notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

 


No Rio Sado até laranjas se “pescavam” 


Acontecia que até por volta dos anos 60 do passado século XX, os dias de vendaval se já por si eram maus, por outro lado representavam uma janela de oportunidade para alguns. É que o vento soprando forte fazia cair das muitas laranjeiras da várzea os seus deliciosos frutos que acabavam por ser arrastados para a Ribeira do Livramento pelas águas das chuvas que buscavam o caminho do Sado.

Alguns homens do mar, sobretudo os mais jovens, dedicavam-se então, nesses dias de mau tempo, à “pesca” não de peixes no seu rio azul ou na costa oceânica, mas sim das famosas laranjas de Setúbal ali mesmo no rio, junto à muralha.

O ribeiro, que a partir da zona do Bonfim se encontra encanado, vem desaguar ao Rio Sado, quase junto à Doca do Clube Naval Setubalense e era aí que, encharcados até aos ossos, alguns pobres setubalenses, de xalavar na mão, tentavam apanhar os frutos que ali chegavam arrastados, em grande quantidade, pela forte corrente.

As sacas de sarapilheira ficavam então, em pouco tempo, cheias de laranjas e logo eram colocadas às costas daqueles fortes homens que descalços e curvados sob o peso da carga, lá iam rua fora anunciando ruidosamente seu valioso e fresco produto.

Rui Canas Gaspar


sábado, 29 de outubro de 2022

 Gosto de observar, de trabalhar, de ler e até de escrever, de entre outras coisas, tendo publicado o primeiro texto no Jornal O SETUBALENSE naquele distante dia 25 de setembro de 1967, um artigo de opinião com o título "Setúbal tem campistas mas não pode fazer campismo".

Porque esta semana estive na gráfica para preparar o mais recente trabalho para impressão e porque iniciei com ele um novo ciclo de ISBN fui fazer um apanhado aos trabalhos já editados ficando surpreendido com o facto de desde 2011 ter editado trabalhos literários todos os anos, conforme lista anexa.
LIVROS EDITADOS
- Portugal – O Farol da Europa 978-989-97315-0-9 (maio 2011)
- África Mórmon 978-989-97315-1-6 (outubro 2011)
- Aventuras de Escuteiro – Contadas por quem as viveu 978-989-97315-2-3 (dezembro 2011)
- Arrábida Desconhecida 978-989-97315-3-0 (junho 2012)
- Barco EVORA – O Velho Senhor do Tejo 978-989-97315-4-7 (dezembro 2012)
- Movidos Pela Fé 978-989-97315-6-1 (dezembro 2013)
- Setúbal – Gente do Rio Homens do Mar 978-989-99046-0-6 (setembro 2014)
- Histórias Coisas e Gentes de Setúbal 978-989-99046-1-3 (outubro 2015)
- Mistérios da Arrábida 978-989-97315-5-4 (junho 2016)
- TROIA – Um Tesouro por Descobrir 978-989-99046-2-0 (novembro 2016)
- SADO 978-989-99046-3-7 (junho 2017)
- A ÚLTIMA FRONTEIRA – Várzea de Setúbal 978-989-99046-4-4 (março 2018)
- Ajudamos a Desenvolver Setúbal 978-989-99046-6-8 (dezembro 2019)
- Palácio Feu Guião – A Fénix Renascida 978-989-53839-0-0 (Novembro 2022)
Coautoria
- Templo Portugal (Janeiro 2020) -Rui Canas Gaspar, António Paramés, José Sá Barros-
Biografias
- Francisco Finura (Outubro 2014)
Monografias
- Preparemo-nos para a Ação ( Outubro 2021)

 Setúbal na História ou histórias de Setúbal ( 244)

