Faz hoje 60 anos o dia em que quase ficamos
soterrados
Naquela madrugada de 15 de dezembro de 1963 a vizinhança
do predio com os números 51, 53 e 55, na Rua das Oliveiras, no popular Bairro
de Troino, acordou sobressaltada com o
enorme estrondo produzido nas traseiras do edifício.
Terra, entulho e enormes pedregulhos vindos do
alto caíram nos pequenos quintais , bloqueando portas e assustando os moradores
com a inusitada e perigosa situação.
Parte da muralha na zona do Baluarte de Santo
Amaro, ali junto ao Viso, mandada
construir por D. Joao IV e com obras concluídas no distante ano de 1696
sucumbiriam aos terrenos encharcados pelas chuvas outonais.
Felizmente não houve feridos, apenas prejuízos
materiais. Os bombeiros chamados ao
local mandaram de imediato evacuar o prédio, uma medida acertada, porquanto
poucas horas depois enormes pedras da muralha voltaram a cair e desta vez se
estivesse alguém nas casas não teriam tanta sorte como no inicio do
desabamento.
O Governo Civil de Setubal cedeu de imediato
uma zona do antigo Converto de S. Francisco, então parcialmente ocupado por
equipamentos do antigo Regimento de Infantaria 11 onde os moradores ficaram
alojados provisoriamente ate conseguirem arranjar novas habitações pelos seus próprios
meios.
Um dos jovens deslocados, o Mario Salgado, então
eletricista, tratou de colocar as primeiras lâmpadas eletricas que iluminaram
um pouco da escuridão daquele enorme espaco. E foi precisamente este Amigo que
hoje fez questão de me lembrar aquele dia em que ambos, ele no r/c esquerdo e
eu no direito, quase ficamos soterrados em vida.
Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com