Para quando um monumento aos antigos combatentes
das guerras coloniais erigido em Setúbal?
- É pá, tás bom? Sabes que dia é hoje?
- Quarta-feira, dia 27 de julho, respondi
- Faz hoje 52 que morreu o Salazar – Diz-me
o Ricardo.
- Queres tu dizer que faz hoje 52 anos que
partimos para a Guiné para a Guerra Colonial.
O Ricardo é melhor que os avisos do Facebook
e faz questão de me telefonar para recordar datas marcantes da nossa vida rica
em aventuras ocorridas na nossa juventude.
De facto nesta data este setubalense embarcou com centenas de outros jovens e a
bordo do navio Bragança rumo a Bissau, enquanto eu, no mesmo dia seguia o mesmo
trajeto a bordo do navio de carga “Ana Mafalda” com mais um pequeno punhado de
militares destacados para rendição individual de outros camaradas.
Com a morte do ditador ainda alimentamos
esperança de que os barcos não seguissem para aquele território africano, porém
nem isso obstou a que fosse cumprida a missão que nos destinaram e que levou a
que muitos jovens por lá ficassem mortos ou de lá viessem com sequelas mais ou
menos graves no corpo e na alma.
Passado mais de meio século ainda por cá
andam muitos desses jovens a quem o governo de então obrigou a ir combater para
terras distantes sem que volvido todo este tempo pouco ou nada a Nação tenha
reconhecido o seu esforço e sacrifício.
Erigir um monumento aos setubalenses que
foram obrigados a ir combater para terras de África, num local de destaque do
concelho, seria o mínimo que se poderia fazer para honrar a memória daqueles
que foram obrigados a deixar namoradas, esposas e mães, sendo que alguns destes
nossos conterrâneos não voltaram de lá com vida.
Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
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