O INACREDITÁVEL ACONTECEU EM SETÚBAL
Tenho vindo a congratular-me com
os arranjos e a valorização que tem
vindo a ser levado a cabo no nosso mais antigo e sempre belo Parque do Bonfim.
Hoje, 30 de outubro deste ano de
2016 fui surpreendido com a novidade de que o antigo bebedouro, colocado perto
do parque infantil, trabalhado em brecha da Arrábida, uma pedra que já não pode
ser extraída e por isso mesmo se vai tornando rara e extremamente cara, teria
sido substituído.
Mas, embora acreditando na
novidade que me estavam a dar, acabei por fazer como o São Tomé, fui ver para
crer.
O que vi deixou-me estupfacto pelo tremendo mau gosto e
pela inutilidade da substituição do artístico bebedouro. É que o mesmo foi de facto retirado e substituído
por um tubo metálico com o bebedouro em inox no topo da coluna.
Como cereja em cima do bolo, os “artistas”
deixaram um bloco de pedra (brecha da Arrábida) ao lado do tubo para as
crianças mais pequenas poderem chegar ao topo do equipamento.
Olhando para a nova escultura, a
D. Vinha, veio-me à mente que aquela senhora pouco satisfeita certamente ficaria se lhe retirassem uns lindos e
trabalhados brincos de ouro puro para os substituir uns quaisquer lisos e sem
jeito e ainda por cima de fantasia.
Não é a primeira vez que material
retirado do Parque do Bonfim vai parar a edifícios particulares. Bem à vista de
todos estão as pedras retiradas da antiga fonte do anjo da guarda e que foram
adornar as janelas da gruta de Santo António que hoje ainda podemos ver (agora
com maior destaque) no Palácio Botelho Moniz.
Não sei se isso irá acontecer,
por isso não vou levantar falso testemunho, mas não gostaria de ter
conhecimento de que a coluna artisticamente trabalhada em brecha da Arrábida vá
um dia aparecer num qualquer jardim particular.
Como cidadão desta terra e, como
tal, coproprietário desta peça julgo ter o direito de saber onde ela foi parar
e qual o destino que irá ser dado à mesma.
Porque vivemos em democracia não
posso questionar as ações do Executivo municipal, porquanto se encontra legitimado
pelos votos expressos em urna. Isso não impede o vulgar cidadão de apontar
aquilo que em seu entender representa uma asneira crassa e um atentado contra o
património coletivo segundo sua opinião.
Tenho pena de ter de referir este
assunto, mas se os elogios são para dar o apontar de asneiras não pode ficar
silenciado e esta é mais do que uma asneira é um verdadeiro atentado ao bom
gosto e ao património setubalense que deve ser cabalmente esclarecido por quem
de direito.
Rui Canas Gaspar
2016-outubro-30
www.troineiro.blogspot.com