notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

domingo, 27 de abril de 2014

FONTE NOVA
Ainda falta a cereja em cima do bolo

Foi com muita satisfação que verifiquei que uma equipa de trabalhadores estava a levar a cabo obras de melhoramento no antigo fontanário da Praça Machado dos Santos, mais conhecida por “Fonte Nova”.

Aquele importante monumento sadino era já referido desde 1510 e sofreu obras em meados do século XVIII dando-lhe o aspeto neoclássico com que hoje se apresenta.

No século XX foi relegado para segundo plano, quando algum “distraído” autarca autorizou a construção de um “mamarracho” mesmo pegado ao seu alçado posterior retirando-lhe o destaque que naturalmente lhe seria devido.

Como parte das comemorações do 40º aniversário da revolução de 25 de abril a Autarquia decidiu dar nova vida a este belo monumento e, por isso, junto do mesmo houve festa, onde não faltou a música e os discursos da praxe.

A intervenção no monumento decorreu sob a responsabilidade da União de Freguesias de Setúbal e teve como objetivo colocar a jorrar água as duas bicas do fontanário, dando-lhe vida, ainda que a mesma já não seja oriunda do Outeiro da Saúde, mas sim daquela que os setubalenses consomem nas suas habitações, captada em furos hertzianos e distribuída, depois de tratada com cloro, pela empresa Águas do Sado.

Não se pense que se trata de um desperdício e a água corre pelas bicas e escoa-se para o esgoto. Nada disso, ela é paga à empresa fornecedora que para o efeito instalou um contador junto ao fontanário, por isso o precioso líquido circula em circuito fechado, não devendo ser consumido.

Para completar o embelezamento deste vetusto fontanário foram colocados pontos de iluminação LED, de cor azul, embora o sistema esteja dotado de dispositivo que lhe permite mudar de cor se e quando for essa a opção.

Tudo muito bem, tudo muito bonito e quero daqui dar os parabéns aos autarcas que deram vida a um antigo marco da minha e da de muitos meninos que por ali nasceram, cresceram e brincaram.

Mas como não há bela sem senão, foi pena não se ter concluído o trabalho, fosse por desconhecimento, por falta de tempo ou por outro qualquer motivo, o facto é que faltou “a cereja em cima do bolo” ou seja faltou colocar a esfera armilar, em ferro, com o espigão no topo do fontanário.

Não acredito que tenha sido por falta de verba, até porque é um elemento decorativo relativamente barato e fácil de fazer num dos nossos ferreiros setubalenses. Aceito que tenha sido um lapso e que por isso mesmo esse importante pormenor seja corrigido no mais curto espaço de tempo.

Não estou a ver o Presidente Rui Canas ou a Presidente Dores Meira, bem vestidos, esmeradamente penteados, preparados para uma cerimónia que nos represente a nós setubalenses e ao invés de se apresentarem devidamente calçados irem apenas com meias e dedo de fora…

É o mesmo que se passa neste momento com a Fonte Nova, pelo que urge fornecer-lhe os sapatinhos, ou seja o chapéu, ou melhor a necessária peça decorativa que está em falta.

Rui Canas Gaspar


2014-abril-27

terça-feira, 22 de abril de 2014

E assim nasceu o Clube Naval Setubalense

O Clube Naval Setubalense é uma antiga instituição sadina que dentro em breve comemorará o seu centenário.

A página oficial deste antigo clube dá-nos conta de como foi o seu passado e de como vive presentemente este Instituição que tem ajudado nos desportos náuticos tantas gerações de setubalenses.

Vale a pena conhecer um pouco da história dos primeiros anos deste quase centenário clube sedeado junto ao rio azul.

Foi em 6 de maio de 1920, dez anos depois da formação do Vitória Futebol Clube que graças ao entusiasmo do Comandante Afonso O’Neill, Dr. Carlos Botelho Moniz, Tenente Silva Escudeiro, Capitão Cassar, João Teixeira e Virgílio de Sant’Ana se formou este clube sadino direcionado para as atividades náuticas de lazer.

Nos primeiros tempos os pioneiros tinham o Sado para praticar as suas atividades aquáticas porém como não tinham onde reunir conseguiram resolver a situação graças à boa vontade dos bombeiros voluntários que lhes cederam uma sala nas suas instalações.

Perto do Rio Sado, onde hoje se localiza a Praça da República, existia naqueles tempos um barracão pertença da Câmara Municipal e os dirigentes do clube trataram de mover os seus melhores esforços, no sentido da Autarquia lhes ceder aquele espaço, esforço que foi compensado com o deferimento da sua petição.

