notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Temos uma fronteira em Setúbal? 

Embora quem vem das bandas do Lidl para o Complexo Desportivo Municipal da Várzea possa encontrar um sinal de trânsito que informa que o largo caminho de terra batida não tem saída, o facto é que todos sabemos que isso não é verdade e que o mesmo faz a ligação com a Estrada dos Ciprestes, junto à Azinhaga de São Joaquim. 

Porém, para os automobilistas que possam vir de nascente para poente, ou vice-versa, a via só vai mesmo até ao campo de futebol dos Pelezinhos, porquanto aí é barrada com uma cancela à laia de uma qualquer fronteira. 

Sabendo nós que em 1990 os ambientalistas do Núcleo de Setúbal da QUERCUS ali fizeram uma ação barrando o caminho para que não houvesse atravessamento pela Várzea e que agora no local está uma estrada que só falta ser asfaltada. Sabendo-se também que o projeto do Parque Urbano da Várzea contempla uma avenida de atravessamento com praticamente o mesmo traçado, não dá para compreender o porquê da tal luzidia cancela. 

Hoje ao fazer por ali uma volta de reconhecimento antes de dar por concluído o livro “A ULTIMA FRONTEIRA” que tenho estado a escrever e que aborda precisamente toda aquela rica zona da nossa cidade, não deixei de sorrir ao fotografar esta nova cancela fechada com um brilhante cadeado de latão e pensei que a imagem se encaixa na perfeição ao título deste meu novo livro. 

Porém, continuo a não saber o porquê da existência desta barreira, quando está anunciada a nova avenida de atravessamento e os carros por ali continuam a circular, sem no entanto poderem transpor esta última fronteira. 

Rui Canas Gaspar 

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2018.01.2018

sábado, 27 de janeiro de 2018

Em Setúbal a Fonte do Sapal parece chorar pelo desleixo a que está submetida 

A Fonte do Sapal é um dos monumentos mais bonitos que temos na cidade de Setúbal e que não se ficará atrás de muitos outros que podemos apreciar pelas mais diferentes grandes cidades europeias. 

Curiosamente, hoje fui apreciar esta peça com um pouco mais de pormenor e surpreendi-me com o estado de desleixo a que está votada, exigindo-se rápida intervenção. 

No alçado posterior, por entre algumas pedras corre a água que vai parar ao pavimento, transformando-o em lamaçal. Este facto indicia fuga no tanque principal que deve ser calafetado. 

Entre algumas peças do alçado principal o musgo cresce a olhos vistos e as ervas proliferam igualmente entre os trabalhados e artísticos blocos de mármore. 

Mas o que mais me surpreendeu, foi a força da mãe natureza, quando verifiquei que entre as pedras da fonte já está a crescer uma casuarina, que neste momento já terá cerca de 0,25 cm. de altura. 

De notar que se trata de uma árvore, aparentada com o pinheiro e que poderá atingir algumas dezenas de metros. Uma semente trazida pelo vento e as condições adequadas fizeram este milagre da Natureza. 

A Fonte do Sapal, um dos mais belos monumentos setubalenses, continua a verter as águas que mais  parecem lágrimas de desgosto pelo desleixo a que está votada. 

É urgente uma intervenção, porque quanto mais tarde pior. 

Rui Canas Gaspar 

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2018-janeiro-27

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Tragédia na Várzea de Setúbal 

Pouco depois de se ter deitado o lavrador, proprietário da Quinta  do Paraíso acordou sobressaltado com uma discussão que a sua cozinheira estava a ter com alguns cavaleiros que tinham chegado à porta de sua casa. 

Apercebendo-se do que se estava a passar e temendo pela vida, antes que entrassem na casa, o lavrador saltou por uma das janelas e correu pelo campo, em trajes menores, tentando fugir-lhes. 

A lua traiu-lhe e foi avistado por um dos elementos do grupo que deu o alerta e, galopando, os cavaleiros acabaram por o apanhar. 

Naquele ano de 1833, quando o país combatia numa sangrenta guerra civil, Setúbal já estava adormecida quando o grupo de cavaleiros apoiante do partido Miguelista entrou aqui transportando uma alcofa com o cadáver esquartejado do lavrador, um conhecido membro Liberalista. 

