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terça-feira, 27 de julho de 2021

 


Há 51 anos nem a morte de Salazar nos livrou!...

Éramos (e somos) três bons amigos que desde tenra idade fizemos parte de um grupo de escuteiro setubalense e que nesta foto nos apresentamos como equipa de ténis de mesa, representante local desse Movimento Mundial..

Quando jovens, tal como uma dúzia de escuteiros do mesmo grupo, fomos incorporados no serviço militar obrigatório e pouco depois enviados para as três frentes de combate que Portugal travava lá longe, em África, nas suas colónias da Guiné, Angola e Moçambique.

Naquele dia 27 de julho de  1970 o Ricardo Soromenho estava para embarcar em Lisboa no Navio Bragança no mesmo dia eu faria o mesmo no Ana Mafalda. Foi então que a rádio noticiou o falecimento de Oliveira Salazar e logo os rumores começaram a circular pelo cais de embarque que os navios transportando centenas de militares para a Guiné não largariam amarras do porto de Lisboa.

Poucos dias antes já o Mário Salgado tinha ali embarcado no velho paquete Carvalho Araújo também ele rumo à Guiné integrado numa companhia que foi reforçar a localidade de Pirada alvo de violentos ataques do PAIGC de que resultou mortos, feridos e prisioneiros entre as nossas tropas.

A morte de Salazar afinal de pouco nos serviu pois pela tardinha ambos os barcos deixavam a barra de Lisboa, rumo a Bissau e a uma guerra que nos poupou a vida e que continuamos a recordar sem saudade a não ser aquela dos nossos bem passados tempos de juventude.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

2021-julho-27

domingo, 4 de julho de 2021

 

A última subida ao Alto do Formosinho



O peso dos anos já se faziam sentir quando liderei um grupo de jovens num acampamento levado a efeito no CEADA, o belo parque que os Escuteiros da Região de Setúbal possuem nos Picheleiros, em pleno coração da Serra da Arrábida.

Embora os jovens presentes naquele evento não fossem escuteiros, o tipo de atividades que lhes proporcionamos  foram idênticas ao que os jovens deste movimento mundial levam a cabo aquando nos seus acampamentos.

Uma destas atividades consistia na subida ao ponto mais alto da Península de Setúbal, o Alto do Formosinho, pelo que pedi a um experiente chefe escuteiro que guiasse o grupo, ficando eu para trás, tipo “carro vassoura” estando no entanto mentalmente preparado de que já não conseguiria completar o meio quilómetro do trajeto sempre a subir.

Acontece que passados algumas dezenas de metros andados, encosta acima, dei conta de que um dos jovens mostrava alguma dificuldade pelo que lhe disse para descansar e não tentar a subida até ao marco ao que o rapaz me respondeu que queria lá chegar mesmo que fosse o último.

Bem, como “querer é poder” embora caminhando mais devagar o moço gordinho foi trepando pelos íngremes carreiros e eu a acompanhá-lo e
poucos minutos depois do grupo ter chegado ao cimo da serra lá chegávamos os dois  a tempo de fazer o registo fotográfico para a posteridade e admirar a soberba paisagem que daquele ponto se desfruta desde o Monte Abraão, até ao Atlântico, de Troia a Lisboa…

A atitude de perseverança daquele jovem levou-me também a conseguir aquilo que já tinha dado por impensável e não lhe tinha confessado, ficando para mim mais uma lição daquelas que vamos aprendendo ao longo da vida , ou seja:  “faz mais quem quer do que quem pode”.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

21-julho-04