O entusiasmo dos primeiros tempos era enorme e um ano depois, em 1921, nasce a ideia de se construir um hangar junto ao barracão pelo que os promotores trataram de obter a prévia concordância da Câmara Municipal.

Autorização já havia, faltava-lhes apenas um pequeno pormenor, o dinheiro para a construção!...

Mas, os navalistas estavam mesmo dispostos a levar de vencida o seu projeto e para isso não recorreram a nenhuma ação naval, preferiram fazê-la em terra, organizando uma vacada na Praça de Touros Carlos Relvas. Um espetáculo cuja receita angariada lhes permitiu fazer face às primeiras despesas do Hangar.

Naquele ano a satisfação foi bem mais completa porquanto lhes foi dado conhecimento que no dia 13 de agosto o Ministro da Marinha tinha aprovado os Estatutos do Clube.

Em 1922 como parte integrante das comemorações do aniversário do Naval, de novo os seus sócios e demais amigos voltam à Praça de Touros Carlos Relvas, desta vez não para uma vacada, mas para espetáculo mais a sério, uma tourada! De novo a receita de bilheteira, agora mais substancial, reverte a favor da construção da fase final do hangar.

Quatro anos depois do seu nascimento e o Clube Naval Setubalense já era uma entidade reconhecida e respeitada sendo então anfitriã do Campeonato Nacional de Remo, evento que contou com o decisivo apoio da Câmara Municipal. Este acontecimento desportivo foi de tal forma importante que contou com a presença do próprio Presidente da República de Portugal.

Rui Canas Gaspar

2014-abril-22

domingo, 20 de abril de 2014

Capela do Senhor do Bonfim

Quando era criança, deveria ter entre uns quatro ou cinco anos, tomei o meu primeiro contacto com a religião cristã pela mão de meus pais, que por diversas vezes me levaram a acompanha-los à Capela do Senhor do Bonfim.

Já no seu interior, subia por uma escada existente nas traseiras do altar, para ir beijar o pé da imagem da Cristo, após o que colocava uma moeda na caixa das esmolas aí existente que minha mãe retirava da sua mala de mão e me entregava para ser eu a depositar.

Esta era uma forma de meus pais agradecerem a graça concedida pela proteção dispensada e pela pesca conseguida, que nos trazia alimento e agasalho, naqueles tempos difíceis.

Lembro-me de numa dependência lateral, creio que anexa à sacristia, existirem os mais variados ex-voto com bonitas pinturas naif, reproduções de barcos e figuras de partes do corpo esculpidas em cera. Tratava-se de manifestações de agradecimento pelas mais diversas graças concedidas aos fieis devotos do Senhor do Bonfim.

E foi para rever estas minhas antigas memórias que um dia passando à porta daquela capela ali entrei e tudo observei. Mas, na sala onde se encontrariam os tais ex-voto nada relacionado com isso lá estava, já há vários anos…

Procurei obter alguma explicação para tal situação, mas o que consegui saber foi muito vago e fiquei com a impressão de que tudo aquilo que representava a fé de muitas pessoas, que por essa mesma fé, viram ser-lhes concedidas as mais diversas graças, teria ido parar ao lixo na totalidade ou a casa de alguém no que se referia a peças mais duradouras e que poderiam servir de decoração.

Em Setúbal, não é a primeira vez, nem a segunda, nem sequer a terceira que tenho conhecimento de situações idênticas da perca do mais variado património religioso e correlacionado, porque algum mais zeloso “responsável” decide levar a cabo uma ação de modernização e limpeza de instalações das quais não é dono, mas sim simples “mordomo”.

E foi nessa minha incursão, já lá vão meia dúzia de anos, por este local de gratas memórias não só da minha meninice mas também local onde quando jovem foi celebrado o meu casamento que fotografei o interior da Capela e montei em jeito de foto-reportagem, que disponibilizei no popular YouTube e que ainda hoje desperta a curiosidade e o interesse de várias pessoas devotas ou não do Senhor do Bonfim.

http://youtu.be/LLm7qpcWs5g

Rui Canas Gaspar

2014-abril-20

sábado, 19 de abril de 2014

Foi a 19 de abril…

No dia 14 de abril de 1858, a Câmara Municipal, presidida por Aníbal Alvares da Silva dirige ao rei a petição no sentido deste poder elevar a vila de Setúbal à categoria de cidade argumentando o seguinte: “Setúbal, conhecida por toda a parte do mundo pela extensão do seu comércio de sal, laranja, cortiça e cereais (…) recebendo no seu magnífico porto o preito que lhe pagam as principais nações do Mundo, cujos estandartes ali flutuam atraídos pela excelência dos seus géneros e produtos da sua indústria (…) pede a Vossa Majestade a graça de elevar esta muito notável vila à categoria de cidade”.