Conhecendo um pouco do impulsionador do Convento de Brancanes
O Verão começara há apenas quatro dias e, naquele 25 de junho de 1631 uma senhora de origem irlandesa, esposa de fidalgo e juiz português, transpirava profusamente na sua confortável casa da Vidigueira. Poucos minutos depois, ela estaria a dar à luz uma criança do sexo masculino.
Para que a criança fosse conhecida e diferenciada entre as demais foi-lhe colocado o nome de António da Fonseca Soares. Ela cresceu naquela terra de gente do campo sendo alvo de todos os cuidados próprios da sua condição social.
O rapaz desenvolveu-se, correndo livremente pelos campos e brincando naquela terra alentejana até que um dia seria enviado para a grande cidade a fim de estudar em Évora, no Colégio dos Jesuítas.
Os estudos seriam abruptamente interrompidos, quando António com apenas 18 anos tomou conhecimento do falecimento do pai, tendo então regressado à sua Vidigueira natal.
Não ficou por muito tempo! O país estava em plena Guerra da Restauração, opondo o reino de Portugal à vizinha Espanha e o jovem logo tratou de se alistar no Exército Português onde uma carreira promissora o esperava, não fossem os seus excessos, fruto de um temperamento impetuoso.
O despertar dos sentidos para as questões amorosas e para a poesia levaram-no a envolver-se nas mais diversas discussões e aventuras. Uma dessas acabou por correr mal obrigando-o em 1653 a fugir para o Brasil, quando tinha apenas 22 anos de idade. Ele ferira de morte, em duelo, um adversário.
Depois de ter passado três anos na Baía, o jovem alentejano regressou a Portugal e, embora sem ter alterado o seu modo de vida a leitura de um texto de Frei Luís de Granada despertou-lhe o interesse para os assuntos da fé e de Deus.
Já em terras lusas, quando corria o ano de 1656 António volta de novo a participar naquela interminável guerra que durou 28 anos (1640 a 1668). E, porque se tratava de um jovem de reconhecida coragem e valor, foi em Setúbal que viria a ser promovido à patente de capitão.
Mas, contava ele 31 anos de idade quando em maio de 1662, decide dar uma volta completa à sua vida repleta de aventuras e experiências. Abandonou a carreira militar para se dedicar à vida religiosa, ingressando na Ordem de São Francisco, em Évora.
A partir desse momento o então conceituado capitão António da Fonseca Soares despe o garboso uniforme militar e passa a envergar o hábito simples de frade franciscano, passando a assumir a identidade de Frei António das Chagas, ou Padre António da Fonseca, nomes porque ficaria conhecido entre o povo.
E foi precisamente graças às diligências de Frei António das Chagas, contando com o alto patrocínio do rei D. Pedro II, que no dia 27 de junho de 1682, em Brancanes, a noroeste de Setúbal, a meia encosta de uma pequena colina desta vila de pescadores e salineiros que seria lançada a primeira pedra para a construção do edifício do Seminário para Missionários Apostólicos de Nossa Senhora dos Anjos.
Rui Canas Gaspar

quarta-feira, 27 de julho de 2022

 

Para quando um monumento aos antigos combatentes das guerras coloniais erigido em Setúbal?


Pouco passava das oito da manhã quando o telefone tocou e do outro lado a inconfundível voz do meu velho amigo Ricardo Seromenho logo perguntou:

- É pá, tás bom? Sabes que dia é hoje?

- Quarta-feira, dia 27 de julho, respondi

- Faz hoje 52 que morreu o Salazar – Diz-me o Ricardo.

- Queres tu dizer que faz hoje 52 anos que partimos para a Guiné para a Guerra Colonial.

O Ricardo é melhor que os avisos do Facebook e faz questão de me telefonar para recordar datas marcantes da nossa vida rica em aventuras ocorridas na nossa juventude.

De facto nesta data este setubalense  embarcou com centenas de outros jovens e a bordo do navio Bragança rumo a Bissau, enquanto eu, no mesmo dia seguia o mesmo trajeto a bordo do navio de carga “Ana Mafalda” com mais um pequeno punhado de militares destacados para rendição individual de outros camaradas.

Com a morte do ditador ainda alimentamos esperança de que os barcos não seguissem para aquele território africano, porém nem isso obstou a que fosse cumprida a missão que nos destinaram e que levou a que muitos jovens por lá ficassem mortos ou de lá viessem com sequelas mais ou menos graves no corpo e na alma.

