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quinta-feira, 25 de maio de 2023

 


Tempos de fartura de peixe em Setúbal


Contavam os antigos pescadores por altura dos anos 50 do passado século XX que o principal motivo para o desaparecimento da fartura de sardinha, aqui na nossa costa, prendia-se com a degradação dos fundos marinhos originada pelos arrastões.

Anos mais tarde uma nova “epidemia” se abateria sobre os homens do mar, que sem saberem como começaram a capturar toneladas de “apara lápis” (pequeno peixe com bico comprido) sem grande valor comercial, fazendo praticamente desaparecer a sardinha que até então capturavam.

Com a falta de matéria prima, as dezenas de fábricas de conserva começaram a fechar, os barcos deixaram de ser rentáveis para os armadores e a profissão de pescador tal como a das conserveiras em poucos anos praticamente ficou extinta.

Resta-nos imagens como esta legada pelo grande Américo Ribeiro, neste caso mostrando-nos dezenas de barcos carregados de peixe e grande azáfama junto à doca dos pescadores.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

domingo, 7 de maio de 2023

 



O Sr. Elias e a Ti Laura referências de Troino 


Foi a propósito de um post sobre os deliciosos bolos que a Ti Laura confecionava e vendia à porta do antigo Grande Salão Recreio do Povo, popularmente conhecido entre os antigos setubalenses simplesmente por “salão”, que dei comigo a pensar no local onde eram cozidas aquelas delícias, que passados tantos anos ainda não saíram da memória de muitos setubalenses.

O forno a lenha alimentado por grandes ramagens de pinheiro seco, era uma construção de alvenaria em forma de abóboda que ficava mesmo em frente da casa da Ti Laura, na Rua Jacob Queimado, na padaria do Sr. Elias, padaria que tinha portas de entrada na Rua do Queimado (como assim era designada pelo pessoal do bairro de Troino) e Paulino de Oliveira.

Era também nesse seu forno, antes do mesmo arrefecer depois de cozido o pão,  que o simpático e solicito proprietário deixava a vizinhança assar umas batatinhas doces ou mesmo torrar alguma farinha de trigo destinada a alimentação dos mais pequenos troineiros, como acontecia lá em casa.

Guardo ainda na memória que era na padaria do Sr. Elias que também se confecionava e comercializava o delicioso “pão espanhol”, mais branco, mais fino, de sabor mais agradável, embora provavelmente não tão bom para a saúde como seria aquele outro conhecido por “pão escuro”.

Quer a Ti Laura, quer o Sr. Elias há muito que nos deixaram, mas a sua memória ainda hoje perdura, volvidos tantos anos, na mente e no coração de tantos e tantos troineiros que com estas personagens tiveram a oportunidade de se cruzar na estrada da vida.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com