O tempo passou e, no primaveril dia 19 de abril de 1860, o jovem Pedro de Alcântara Maria Fernando Miguel Rafael Gonzaga Xavier João António Leopoldo Victor Francisco de Assis Júlio Amélio de Saxe-Coburgo-Gotha e Bragança, mais conhecido entre os comuns mortais por D. Pedro V, a quem alguns portugueses resolveram cognomizar de “O esperançoso”, do alto dos seus 22 aninhos, defensor acérrimo da abolição da escravatura, elevava a então “ notável villa” de Setúbal à categoria de cidade tendo mandado despachar o decreto-lei, do qual se salienta a seguinte passagem:

 “Tendo em muito apreço os constantes testemunhos que os seus habitantes têm dado de nobre dedicação ao trono e às instituições constitucionais da monarquia: hei por bem, anuindo à representação da câmara municipal de Setúbal; e me apraz que nesta qualidade goze de todas as prerrogativas, liberdades e franquezas que direitamente lhe pertencerem (…)”.

Eram passados apenas 88 anos sobre esta importante efeméride, quando uma senhora conhecida entre os setubalenses de então pelo nome de Esguita, era chamada para assistir no Bairro de Troino a uma jovem de vinte aninhos que se contorcia com as dores do parto.

E tal como na generalidade das situações por aquelas bandas, sem cartões nem complicações, não nascia um menino, porque isso era privilégio de senhoras ricas, mas sim um moço, que começou logo por ser alvo de discussão entre a progenitora e aquele a quem convidara para padrinho, um cavalheiro de nome Primo.

Ora como a jovem entendia que Primo não deveria ser nome de gente e o Primo que não gostava do seu nome entendia que o seu afilhado deveria também ser Primo, logo acabou por ser descartado e outro padrinho rapidamente o substituiu.

E foi assim que no natalício dia 19 de abril, quando Setúbal comemorava o seu 88º aniversário de elevação a cidade, nasceria nesta terra, de Bocage, Luisa Todi e do Primo, mais um outro setubalense, a quem decidiram finalmente colocar não um tão extenso nome como o daquele menino que nasceu nobre, mas sim um bem mais pequeno, à medida da sua qualidade plebeia, embora para a sua avozinha ele fosse o seu Rei da China, do Japão, e de tantas outras estranhas terras que o bebé Rui um dia provavelmente iria conhecer...

Rui Canas Gaspar

2014-abril-19

quinta-feira, 17 de abril de 2014


É necessário reativar o Balneário Dr. Paula Borba

Localizado na Rua Balneário Dr. Paula Borba, frente à capela de Nossa Senhora dos Anjos, Ordem Terceira de S. Francisco, em cujas instalações funciona o Agrupamento 62 do Corpo Nacional de Escutas, encontra-se o edifício do desativado Balneário Dr. Paula Borba.

Este antigo e funcional balneário, inaugurado em 20 de maio de 1926, chegou a ser considerado pelo autor do projeto, Eng. Carlos Manitto Torres como “o melhor balneário do país” instalações que na altura da sua inauguração não encontravam paralelo, excetuando as existentes nas termas e nos hospitais da Universidade de Coimbra e de Santo António, no Porto, embora menos modernas e equilibradas.

Não foi fácil instalar esta unidade em Setúbal. O dinheiro proveio das mais diversas fontes de financiamento, começando por uma subscrição pública entre os habitantes da cidade tendo como objetivo fazer um monumento ao grande benemérito Dr. Paula Borba, que não aceitou a homenagem e sugeriu que esse dinheiro fosse aplicado num balneário a instalar no Hospital da Misericórdia.

Em Setembro de 1917 teve inicio o processo de construção liderado pelo Dr. Francisco Paula Borba, diretor-presidente da Associação de Beneficência da Misericórdia de Setúbal.

Uma Comissão foi constituída e uma subscrição pública foi lançada tendo como objetivo conseguir a verba necessária. O dinheiro não abundava e o empreendimento levaria quase uma década até ver a água correr nas suas modernas cabines de duche.

Anos mais tarde as instalações encerraram por um período de tempo necessário a trabalhos de substituição de peças e materiais, melhoramentos de equipamentos e modernização, voltando a reabrir em 1960, “agora em condições que representam um notável melhoramento para a cidade” conforme noticiado pelo jornal O SETUBALENSE de 7 de maio.