O ódio político e o fanatismo conseguem fazer destas coisas, como aqui se relata de forma sucinta e que poderá ler com mais pormenor dentro em breve, quando em Abril for apresentado “A ÚLTIMA FRONTEIRA” um livro  com factos, histórias, curiosidades e assuntos do mais variado interesse abarcando a rica e outrora produtiva zona da Várzea de Setúbal. 

Rui Canas Gaspar 

livrosdorui.blogspot.com 


2018-janeiro-25

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

“Novo tiro” na Casa das 4 Cabeças, em Setúbal 

 “Muitas cabeças, muitas sentenças” ou então “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Assim podia continuar a história da Casa das 4 Cabeças adquirida por expropriação pela Câmara Municipal de Setúbal, declarada em 1977 como imóvel de interesse municipal e que agora vai conhecer novo capítulo. 

Depois de terem começado as obras de recuperação do velho imóvel localizado na Rua Fran Paxeco, antiga Rua Direita de Troino e das mesmas já terem atingido um bom estado de desenvolvimento acabariam por parar porquanto, financiada com fundos comunitários teria ultrapassado os 360 mil euros e, como tal, teria de ter o visto do Tribunal de Contas. 

Depois de meses de trabalhos, outros tantos esteve para ali hibernada até que os andaimes foram retirados e aparentemente foi dada por concluída, estando então os cinco apartamentos, T0 e T1, aptos a receber proprietários e inquilinos que decidam recuperar as suas casas e não tenham onde ficar no decurso dos trabalhos, segundo até então anunciado pelo Município. 

Ora acontece que os tais inquilinos e proprietários, se estavam à espera desta obra estar concluída para irem fazer as suas próprias terão de pensar noutra solução é que a dita casa das 4 cabeças, vai ser ocupada por outras pensadoras cabecinhas. 

A presidente Dores Meira informou os seus munícipes presentes no Salão Nobre dos Paços do Concelho, na fria noite de 17 de janeiro deste ano de 2018 que a obra está concluída, mas o seu destino encontra-se agora em discussão com o IPS de forma poder vir a ser ocupada por alunos do Programa ERASMUS. 

Assim sendo, temos um novo “tiro” e diferente capítulo é aberto nesta já longa estória de uma casa onde os ventos da História dizem que dali, em 1484, partiram os tiros destinados a matar o Rei D. João II, quando o mesmo integrava a procissão de Corpo de Deus. 

Rui Canas Gaspar 

2018-janeiro-18 


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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Em Setúbal, a Praça do Bocage vai “crescer” 

No âmbito da “revolução” que agora começou na baixa e que vai originar que os 15% de esgotos da cidade sejam encaminhados para a ETAR da Cachofarra ao invés de serem despejados no Rio Sado, será aproveitada a oportunidade para a alteração de vias e passeios o que originará um nivelamento de pavimentos entre o Largo de Jesus e a Praça do Bocage. 

O projeto contempla também o aparecimento de uma rotunda entre a Av. dos Combatentes e a General Daniel de Sousa, enquanto na Praça Almirante Reis, onde se encontra o monumento aos mortos da grande guerra nascerá uma “ovalunda”. 

Mas um pormenor interessante é que a Praça do Bocage também vai ser contemplada com mais espaço para usufruto da população e pelos vistos vai ficar bem mais bonita. É que a construção ocupada pela pizaria vai desaparecer dali ampliando assim o espaço útil da praça que naquele local ficará com um tratamento especial com algo parecido com ondas. 

Quem não fez grandes ondas foram os comerciantes e moradores da zona dos Combatentes que até há poucos minutos escutaram os técnicos da autarquia e a presidente que elucidou os presentes que quase enchiam o salão nobre dos Paços do Concelho e se colocaram à sua disposição para o eventual esclarecimento que fosse solicitado. 

Rui Canas Gaspar 

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2018-janeiro-17

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Uma das últimas tabernas setubalenses 

Há 42 anos que D. Fernanda está a explorar aquela vetusta taberna localizada na Rua Fran Pacheco, a antiga Rua Direita de Troino, mesmo em frente à renovada e desocupada “Casa das 4 Cabeças” um imóvel adquirido pela Autarquia e que foi alvo de intervenção com vista à sua recuperação. 

A taberna mantém a antiga estrutura de certo modo comum a todos os antigos estabelecimentos do seu género, com o amplo balcão em pedra mármore, uma pia para despejos e uma pequena casa de banho adaptada para o efeito num canto do estabelecimento. 

