Figueirinha a praia construída
pelos setubalenses
Muitos
daqueles que se deslocam hoje à Figueirinha, a maior praia setubalense, em
pleno Parque Natural da Arrábida desconhecem ou estarão esquecidos, que este
espaço de eleição foi conquistado ao mar, inicialmente mais por necessidade do
que a pensar no lazer.
Em
1929 o Estado aprovou uma verba de 100 mil contos destinada às primeiras obras
portuárias onde também se inseria o Porto de Setúbal cujos trabalhos teriam o
seu início no dia 28 de julho de 1930 com o lançamento da primeira pedra.
Mas
a primeira pedra seria apenas o início da colocação de milhões de outras
destinadas à edificação de cerca de 4 quilómetros de muralhas e de três docas
na baía de Setúbal.
As
pedras seriam retiradas da falésia frente à Figueirinha que por se encontrar praticamente
em cima do mar tornariam o trabalho de transporte a bordo de grande e possantes
barcaças muito mais fácil e rápido. E foi o que aconteceu.
Com
a conclusão da obra e terminados os trabalhos de extração verificou-se que a
falésia tinha recuado e consequentemente haveria agora mais espaço disponível na
sua base do que a diminuta faixa de areal até então se verificara.
O
tempo e as marés encarregaram-se de dotar a praia com mais algum espaço, porém
nada comparável ao que hoje observamos.
Foi
a construção do espigão a montante da praia e copiosas injeções de areias
obtidas com as dragagens do leito do Sado que a praia tal como a conhecemos
começou a tomar forma, facto a que não é alheio a natural movimentação de areia
devido às correntes submarinas.
Nos
últimos anos foi construído o parque de estacionamento e o mesmo foi
posteriormente melhorado e revestido com adequado pavimento, ocupando um espaço
que até há poucos anos era banhado pelas águas do Atlântico e que agora se
apresenta bem longe do mesmo.
Podemos
assim concluir que a Praia da Figueirinha é o resultado da engenharia, do
trabalho árduo e do desenvolvimento da nossa terra, onde a mão humana se sobrepôs
à da mãe Natureza.
Rui Canas Gaspar
202-abril-06