O equipamento que tinha como objetivo a higiene da população,  bem como a dinamização de tratamentos hidroterápicos, viria a ter bastantes utilizadores ao longo dos anos, não só setubalenses como também daqueles estrangeiros, homens do mar, que aqui aportavam nos seus barcos vindos sobretudo do norte da Europa.

Nos anos sessenta do século passado, eram ainda muitas as habitações em Setúbal que não dispunham de instalações sanitárias e os banhos eram geralmente tomados semanalmente de forma precária, na cozinha das pequenas habitações, recorrendo-se a uma grande bacia de esmalte ou chapa zincada.   

Foi nessa época que conheci o balneário e a ele comecei a recorrer frequentemente, lembrando-me bem o quão era agradável aqueles deliciosos banhos de chuveiro, com água quente, um prazer que não podia desfrutar nas casas onde a família habitou até à minha chegada da guerra de África.

Presentemente a generalidade das casas, mesmo as mais antigas, dispõem de espaço próprio para banho, embora outros novos problemas se levantem à cidade, que entretanto conheceu um grande crescimento populacional.

Pessoas sem-abrigo, turistas de mochila às costas, setubalenses carenciados que vivem em quartos com acesso restrito a banhos estão na linha da frente, a par de outros que dispondo dessas condições poderiam gostar de usufruir de outro tipo de serviços que um moderno balneário poderia prestar como por exemplo as cabines de sauna, hidroterapia, etc.

Com uma população residente na ordem das cento e vinte mil pessoas, a cidade necessita de alguns serviços de apoio e este é seguramente um deles.
Até pelo facto de já existirem as necessárias infraestruturas edificadas, em minha opinião, deveria colocar-se de novo a funcionar o balneário público setubalense, encerrado já há alguns anos.

Este não será assim um investimento tão dispendioso perante a mais-valia que isto representa em termos de saúde pública e oportunidade temporal, considerando por isso mesmo que se trata de um bem necessário e urgente.

Rui Canas Gaspar

2014-abril-17
Um mau negócio para todos

Há anos atrás costumava correr no mundo dos negócios uma frase, que de certo modo servia de guia entre negociantes, dizia-se então que: “negócio que não fosse bom para as duas partes não era negócio”. Ou seja, se duas pessoas negociavam algo, ambas teriam de ficar satisfeitas com o que teriam acordado, sem que um ficasse a ganhar e o outro se sentisse perdedor.

Embora não seja este propriamente o caso, atendendo a que não houve negócio algum entre duas partes, a situação reveste-se porém de alguns contornos parecidos, o que me leva a concluir que aqui não só não existiu um bom negócio, mas sim uma péssima situação para todas as partes envolvidas direta e indiretamente.



Fruto de contencioso os barcos da Transado e suas instalações foram parar, há cerca de uma dezena de anos, à posse da APSS. A administração da Transado recorreu judicialmente, o caso arrasta-se há anos pelo tribunal e a APSS que pouco tempo passado e, com a entrada ao serviço dos novos barcos da Atlantic Ferries acabou por recolher os antigos fery-boats e os convencionais que faziam o trajeto entre Setúbal e Troia aos seus ancoradouros, lá para as bandas da Mitrena.

As embarcações encontram-se à responsabilidade da APSS, que como se costuma dizer, ficou com a criança nos braços e, com o passar do tempo têm vindo a ser alvo de acentuada degradação natural bem como daquela motivada pela intervenção humana, sem este entidade possa alienar aquele património porquanto o assunto pendente em Tribunal ainda não transitou em julgado.

Entretanto, o novo operador dos transportes fluviais entre Setúbal e Troia e vice-versa, segundo informações que correm na cidade, não está com resultados operacionais favoráveis, fruto do elevado valor investido na aquisição das novas embarcações e na acentuada diminuição de pessoas e veículos transportados. Ora estes resultados seriam bem diferentes se tivesse optado pela aquisição dos antigos barcos em vez de investir nos novos.

Não vale a pena entrar em grandes pormenores, sendo que muita informação sobre este assunto encontra-se disponível publicamente. Porém, para o comum cidadão é fácil concluir que este é um daqueles casos em que mais valia ter havido um mau acordo que uma boa sentença.

Sentença que ainda não foi proferida devido à lentidão da Justiça Portuguesa, mas que faz com que uma frota de barcos fluviais no valor de alguns milhões de euros fique a apodrecer no Sado, ocupando espaço físico que seguramente poderia ser utilizado de forma mais produtiva e que quando for proferida certamente ninguém irá aproveitar porque os barcos, se ainda existirem, estão prontos para serem vendidos ao quilo, como sucata.


