notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sábado, 30 de março de 2019


Até quando se manterá esta situação?

Já não é a primeira e certamente não será a última vez que aqui se falou neste edifício que faz parte da história setubalense e embora encontrando-se na principal avenida da cidade é fotografado diariamente como um dos nossos piores cartões de visita.

 funcionou como local de culto religioso no tempo da Monarquia, como cantina da Legião Portuguesa no tempo do Estado Novo, como organização sócio-cultural dos CTT em tempo de Democracia e sei lá que mais…

Também tem mudado de mãos com alguma frequência e, ultimamente, depois de pertencer a um conhecido construtor setubalense o imóvel mudou de dono encontrando-se agora na posse de um organismo bancário que pelos vistos tem intenção de ali poder um dia vir a instalar uma agência ou dependência.

A questão que se coloca é saber até quando é que o edifício continuará neste miserável estado de apresentação e conservação, sendo que a PSP tem junto ao mesmo um espaço destinado ao parqueamento de viaturas particulares.

Se um bocado daquele prédio cair e danificar uma das viaturas que vai assumir a culpa? A PSP cujos automóveis estão à sua responsabilidade? O dono do edifício porquanto é seu legítimo proprietário? A Câmara Municipal cujos serviços de fiscalização se mostraram incapazes de fazer com que o proprietário procedesse às necessárias obras de conservação?

Estas são algumas questões que poderão ser colocadas, porém, o  facto é que se trata de um perigo público e de um péssimo cartão de visita que urge resolver.

Rui Canas Gaspar
2019-março-30
Troineiro.blogspot.com

domingo, 17 de março de 2019


Comida do tempo dos nossos antepassados 

Dizem os entendidos nestas coisas da gastronomia que o ser humano deixou de consumir nos dois últimos séculos na ordem de uma centena de vegetais que até então usava na sua alimentação quotidiana. Exemplo disso mesmo, são as alabaças, ou acelgas, que conjuntamente com feijão originam deliciosas e nutritivas sopas, coisa que a generalidade das gerações mais novas desconhecem. 

O dinheiro não abundava e as pessoas de então deitavam mão a todos os recursos e, se aqui por Setúbal o peixe era a base da alimentação e as ovas de sardinha um importante complemento (hoje na ordem dos 15 euros por latinha) o mesmo acontecia aqui ao lado, no Alentejo, onde as silarcas, ou túberas, que podem ser confundidas com pequenas batatas,  são na realidade um cogumelo muito comum nesta região, onde são encontrados enterrados  junto às raízes dos sobreiros. 

Para quem não os quer ir apanhar nesta época do ano pode sempre  comprar as túberas à saída de Setúbal, à beira da estrada,  onde   vendedores ambulantes as comercializam tal como molhos de  espargos selvagens. 

Para fazer um delicioso manjar  junte a estes dois ingredientes uns ovos e pode fazer um prato que antigamente era comida de pobre e que presentemente, a exemplo das ovas de sardinha, não estará acessível a todas as bolsas, atendendo a que as silarcas custam entre 10 e 15 euros a porção que vemos na imagem. 

Pelo menos uma vez na vida experimente cozinhar e saborear um prato que os seus antepassados tinham na sua culinária e onde hoje salvo raras exceções só o poderá encontrar no Alentejo profundo. 

Rui Canas Gaspar
2019-março-17
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terça-feira, 12 de março de 2019


Arrábida desconhecida

Tempos houve em que o gado apascentava livremente pela Serra da Arrábida vindo até das bandas de Sesimbra até ao Creiro, junto à antiga fábrica de conservas de peixe, onde muitos romanos em tempos se afadigaram.  Ali os animais  dessedentavam-se  na conhecida Fonte da Paciência, a qual dispunha então de um tanque para esse efeito.

Com o passar dos anos a fonte foi-se finando até que aconteceu que dali saiu o último pingo de água doce. 

Em 2002 o Parque Natural da Arrábida  recuperou o local, colocou dois painéis de azulejos reproduzindo antigas fotos e colocou uns bancos de madeira, dando ao espaço um ar bastante agradável. 

A Natureza seguindo o seu curso milenar fez crescer ervas, mato, silvas e toda a espécie de vegetação ocupando o agradável local que se apresenta agora como um desleixado espaço atendendo à falta da mais elementar manutenção. 

Os painéis ainda lá estão, embora picados pelas pedradas lançadas por pessoas que de pessoas só podem ter essa designação e assim se apresenta um espaço que conta um pouco da história deste belo Parque Natural um pouco governado ao sabor do vento. 

Rui Canas Gaspar
2019-março-12
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sábado, 9 de março de 2019


Foto a la minute da Praça do Bocage, sala de visitas sadina

Este é um espaço, outrora à beira do Sado e que foi ocupado pelos romanos que ali instalaram uma fábrica de salga de peixe a qual esteve ativa durante dois séculos.

O espaço viria posteriormente a ser utilizado como lixeira, ocupando os detritos as antigas cetárias.

Depois de ser erigida a Igreja de S. Julião, o seu adro foi local de sepultamento de muitos setubalenses.

No século XV por junção de várias casas nasceria o Paço do Duque, nesta zona central da Vila de Setúbal.

Neste local, na área até há pouco ocupada com as demolidas instalações da pizaria funcionou o picadeiro do Paço.

Depois de algumas alterações aqui viria a nascer o Largo do Sapal tendo ao centro a fonte que D. João III mandou depois desmontar e colocar mais perto do edifício dos Paços do Concelho e que viria de novo a ser desmontada para ser recolocada na Praça Teófilo Braga, junto à Cáritas Diocesana.

Em 21 de Dezembro de 1871 naquele amplo espaço seria erigido o monumento a Bocage e a Praça assumiria a designação do maior poeta nascido em Setúbal.

Muitas foram as transformações da arquitetura desta praça, um pouco ao sabor das épocas e dos gostos e chegamos ao século XXI com a atraente decoração que conhecemos, porém só possível de apreciar em toda a sua beleza se estivermos num ponto alto.

Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2019-março-09