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segunda-feira, 6 de abril de 2020



Figueirinha a praia construída pelos setubalenses

Muitos daqueles que se deslocam hoje à Figueirinha, a maior praia setubalense, em pleno Parque Natural da Arrábida desconhecem ou estarão esquecidos, que este espaço de eleição foi conquistado ao mar, inicialmente mais por necessidade do que a pensar no lazer. 

Em 1929 o Estado aprovou uma verba de 100 mil contos destinada às primeiras obras portuárias onde também se inseria o Porto de Setúbal cujos trabalhos teriam o seu início no dia 28 de julho de 1930 com o lançamento da primeira pedra. 

Mas a primeira pedra seria apenas o início da colocação de milhões de outras destinadas à edificação de cerca de 4 quilómetros de muralhas e de três docas na baía de Setúbal. 

As pedras seriam retiradas da falésia frente à Figueirinha que por se encontrar praticamente em cima do mar tornariam o trabalho de transporte a bordo de grande e possantes barcaças muito mais fácil e rápido. E foi o que aconteceu. 

Com a conclusão da obra e terminados os trabalhos de extração verificou-se que a falésia tinha recuado e consequentemente haveria agora mais espaço disponível na sua base do que a diminuta faixa de areal até então se verificara. 

O tempo e as marés encarregaram-se de dotar a praia com mais algum espaço, porém nada comparável ao que hoje observamos. 

Foi a construção do espigão a montante da praia e copiosas injeções de areias obtidas com as dragagens do leito do Sado que a praia tal como a conhecemos começou a tomar forma, facto a que não é alheio a natural movimentação de areia devido às correntes submarinas. 

Nos últimos anos foi construído o parque de estacionamento e o mesmo foi posteriormente melhorado e revestido com adequado pavimento, ocupando um espaço que até há poucos anos era banhado pelas águas do Atlântico e que agora se apresenta bem longe do mesmo. 

Podemos assim concluir que a Praia da Figueirinha é o resultado da engenharia, do trabalho árduo e do desenvolvimento da nossa terra, onde a mão humana se sobrepôs à da mãe Natureza. 

Rui Canas Gaspar
202-abril-06


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