Passado mais de meio século ainda por cá andam muitos desses jovens a quem o governo de então obrigou a ir combater para terras distantes sem que volvido todo este tempo pouco ou nada a Nação tenha reconhecido o seu esforço e sacrifício.

Erigir um monumento aos setubalenses que foram obrigados a ir combater para terras de África, num local de destaque do concelho, seria o mínimo que se poderia fazer para honrar a memória daqueles que foram obrigados a deixar namoradas, esposas e mães, sendo que alguns destes nossos conterrâneos não voltaram de lá com vida.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

 


A sorte perseguia-me na Feira de Santiago 



Ainda criança e morando em Troino, bem perto da Avenida Luiza Todi, local onde então se realizava a Feira de Santiago certo dia decidi ir passear até ao popular recinto.

Ali chegado e depois de dar algumas voltas pelo espaço de terra batida abeirei-me de uma daquelas simpáticas barracas onde a troco de alguns centavos se puxava de um molhe, um cordelinho, de onde surgiria um número correspondente a um dos prémios expostos.

Eu não tinha dinheiro (coisa normal para aquela época) por isso abeirei-me de um adulto que se preparava para tentar a sorte e disse-lhe: Vai sair-lhe aquela Nossa Senhora de Fátima, uma estatueta de barro pintado.

O homem pagou, puxou o cordel e saiu-lhe mesmo a tal estatueta e tão estupefacto ficou que me ofereceu o prémio.

Anos mais tarde, já casado não poderia, como agora, faltar à Feira de Santiago.

As tais barraquinhas tinham evoluído e agora os prémios eram atribuídos onde a roleta parasse e, apontasse o número correspondente.

Por tradição, sempre que lá ia tentava a sorte comprando a rifa e todos os anos me saía prémio.

E, acreditem ou não, foi graças a essas rifas que consegui um triciclo para as crianças, uma caixa térmica, uma tábua de passar a ferro, um conjunto de panelas e sei lá que mais…

Deixei de comprar as rifas na altura em que olhava para os prémios e dizia para a minha esposa que não valia a pena porque já tínhamos aquelas coisas, imaginem!...

Acho que isto é herança de família porque já o meu avô materno, Artur Canas, lhe saiu numa rifa da feira um valioso relógio, uma peça comemorativa do centenário da conceituada fábrica de cerâmica Vista Alegre, o qual guardo como saudosa lembrança.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

2022-07-27

quarta-feira, 25 de maio de 2022

 

 


Relembrando o saudoso e único Francisco Finura

De cachimbo preso ao canto da boca e barba à “Popey”, vestido com o fato-macaco azul, donde sobressaía do bolso superior um vistoso e impecável lenço, imaculadamente branco, era assim que este setubalense de múltiplos talentos geralmente se apresentava em público.

Não é pois de admirar que graças à sua postura e popularidade tivesse despertado a atenção de famosos e talentosos fotógrafos e pintores setubalenses, nomeadamente Américo Ribeiro, Baptista, Maurício de Abreu e Rogério Chora, que tão bem captaram a sua imagem, a qual ficaria gravada para a posteridade graças a estes artistas.

Francisco Finura, geralmente fazia-se transportar pelas ruas de Setúbal numa singular bicicleta, fabricada por si, afirmando ser este o modelo mais adequado, porquanto considerava que “o bom ciclista devia pedalar com a perna esticada”.

O velocípede tinha um guiador alto, um travão ligado à roda traseira o que lhe permitia com mais facilidade fazer demonstrações de perícia sobre as duas rodas, podendo também andar para a frente e para trás, graças ao carreto preso.

De tronco direito, peito saliente, compleição atlética, com pronúncia onde o erre era bem vincado, a forma de falar tão característica dos setubalenses residentes naquela zona da cidade, “Finuras” não passava despercebido onde quer que estivesse e, entre a rapaziada daqueles bairros populares a sua figura exercia particular atração e admiração não só devido à distinta pose mas sobretudo às suas diversas atividades.

