Sal de Setúbal?
A
atividade salineira ocupou grande parte das populações que habitaram as margens
do Rio Sado, durante largas centenas de anos.
O
famoso sal sadino deve a sua excelente qualidade à conjugação de dois
importantes fatores: a situação geográfica das suas marinhas e as condições
climáticas do território.
Ao
longo dos séculos Setúbal e os seus arredores produziram um sal de
características únicas que o tornou famoso em toda a Europa e, como tal, alvo
de exportação criando riqueza não só para a região em particular como para o
próprio país.
No
início do século XV, vamos encontrar referenciadas as salinas existentes na
zona da Motrena, nos arredores de Setúbal e no reinado de D. Afonso V, são
referidas marinhas no Sapal de Troino.
Em
24 de outubro de 1511 foi promulgado um importante despacho real visando não só
proteger como também desenvolver a produção do sal do Rio Sado. Esse documento
proibia os barcos que viessem carregar sardinha e outros pescados a Setúbal de
trazerem sal, tendo de adquirir localmente o produto produzido pelas marinhas
de Setúbal e Alcácer do Sal.
Hoje
fui até às Praias do Sado observar um pouco aquela zona onde outrora se
produziu muito deste bom sal e onde atualmente a maior parte desses locais de
extração se encontram ocupados por explorações piscícolas.
Pude
então observar alguns montes de sal já extraído sendo que, parte desse mesmo
sal se encontrava já ensacado, pronto a seguir para outras paragens.
Curiosamente
despertou-me a atenção para a inscrição que se encontrava nesses sacos e que
apontava para um produtor sedeado em Aveiro e não em Setúbal como seria de
esperar.
E
dei comigo a pensar: Bem, mal por mal, mais vale o produtor ser de Aveiro e haver
extração, do que o espaço estar entregue a algum setubalense que não produzisse
este produto nacional de características únicas.
Rui Canas Gaspar
2014-agosto-31
www.troineiro.blogspot.com