D. Fernanda, simpática, conversadora, de origem indiana, veio de Moçambique após a descolonização e aqui se radicou com o falecido marido e seus três filhos, fazendo deste negócio o seu ganha-pão. 

O longo tempo que as obras da emblemática casa situada mesmo em  frente da sua taberna, com os taipais a ocuparem toda a pequena frente da rua inviabilizaram a rentabilização do seu negócio que sofreu uma enorme quebra. 

Agora que os taipais já desapareceram pode ser que os clientes regressem, a exemplo dos futuros inquilinos daquela casa que a Câmara se propôs adquirir e que continua vazia. 

À D. Fernanda que está aos comandos desta que é uma das últimas tabernas setubalenses, resta a esperança de dias melhores, porque a esperança é a última a morrer. 

Rui Canas Gaspar 

2018-janeiro-12 


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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Uma proeza à Django 

Armando Cabrita, popularmente conhecido por Django, pese embora os seus 65 anos é um atleta fora de série e curiosamente o mais velho trabalhador da Sécil, no Outão, e um dos mais antigos operários ao serviço daquela cimenteira. 

Costuma deslocar-se a pé, para manter a sua extraordinária preparação física desde aquela unidade industrial até Setúbal onde reside. 

Em 1973, era um jovem gruista naquela empresa, quando o representante francês da Potain, o tipo de equipamento que Armando operava por lá se encontrava e, conversa puxa conversa, o nosso amigo Armando acabou por dizer ao francês que seria não só capaz de ir a pé até à ponta da lança como ali fazer o pino. 

Ora o francês riu-se do atrevimento “impossível” do português e perante alguns colegas decidiu apostar o seu mês de ordenado com o de Armando. Note-se que o francês ganhava cinco vezes mais que o português. 

À hora de almoço largas dezenas de trabalhadores da Sécil ficaram de cabeça no ar a ver tamanha proeza e, Armando não só subiu os 110 metros da grua como andou pela lança como se estivesse numa avenida. Chegado ao topo, tratou de fazer o pino não durante um minuto mas sim durante quase dois. 

Acabado o tempo, voltou até à cabine, desceu calmamente e foi ter com o camarada que tinha ficado com o dinheiro da aposta recolheu-o e foi-se embora deixando o francês de cara à banda. 

E foi precisamente com esse dinheiro que se deslocou a Lisboa onde comprou a conhecida moto de cor vermelha que tanto sucesso fez naqueles anos 70 entre os frequentadores do Café Central, em Setúbal. 

O curioso é que Armando não tinha carta de condução, nem nunca tinha andado de moto, pelo que o vendedor a veio colocar no ferry que atravessava o Tejo. É claro que já em Cacilhas, o nosso homem montou-se naquele potente e vistoso “animal” e conduziu-o até Setúbal, uma aventura que nem o original Djando provavelmente se atreveria a levar de vencida. 

Rui Canas Gaspar 

2018-janeiro-11 


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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Quem conhece o “Django” ? 

Quando um destes dias virem um ponto amarelo a mover-se no meio da baía de Setúbal, prestem atenção porque pode ser a toca usada por um nadador, ainda que o dia esteja frio e cinzento, para ele não há dias maus, todos são bons dias para nadar e exercitar. 

Se tiverem um pouco de paciência e sorte poderão observar um homem no Parque Urbano de Albarquel, cabeça no chão, apoiado nos braços e pernas esticadas para cima, uma posição que não é para qualquer um. 

Mas se eu vos disser que este homem atravessa a nado de Setúbal para Troia e de lá para cá, que vem a pé da Sécil para Setúbal e que anda dezenas e dezenas de quilómetros diariamente, estamos a falar de um verdadeiro e invulgar atleta. 

Se tivermos em consideração que ele nasceu em 1953, portanto estará com 65 anos e faz o que faz estamos a falar de um fenómeno setubalense. 

Seu nome é Armando Cabrita, mais conhecido por “Django” o tal das célebres cawboiadas dos anos 60 passadas nos cinemas setubalenses  Salão e Casino e, porque queria imitar aquele seu herói com os seus saltos acrobáticos tanto tentou que conseguiu e essa será uma das suas metas para este ano de 2018, voltar a dar o salto à “Django” 

Armando um homem que treina desde pequenino, um atleta de eleição, simpático, discreto, eficiente, um dos melhores que por cá temos, senão mesmo o melhor. 

Rui Canas Gaspar 

2018-janeiro-08 


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