E que dizer de mais de uma centena de pessoas que salvou de morrerem afogadas? Trinta e uma delas foram oficialmente contabilizadas o que lhe valeu o reconhecimento e condecoração do Instituto de Socorros a Náufragos. Só de uma vez conseguiu salvar meia dúzia de pessoas ao largo da Praia de Albarquel e, com a ajuda de um remo, içá-las para bordo de um barco. “Parecia um cacho de uvas!...” comentou ele no início dos anos 70 do século XX, no decurso de uma entrevista ao programa televisivo “25 milhões de portugueses”.



sábado, 7 de maio de 2022

 



Um valioso prémio sorteado na Feira de Santiago 


Naquele ano de mil novecentos e vinte e qualquer coisa o jovem pescador setubalense Artur Canas, quando a noite refrescava, em Agosto, saiu de sua casa no Bairro de Troino e foi até à Feira de Santiago para se divertir um pouco.

Naquele tempo, na feira, para além das habituais diversões, existiam várias barracas onde os visitantes podiam comprar rifas na esperança de lhes sair algum interessante prémio.

Artur decidiu testar a sua sorte e, para seu espanto, ao desembrulhar o papelinho verificou que o número inscrito correspondia a um bom prémio.

Imagine-se que, numa altura em que não seriam muitos os pescadores que dispunham de relógio foi precisamente um que calhou em sorte a este setubalense. Porém, não se tratava de um relógio de pulso, mas sim de uma bela peça de cerâmica, com cerca de 15 cm de altura, em forma de casinha.

O pescador, bastante contente com a sua sorte, acabaria por levar o relógio para bordo do barco de pesca, onde lhe fez companhia ao longo de anos, até que os salpicos de água salgada danificaram a máquina tornando-a inoperacional.

Mas, porque a peça era bem bonita, mesmo sem a mesma funcionar, ficou a servir lá em casa como motivo decorativo.

Os anos passaram, Artur e sua esposa faleceram, a peça de cerâmica passou para a filha que também viria a falecer e esta lembrança acabaria por ficar ao seu neto Rui.

O curioso é que, bem visível, na base da peça está o símbolo da mais prestigiada fábrica de cerâmica portuguesa, a Vista Alegre e, como se isso não fosse suficiente ali está igualmente inscrito “centenário 1824 – 1924” ou seja uma rara peça comemorativa do primeiro centenário desta instituição que em breve fará 200 anos.

Era assim a Feira de Santiago, naqueles tempos em que eram colocadas para sorteio peças verdadeiramente interessantes e até valiosas ao invés dos peluches e plásticos com que hoje nos brindam.

Anos mais tarde calhar-me-ia a mim herdar a tradição de ser o feliz contemplado com diferentes prémios nas barracas de roleta na Feira de Santiago quando esta se realizava na Avenida Luísa Todi, e raro era a vez que comprava rifas e não me saíam prémios, mas nunca por lá vi algo de valor tão significativo como aquele prémio com que o meu avô Artur Canas foi bafejado.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

segunda-feira, 28 de março de 2022

 

 


Evita esteve em Setúbal

Viveu apenas 33 anos, entre 1919 e 1952, odiada por uns, idolatrada por outros Evita foi uma referência não só para os argentinos mas também um pouco para todo o mundo.

A linda canção Don’t Cry For Me Argentina continua ainda hoje a ser um sucesso de audiências com dezenas milhões de visualizações no YouTube (  https://www.youtube.com/watch?v=PgK-dIPMIp4  )

Maria Eva Duarte de Perón, conhecida por Evita visitou Setúbal, conformer noas dá conta o jornal O Setubalense de 19 de julho de 1947 com a seguinte notícia:

A Sra. Duarte de Peron visitou Setúbal.

… esteve hoje nesta cidade a esposa do Presidente da República da Argentina, Sra. D. Eva Peron, acompanhada do Corpo Diplomático do seu país, de D. Fernanda de Castro, António Ferro, Guilherme de Carvalho e António Eça de Queiróz, do Secretariado Nacional de Informação.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

sábado, 19 de março de 2022

 



Jamboree 67 – Um programa de animação destinado ao Hospital do Outão

 

Naquele ano de 1967 os Caminheiros (escuteiros maiores de 17 anos) setubalenses tiveram a ideia de instalar uma rádio local, quando estas estavam a dar os primeiros passos de forma clandestina. Será bom lembrar que estávamos em pleno Estado Novo, um regime ditatorial onde a polícia política imperava.  

