato, ou tacho de barro, que estivesse danificado para
dele se desfazer no último dia do ano.
Naquele
tempo, há mais de meio século, os setubalenses não passavam o ano em alegres e
dispendiosos reveillons, muito menos ficavam a olhar o céu deslumbrando-se com
o inexistente fogo de artifício.
Chegada
a meia-noite e ouvia-se a sirene dos bombeiros e logo os janelas das casas se
abriam de par em par e ouvia-se um tremendo chinfrim de tampas de tachos a
bater uns contra os outros.
Das
mesmas janelas voavam para a rua os tais pratos falhados, ou tachos partidos
que se viriam a desfazer em cacos contra as pedras da calçada, ou perto da
cabeça de algum setubalense que por ali deambulasse ao sabor dos vapores do
álcool.
Era
assim que a generalidade do pessoal de então se divertia na passagem do ano e
esta é uma das memórias que me ficou retida bem como o hábito não de atirar
coisas pela janela, mas na versão atual de ir colocar uns sacos cheios de
tralha ao molock aqui do bairro.
Com
tachos, ou sem eles, com fogo de artifício ou sem ele, desejo-vos um ano de
2017 um pouco melhor do que este 2016 que se despede rapidamente.
Rui Canas Gaspar
2016-dezembro-30
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