Um património a defender
em Setúbal
Este
Verão os setubalenses mais atentos a estas coisas do passado da sua terra têm
tido a oportunidade de poder apreciar com mais pormenor um pouco daquilo que
foi a vida dos seus antepassados. Isto graças ao fogo que afetou boa parte da
zona poente da cidade e das grandes desmatações que a autarquia e os
particulares têm levado a cabo sobretudo na zona da várzea.
Estes
dois fatores puseram a descoberto muito daquilo que se encontrava escondido dos
olhares devido ao matagal, silvas e canaviais podendo-se agora admirar algumas
peças em razoável estado de conservação.
Nas
antigas e numerosas quintas que envolviam Setúbal, podemos agora ver, enquanto
os canaviais e matos não voltam a crescer, os pórticos das hortas, restos de
calçadas, pequenas pontes, estruturas das noras regueiras e aquedutos. Podemos
ainda observar bem conservados poços e enormes tanques para retenção de águas
destinadas a rega.
Já
na parte mais alta da cidade, para os lados do antigo convento de Brancanes são
os oratórios e os cruzeiros,as fontes e as nascentes que poderão agora ser melhor observados.
Estes
são pedaços da nossa história que observados com atenção e se integrados na
paisagem circundante nos contam como era a vida campestre dos nossos
antepassados.
Este
é um legado a preservar e tanto quanto possível a conservar e integrar nas
novas paisagens urbanas que se pretende venham a constituir uma mais-valia para
nós e para os nossos vindouros.
Esperemos
que eles sejam devidamente e rapidamente integrados e não destruídos como tem vindo
a acontecer, por este ou aquele motivo, como aconteceram com a casa da Azeda, a
casa da Quinta do Paraíso ou mesmo o pombal da Quinta de Prostes.
Valha-nos
ao menos o mirante da Quinta da Azeda, apresentado como emblema do futuro
Parque Urbano da Várzea, uma das primeiras obras erigidas em Portugal,
utilizando o betão armado e que alguém com “responsabilidades”, em tempos veio
advogar a sua demolição.
Rui
Canas Gaspar
2017-agosto-31