Rui Canas Gaspar

2014-abril-16

terça-feira, 15 de abril de 2014


COISAS DE SETÚBAL o mais completo grupo de naturais e amigos da cidade e região do Rio Azul.
Se ainda não é membro deste dinâmico grupo convidamo-lo 
a pedir já a sua adesão.
A fábrica de conservas do gargalo

A fábrica de conservas do Gargalo foi uma das mais importantes unidades fabris sedeadas em Setúbal.
As suas instalações no interior do baluarte do Livramento, junto à doca do Clube Naval Setubalense, encontram-se vandalizadas e com muito lixo a exemplo da fábrica dos "Espanhóis do Bonfim" e de tantas outras importantes unidades produtivas que laboraram em terras setubalenses.
Que bom seria vermos a nossa cidade ser dotada de uma nova marina e em substituição de todo este degradado património que ali pudéssemos observar uma moderna, limpa e funcional zona comercial e de apoio às atividades náuticas de desporto e lazer.

Rui Canas Gaspar
2014-abril-15


domingo, 13 de abril de 2014

O elefante branco

De branco tem a cor dos edifícios construídos, de elefante não tem a inteligência desse animal, mas sim a  monstruosidade da asneira e do desbaratar dos dinheiros de todos nós a que se poderá acrescentar a brutalidade de encargos diários para manter a estrutura entretanto construida.

Estou a falar das instalações inacabadas destinadas à Casa Pia de Lisboa para acolher algumas centenas de jovens em recém-construídos edifícios numa propriedade anexa ao convento de S. Francisco, bem à saída de Setúbal a caminho do Forte de S. Filipe.

Em 6 de março de 2000 a comunicação social anunciou o início da construção do mega projeto social financiado pelo PIDDAC, uma obra orçada em dois milhões de contos (cerca de dez milhões de euros) dos quais seriam de imediato desembolsados 800 mil contos para as obras de construção do Colégio da Casa Pia.

Seriam edificados sete blocos de edifícios que receberiam cinco lares de alunos internos. No local seria também construida uma escola de ensino profissional e um espaço de ensino pré-primário e infantil. Proceder-se-ia à recuperação do velho convento e tudo seria alindado com a construção de zonas verdes e de lazer a que não faltaria uma piscina coberta.

Dispendiosos muros de contenção de terras foram levantados, foi erguida uma enorme e altíssima vedação em torno do amplo espaço, instalado todo o sistema de saneamento e construíram-se cinco dos sete edifícios previstos.

E quando tudo parecia estar prestes a concretizar-se e os jovens casa-pianos a terem um novo lar eis que a Provedora da Casa Pia diz que o espaço se encontra afastado do tecido social e urbano e que contraria as orientações técnico pedagógicas e como tal as instalações não servem para aquele organismo.

As obras pararam sem que fosse concluído o projeto e já depois de ali terem sido gastos milhões de euros do erário público, passados tantos anos assim continuam a consumir os parcos recursos do povo português, devido à necessária manutenção do espaço.

O “elefante branco” é colocado à venda, mas como este é um tipo de carne que não se consome cá pelas nossas bandas, ninguém pegou nele. De dia para dia a propriedade continua a desvalorizar, sem que os “competentes” gestores financeiros lhe deem um outro diferente destino, que não seja acabarem por a vender ao preço da uva mijona.

Quanto aos “responsáveis” pela originalidade de um projeto que não servia para o fim em vista isso nem se fala.

Infelizmente em Portugal a culpa costuma morrer solteira quando falamos de pesos pesados, sejam eles elefantes ou gorilas, é claro que se falássemos de franganitos há muito que já teriam sido mortos, esfolados e consumidos.

Pobre povo que se encontra à mercê deste tipo  de incompetentes palradores  que se dão ao luxo de fazer destas absurdas barbaridades sem serem alvo de quaisquer consequências.

Rui Canas Gaspar

2014-abril-13

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A água pura e cristalina da nossa terra

Como em séculos passados hoje a água corria com força, fresca e cristalina pelos escuros tuneis da Arca d’Água de Alferrara, seguindo o mesmo percurso com que durante muitos e muitos anos percorreu, serra abaixo, correndo sobre o aqueduto que a conduziria até ao Largo do Sapal, hoje conhecido por Praça de Bocage, local onde se encontrava a vistosa fonte que abastecia aquela zona nobre de Setúbal.

Hoje na Fonte do Sapal, instalada noutro local, na Praça Teófilo Braga, correm outras águas, provavelmente não tão puras e cristalinas como estas que hoje percorriam os frescos e escuros tuneis da serra.

