notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sábado, 29 de outubro de 2022

 Gosto de observar, de trabalhar, de ler e até de escrever, de entre outras coisas, tendo publicado o primeiro texto no Jornal O SETUBALENSE naquele distante dia 25 de setembro de 1967, um artigo de opinião com o título "Setúbal tem campistas mas não pode fazer campismo".

Porque esta semana estive na gráfica para preparar o mais recente trabalho para impressão e porque iniciei com ele um novo ciclo de ISBN fui fazer um apanhado aos trabalhos já editados ficando surpreendido com o facto de desde 2011 ter editado trabalhos literários todos os anos, conforme lista anexa.
LIVROS EDITADOS
- Portugal – O Farol da Europa 978-989-97315-0-9 (maio 2011)
- África Mórmon 978-989-97315-1-6 (outubro 2011)
- Aventuras de Escuteiro – Contadas por quem as viveu 978-989-97315-2-3 (dezembro 2011)
- Arrábida Desconhecida 978-989-97315-3-0 (junho 2012)
- Barco EVORA – O Velho Senhor do Tejo 978-989-97315-4-7 (dezembro 2012)
- Movidos Pela Fé 978-989-97315-6-1 (dezembro 2013)
- Setúbal – Gente do Rio Homens do Mar 978-989-99046-0-6 (setembro 2014)
- Histórias Coisas e Gentes de Setúbal 978-989-99046-1-3 (outubro 2015)
- Mistérios da Arrábida 978-989-97315-5-4 (junho 2016)
- TROIA – Um Tesouro por Descobrir 978-989-99046-2-0 (novembro 2016)
- SADO 978-989-99046-3-7 (junho 2017)
- A ÚLTIMA FRONTEIRA – Várzea de Setúbal 978-989-99046-4-4 (março 2018)
- Ajudamos a Desenvolver Setúbal 978-989-99046-6-8 (dezembro 2019)
- Palácio Feu Guião – A Fénix Renascida 978-989-53839-0-0 (Novembro 2022)
Coautoria
- Templo Portugal (Janeiro 2020) -Rui Canas Gaspar, António Paramés, José Sá Barros-
Biografias
- Francisco Finura (Outubro 2014)
Monografias
- Preparemo-nos para a Ação ( Outubro 2021)

 Setúbal na História ou histórias de Setúbal ( 244)

Conhecendo um pouco do impulsionador do Convento de Brancanes
O Verão começara há apenas quatro dias e, naquele 25 de junho de 1631 uma senhora de origem irlandesa, esposa de fidalgo e juiz português, transpirava profusamente na sua confortável casa da Vidigueira. Poucos minutos depois, ela estaria a dar à luz uma criança do sexo masculino.
Para que a criança fosse conhecida e diferenciada entre as demais foi-lhe colocado o nome de António da Fonseca Soares. Ela cresceu naquela terra de gente do campo sendo alvo de todos os cuidados próprios da sua condição social.
O rapaz desenvolveu-se, correndo livremente pelos campos e brincando naquela terra alentejana até que um dia seria enviado para a grande cidade a fim de estudar em Évora, no Colégio dos Jesuítas.
Os estudos seriam abruptamente interrompidos, quando António com apenas 18 anos tomou conhecimento do falecimento do pai, tendo então regressado à sua Vidigueira natal.
Não ficou por muito tempo! O país estava em plena Guerra da Restauração, opondo o reino de Portugal à vizinha Espanha e o jovem logo tratou de se alistar no Exército Português onde uma carreira promissora o esperava, não fossem os seus excessos, fruto de um temperamento impetuoso.
O despertar dos sentidos para as questões amorosas e para a poesia levaram-no a envolver-se nas mais diversas discussões e aventuras. Uma dessas acabou por correr mal obrigando-o em 1653 a fugir para o Brasil, quando tinha apenas 22 anos de idade. Ele ferira de morte, em duelo, um adversário.
Depois de ter passado três anos na Baía, o jovem alentejano regressou a Portugal e, embora sem ter alterado o seu modo de vida a leitura de um texto de Frei Luís de Granada despertou-lhe o interesse para os assuntos da fé e de Deus.
Já em terras lusas, quando corria o ano de 1656 António volta de novo a participar naquela interminável guerra que durou 28 anos (1640 a 1668). E, porque se tratava de um jovem de reconhecida coragem e valor, foi em Setúbal que viria a ser promovido à patente de capitão.
Mas, contava ele 31 anos de idade quando em maio de 1662, decide dar uma volta completa à sua vida repleta de aventuras e experiências. Abandonou a carreira militar para se dedicar à vida religiosa, ingressando na Ordem de São Francisco, em Évora.
A partir desse momento o então conceituado capitão António da Fonseca Soares despe o garboso uniforme militar e passa a envergar o hábito simples de frade franciscano, passando a assumir a identidade de Frei António das Chagas, ou Padre António da Fonseca, nomes porque ficaria conhecido entre o povo.
E foi precisamente graças às diligências de Frei António das Chagas, contando com o alto patrocínio do rei D. Pedro II, que no dia 27 de junho de 1682, em Brancanes, a noroeste de Setúbal, a meia encosta de uma pequena colina desta vila de pescadores e salineiros que seria lançada a primeira pedra para a construção do edifício do Seminário para Missionários Apostólicos de Nossa Senhora dos Anjos.
Rui Canas Gaspar