Quando o P.U.A. ainda não era nascido
Foi um dia de festa em Setúbal, aquele 20 de maio de 1934, quando o
Presidente da República, Marechal António Óscar de Fragoso Carmona, acompanhado
de muitos ilustres setubalenses e visitantes, com pompa e circunstância,
colocou a última pedra nas Grandes Obras do Porto de Setúbal.
Embora tratando-se de um empreendimento de enorme importância para a
cidade o mesmo viria a acabar com um conjunto de praias fluviais junto ao Rio
Sado.
As muralhas que ao longo de quatro quilómetros de margem então se construíram
tinham o seu arranque na base do forte da Albarquel, num local designado por
Toca do Pai Lopes.
As areias retiradas do fundo do Sado, recorrendo-se a dragagem, foram
expelidas para lá das muralhas. Devido a essa ação formaram-se amplos terraplenos,
como aquele que aconteceu entre a Toca do Pai Lopes e a Praia da Saúde, um
local onde viriam a funcionar os estaleiros de construção e reparação naval.
Duas décadas depois outras necessidades viriam a ser sentidas pela
cidade e, nos anos cinquenta, a Câmara Municipal de Setúbal, solicitou à
empresa Eugénio & Severino que lhe cedesse parte dos terrenos que
entretanto ocupava, para ali construir um Parque de Campismo.
Mais tarde, foi acrescentada nova parcela de terreno, contígua,
precisamente aquela onde o pessoal dos estaleiros jogava futebol, o que
naturalmente não foi muito do agrado dos trabalhadores, ficando o parque com a
dimensão definitiva até ao seu encerramento no início do século XXI.
Algumas árvores foram então plantadas e construídas as necessárias
infraestruturas de apoio ao espaço de lazer que dispunha de condições de
enquadramento paisagístico invejáveis.
Nos anos sessenta do passado século XX, naquele belo espaço, podiam
ver-se montadas as pequenas tendas canadianas, muito utilizadas pelos campistas
e escuteiros, a par das grandes tendas familiares ao lado das quais,
curiosamente, também parqueava a viatura automóvel do utilizador do parque.
Rui Canas Gaspar
livrosdorui.blogspot.com
2018-fevereiro-18