Tive a oportunidade de mostrar ao meu pequeno neto esta maravilha da nossa terra, e explicar-lhe o percurso da água que vinda do interior da serra seguiria pelo interior desta antiga estrutura que se encontra votada ao abandono.

Quantas crianças (e até adultos) da nossa terra não beneficiariam com uma visita a este local e uma explicação sobre a captação e consumo da água e não interiorizariam que estamos em presença de um bem finito que urge preservar, tal como este património que se encontra votado ao abandono?







Rui Canas Gaspar

2014-abril-11

terça-feira, 8 de abril de 2014



O misterioso templo maçónico setubalense

No palácio Botelho Moniz, em Setúbal, onde hoje se encontram as Missionárias da Caridade (irmãs de Calcutá) organização cristã que apoia um conjunto de crianças carenciadas, podemos encontrar em estado bastante deteriorado um misterioso local, que muito provavelmente funcionou como um Templo da Maçonaria, a Gruta de Santo António.

A gruta de Santo António é uma construção em forma de galeria, podendo-se encontrar na sua entrada uma abertura em forma de cripta lembrando a entrada da Lapa do Médico, existente na Serra da Arrábida.

Sobre esta entrada encontra-se a inscrição “Porta de Santo António”.

O visitante entrava naquele espaço através de uma escada construída em ferro e envolta por uma estufa decorada com vidros coloridos.

Ao alto e de lado podemos observar uma entrada de luz com um pentagrama, o mais conhecido símbolo esotérico tão caro aos maçons, um símbolo que está também presente nos rituais e nos Templos.

O piso da gruta artificial desenvolve-se de forma nivelada num espaço interior e único em formato de corredor. Frente a cada vão de iluminação encontram-se painéis de forma oval, executados em azulejos de cor branca com cercadura em azul, imitando espelhos. Para completar ainda mais a beleza deste local um pequeno lago foi também construído no seu interior.

A gruta de Santo António é bem mais do que uma simples peça decorativa ela faz parte de todo um conjunto com significado oculto composto por um jardim iniciático ligado ao esoterismo e à maçonaria.

Esta estranha construção é baseada na alegoria da Caverna de Platão que no culto maçónico simboliza a criação do cosmos, do caos para a ordem, da escuridão para a luz.

A gruta teria sido construída para representar um templo maçon daí o poço iniciático de onde o iniciado teria de subir, vindo das trevas, para a luz, representada pelo terraço onde se encontravam reunidos encontrava um trono ocupado pelo mestre-de-cerimónias, passando pela zona intermédia representada pela escada protegida pela estufa.

Esta estranha construção, cujas janelas/miradouro podemos observar na Avenida General Daniel de Sousa, encontra-se em avançado estado de degradação, o que é verdadeiramente lamentável dado constituir uma peça única do nosso património edificado.

Rui Canas Gaspar

2014-abril-08

sábado, 5 de abril de 2014

Este fim de semana os SUD de todo o mundo têm a sua Conferência Geral

Inaugurado ano 2000 o Centro de Conferencias de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, implantado na Cidade de Lago Salgado, no Estado de Utah, nos E.U.A. tem capacidade para 21000 pessoas comodamente sentadas.  Os lugares ficam totalmente  lotados neste fim-de-semana, e todos eles têm vista desimpedida para o centro, ocupado normalmente pelo Coro do Tabernáculo Mórmon, pelas autoridades gerais da Igreja e pelos oradores convidados.

Semestralmente é a partir daqui que a Conferência Geral é transmitida para todo o planeta, em mais de 90 diferentes idiomas,  tendo como destinatários os mais de quinze milhões de membros da Igreja. A receção faz-se em todo o mundo nas instalações das diversas congregações, umas equipadas com sistema de receção via satélite e outras com o recurso à internet.

Na cidade de Setúbal centenas de santos dos últimos dias assistem este fim de semana de 5 e 6 de abril nas duas congregações sadinas. A nascente, a congregação sedeada na zona da Camarinha os membros concentram-se no amplo salão dotado de recetor via satélite, enquanto na congregação da zona poente da cidade sedeada na Av. General Daniel de Sousa os mórmons escutarão os discursos via internet.

No domingo pela manhã os discursos serão direcionados para os portadores do sacerdócio e todos os rapazes e homens santos dos últimos dias setubalenses juntar-se-ão nas instalações da Igreja na zona do Bairro da Camarinha a partir das 10 horas.