 

A iniciativa nunca chegou a ir de vencida, mas, entretanto, foi criado o “Jamboree 67”, jamboree palavra associada pelos escuteiros a uma concentração mundial e 67 por ser o ano da iniciativa.  

 

Pedíamos a colaboração do comercio local para a oferta de prendas que distribuíamos nos concursos, que a par das músicas, da poesia, e das notícias era posteriormente transmitida.  

 

Como não tínhamos emissora de rádio, gravávamos os programas na nossa sede da Ordem Terceira e depois seguíamos para o Hospital do Outão onde através do sistema de som transmitíamos para todo o complexo. Os doentes, suas visitas e quem lá trabalhava era a nossa assistência.  

 

Na foto ilustrativa podemos ver a bondosa e muito bonita madre superiora que ali prestava serviço a ser entrevistada. E, por ser tão bela não deixou ela própria de ser alvo da atenção de um apaixonado, o João da Pera, que vivia numa das grutas ali perto e, qual Romeu na esperança de alcançar a sua Julieta chegou a trepar por uma parede vertical para chegar ao seu quarto o que conseguiu por duas vezes, mas isso é outra história!...  

 

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

 


 

Praça de Touros ou Praça Cultural? Afinal no que ficamos?

 


Devido à sua localização e características, este local tem servido para os mais diferentes eventos, desde a eleição da rainha do Sado, passando por espetáculos musicais e mais recentemente para a apresentação das marchas de Setúbal.

 

O decréscimo de receitas, fruto de um menor interesse do público pela tauromaquia, aliado à falta de manutenção adequada levaram o espaço a uma situação de degradação que originou a sua interdição para espetáculos sem que antes se procedesse às necessárias obras.

 

Em 2008 a empresa proprietária da praça apresentou um projeto visando a transformação do espaço naquele que teria a designação de “Praça Cultural” de forma a ficar dotado de um palco para espetáculos musicais, dois restaurantes e três lojas. O projeto de reabilitação nunca sairia do papel embora tivesse merecido a aprovação camarária em junho de 2009.

 

Em 2011 a Câmara Municipal de Setúbal celebrou um protocolo com a Aplaudir, empresa de promoção de espetáculos tauromáquicos e outros eventos culturais, entidade exploradora da praça de touros Carlos Relvas, no sentido desta proceder às necessárias obras que lhe permitiria abrir portas de acordo com as exigências do IGAP – Inspeção-Geral das Atividades Culturais.

 

O acordo previa a atribuição por parte da Autarquia de 120 mil euros, para uma obra estimada em 216 mil, verba entregue em parcelas anuais de 20 mil euros, de forma a suportar a realização de trabalhos urgentes e necessários.

 

Como contrapartida a Autarquia teria o direito de utilizar o espaço anualmente quer por si, quer pelo movimento associativo, por um período  de 25 dias.

 

As obras a realizar centraram-se sobretudo nas condições de segurança e acessibilidades, bem como no reforço das bancadas, reparação de telhados, criação de instalações sanitárias para pessoas portadoras de deficiência, substituição de madeiras, instalação de nova rede elétrica com a colocação de iluminação de emergência, para além de outras intervenções em diferentes áreas.

 

Graças a este protocolo o mítico espaço de espetáculos conheceria em 2011 nova vida e ali, pelas 22 horas do dia 10 de junho, exibir-se-iam as marchas do Núcleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau; Grupo Desportivo Setubalense “Os 13”;  Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense; Núcleo Desportivo e Recreativo Ídolos da Praça e União Desportiva e Recreativa das Pontes.

 

Tempo passou e parece que tudo estagnou e nem Praça Cultural nem Praça de Touros.

 

Afinal no que ficamos?

 

Rui Canas Gaspar