Mesmo que não seja SUD e se desejar aceder aos discursos sinta-se à vontade, conectando-se pela seguinte ligação:    https://www.lds.org/general-conference/watch?lang=por

Rui Canas Gaspar

2014-abril-05
Temos feira do livro na Avenida Luísa Todi

Está a decorrer em Setúbal, entre os dias 28 de março e 27 de abril, na placa central da Avenida Luísa Todi a Feira do Livro que para além da venda de milhares de títulos promove também sessões de autógrafos com escritores, bem como conversas de autores com o público e ainda animações destinadas a crianças.

O acesso à enorme tenda onde funciona o certame, ocorre entre as 10,00 e as 22,00, sendo que às sextas e sábados encerra uma hora depois, ou seja às 23,00 horas.

Aqui podemos encontrar todo o tipo de livros acessíveis a todas as bolsas e com preços a partir de um euro.

Esta é uma feliz iniciativa que acontece na “cidade do Rio Azul”, pelo quinto ano, graças a uma parceria entre a Câmara Municipal de Setúbal e a Página a Página – Divulgação do Livro, que conta com a colaboração de algumas editoras.

Hoje, sábado, e porque gosto de me levantar cedo, tive a oportunidade de ser um dos primeiros visitantes do certame e assim poder calmamente escolher um interessante título que vou ter o gosto de poder ofertar a um bom amigo neste dia do seu aniversário.


Rui Canas Gaspar

2014-abril-05
Um péssimo cartão-de-visita em Setúbal

Não sei quem é o proprietário ou proprietários destes edifícios, presumo até que possa ser o Estado Português, porquanto foi aqui que funcionaram durante muitos anos as instalações da antiga Legião Portuguesa.

Estes são dois imóveis que se encontram localizados na Avenida Luísa Todi, no lado oposto ao Mercado do Livramento, paredes meias com o Comando Distrital da P.S.P., portanto em pleno coração da cidade, local de passagem obrigatória para qualquer turista que visite a nossa linda cidade de Setúbal.

O lamentável estado de degradação dos imóveis leva a que os mesmos possam vir a constituir um perigo público, embora pelo que julgo saber, num deles já foram feitas intervenções no sentido de demolir internamente parte da estrutura.

Mas, o que mais me choca nesta situação é a péssima imagem que estes “cartões-de-visita” mostram da nossa cidade, que orgulhosamente começou a colocar painéis na via pública apelando aos forasteiros que nos visitem.

Todos sabemos que existem por aí muitos prédios degradados, em Setúbal e noutras localidades do nosso país, isso não constituirá desculpa para deixarmos estes dois exemplares a mancharem a imagem da bonita avenida, orgulho da grande maioria dos setubalenses.

Se tantos e tantos proprietários de edifícios em estado semelhante são intimados pela Autarquia a fazer obras ou a emparedarem portas e janelas, porque é que estes dois exemplares se têm vindo assim a manter, neste estado miserável, durante tantos anos?

Julgo que a nossa Câmara Municipal deve e pode tomar a iniciativa de quanto antes mandar uma pequena equipa que coloque meia dúzia de tijolos fechando as aberturas de portas e janelas e, com umas latinhas de tinta, mudar radicalmente o aspeto deste péssimo cartão-de-visita.

Poderá ou não ser aproveitada a campanha de “Setúbal mais bonita” para este serviço e, ainda que fiquemos com dois edifícios velhos e sem serventia, pelo menos ficaremos com uma imagem visual mais agradável, não só para quem nos visita mas para o comum cidadão que tem de conviver diariamente com esta desagradável situação.

Aqui fica o reparo e a sugestão de melhoramento.

Rui Canas Gaspar

2014-abril-05

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Será que esta é uma sugestão disparatada?

Neste final de semana em que parece que a Primavera tirou férias e foi substituída por dias cinzentões e chuvosos, Setúbal continua a receber turistas, provavelmente não em tão grande quantidade como seria desejável para uma cidade como a nossa.

Ao mesmo tempo que ontem entrava na barra do nosso porto o enorme Berge Stahl, com os seus 342,08 de comprimento e com capacidade para transportar 364,767 toneladas de carga, vindo para Setúbal com o objetivo de efetuar trabalhos de manutenção nos estaleiros navais da Lisnave, chegavam frente ao cais nº 1 cinco camiões/caravana, de matricula francesa, transportando um grupo de cerca de duas dezenas de pessoas de todos os escalões etários.

Crianças, adolescentes e adultos aproveitaram de imediato um espaço de tempo em que o sol brilhou para se familiarizarem com o local, deliciarem-se com a vista dos barcos que saiam para a pesca, com a chegada do grande cargueiro e até com o cardume visível nas águas do Sado junto ao “EVORA”.

Tinham aparência de pessoas um pouco desleixadas, no entanto, efetivamente tratavam-se de gente extremamente educada, conforme os funcionários do Bowling de Setúbal, onde passaram algum do seu tempo tiveram oportunidade de comprovar.

No outro lado do edifício de apoio aos pescadores reparei que estacionavam 14 autocaravanas, de diversas nacionalidades, com uma frequência considerável de entrada e saída destas viaturas, o que indicia que algumas dezenas delas estejam a utilizar frequentemente aquele espaço.

Conversando com um industrial de hotelaria com estabelecimento naquela zona, o mesmo mostrou-se visivelmente satisfeito com a situação, porquanto são mais potenciais clientes que frequentam alguns dos restaurantes locais, enquanto que outros caravanistas vão fazer as suas compras aos supermercados setubalenses e ao mercado municipal.

Cada um viaja como quer e como pode e Setúbal deve receber bem todos aqueles que nos visitam e faze-los bem-vindos, venham estes forasteiros de mochila às costas, em autocarros de turismo, de autocaravana, de veleiro ou futuramente em grandes navios de cruzeiro.

No caso das autocaravanas, penso tratar-se de um nicho de mercado que pode e deve ser bem aproveitado e para isso nada melhor do que proporcionar as melhores condições de higiene e conforto a essas pessoas, que não devem ser nenhuns “pés rapados” sendo que se o fossem teriam o mesmo direito que os mais abonados e deveríamos dispensar-lhes o mesmo tipo de atenção.

Posto isto, e porque podemos estar em presença de mais uma fonte de receita para o depauperado comércio local e de um enorme potencial de agentes divulgadores das “coisas de Setúbal” julgo ser este o momento oportuno, para que numa operação urbanística de quase custo zero a cidade sair a ganhar.

Para isso sugiro que seja reservado, na ultima zona de intervenção do PUA, um espaço um pouco mais dilatado do que o atualmente utilizado junto aos cacifos dos pescadores, reservado às autocaravanas.

Como apoio à higiene o PUA já tem adequadas instalações sanitárias que poderiam ser completadas com algumas cabines de duche e colocadas na zona meia dúzia de tomadas elétricas. Uma pequena taxa a pagar pelos auto caravanistas pela utilização dos serviços poderia ser naturalmente  implementada.

O espaço existe, as infra estruturas também, a ideia aqui apresentada pode ser aproveitada isenta de direitos de autor. Haja então vontade e visão para aproveitar mais esta oportunidade que se depara à nossa terra, tenham os nossos governantes agora a iniciativa de a colocar em prática se não acharem esta sugestão disparatada.

Rui Canas Gaspar
2014-abril-04

Ainda não perceberam que não basta visitar Setúbal entrando por um lado da serra e saindo do outro, que é necessário criar condições para fixar os vários nichos de turistas ? Arranjem um local para a pernoita condigna das autocaravanas a exemplo das muitas que existem por toda a Europa e de algumas em Portugal. " Nos anos 70, nascia em Portugal o maior empreendimento turístico de sempre. " Há uma nova realidade emergente no mundo do turismo: o autocaravanismo, expressão moderna do turismo itinerante e de natureza! 
Nos países onde há apuramento estatístico do número de autocaravanas vendidas (que não é o caso de Portugal), este segmento de turismo tem vindo a crescer a taxas próximas dos 20% ao ano. Estima-se que existam actualmente em circulação na Europa cerca de 2 milhões de autocaravanas. Em Espanha calcula-se que entrem no país 450 mil autocaravanas por ano, o que corresponderá a mais de 1 milhão de 

turistas, muitos deles na época baixa. 
O autocaravanismo é um movimento de expressão europeia em acelerada expansão, com indiscutível relevância económica, social e cultural para o desenvolvimento local, especialmente das regiões de menor densidade turística. O autocaravanismo não é uma espécie de turismo de indigentes, até pelo seu custo, é uma filosofia de vida que se não restringe ao campismo. 

Para a economia regional, o autocaravanismo pode ser um pilar fundamental do desenvolvimento turístico, já que: 1 - O autocaravanista é um consumidor local com um poder de compra superior à média; 2 autocaravanista é um coleccionador de memórias e um agente de marketing territorial com uma eficácia sem igual; 3 O autocaravanista é um turista que circula ao longo de todos os meses do ano; 4 O autocaravanista é um turista alternativo, no sentido em que mais do que um consumidor de praia, é um consumidor de cultura e da natureza, percorrendo cidades, vilas, aldeias e espaços naturais situados fora dos circuitos turísticos de massas; 5 O autocaravanista é um turista ecológico. É um amante da natureza e, consequentemente, cuida da sua preservação 

Silvia Machado Marrafa