notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sexta-feira, 30 de junho de 2017

O Atlântico e o Sado conspiraram para oferecer a Setúbal uma nova pérola 

O inesquecível “monte branco” local de tantas brincadeiras daqueles felizardos  que nos seus tempos de juventude demandaram o Portinho da Arrábida desapareceu definitivamente , deixando no seu lugar uns vulgares rochedos, iguais a tantos outros. 

O Atlântico  decidiu que era tempo de mudar aquele monte de areia e levá-lo para outro lugar. Vai daí, conversou com o Sado e em comum decidiram que o areal seria transferido para Setúbal de forma a fazer aqui uma ampla praia de areia branca como existia antes da construção das muralhas e docas que hoje os setubalenses tão bem conhecem. 

Calma, silenciosa e pacientemente o Atlântico começou o seu árduo trabalho de retirada daquele enorme, fino e branco monte de areia e o Sado dedicou-se com afinco ao trabalho de a repor ali junto ao canto da popularmente conhecida estacada do carvão. 

E assim, sem grande alarido o Sado já conseguiu para ali transportar algumas toneladas de areia que estão já a cerca de um metro do topo da muralha, junto à estacada. 

O Sado de forma discreta e eficiente correu dali com o vetusto  barco EVORA fazendo com que na maré vazia ficasse com as hélices em seco. 

O Sado agora está muito contente e feliz, pois já vê, sobretudo na maré baixa, uma ampla praia que vai do novo “monte branco” frente ao edifício dos cacifos dos pescadores até à Praia dos Cantoneiros, junto à Gávea. 

Se um destes dias alguém quiser dar uma ajudinha, coisa que o Sado agradece, Setúbal será então bafejada com a sorte de ter uma das mais belas e compridas praias urbanas de Portugal e tudo isto graças ao complô destes dois nossos amigos, o Atlântico e o Sado de quem tanto gostamos e que cobiçamos sobretudo as suas lindas roupagens de cor azul, agora cada vez mais debruadas a branco. 

Rui Canas Gaspar 

2017-junho-30 


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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Quem conhece João Raposo um resistente homem da cultura ?

João Carlos Raposo Nunes, poeta e livreiro, uma figura bem conhecida do mundo da cultura, também conhecido como competente alfarrabista, é o homem que dá corpo à Livraria Uni Verso, um pequeno templo da cultura erigido por ele no passado ano de 1989 e que muitos setubalenses não dispensam de visitar com regularidade.

João Raposo, como é conhecido pela generalidade dos setubalenses, nasceu em Lisboa no ano de 1955 e por cá se radicou e criou raízes, tendo até colaborado com o jornal O SETUBALENSE onde durante alguns anos manteve a  rubrica cultural “Arca do Verbo”.

O poeta livreiro tem o seu pequeno espaço na baixa da cidade, no número 13 da Rua do Concelho, nas traseiras dos Paços do Concelho, ali bem perto da delegação de Setúbal da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, onde vende livros novos e usados a partir de 1 euro.

De facto é uma guerra pela sobrevivência aquela que João Raposo trava todos os dias para manter a porta aberta ao público, um público que teima em relegar a cultura para segundo plano, num país onde a produção de bens culturais não é feita em larga escala e cujos artigos continuam a ser taxados por quem deveria olhar de forma diferente para este importante aspeto da vida dos cidadãos.

Rui Canas Gaspar

2017-junho-29

terça-feira, 27 de junho de 2017

Precisamos em Setúbal de passadeiras mais bem identificadas 

Segundo me informou um agente da P.S.P. a maior parte dos acidentes em Setúbal acontecem precisamente nas passadeiras de atravessamento das vias, local teoricamente mais seguro. 

Os condutores setubalenses desde há muito que se habituaram a respeitar os peões aquando no atravessamento nas passadeiras, lembro-me de logo  após a revolução de 25 de abril ter organizado uma ação com os escuteiros onde fizemos e distribuimos aos condutores algumas centenas de panfletos sobre este assunto quando o trânsito era incomparavelmente menor do que é hoje. 

Seja por falta de perícia, descuido, ou por qualquer outro motivo o facto é que os acidentes acontecem. 

As tintas aplicadas na marcação das nossas vias tem um reduzido tempo de duração e rapidamente são apagadas e os automobilistas por vezes deixam também de as ver, e se não repararem na sinalização vertical pior um pouco. 

No vizinho concelho de Palmela optou-se, e bem, pela colocação de um holofote sobre as passadeiras, com a particularidade do suporte ser de secção quadrada e pintado de amarelo e negro, o que à distância dá logo para identificar a zona da passadeira. 

Em Setúbal também existem meia dúzia de passadeiras bem sinalizadas com luzes led colocadas no pavimento, o que é uma boa ajuda a quem conduz à noite. 

Para bem de peões e automobilistas convém que este assunto seja rapidamente tomado na devida conta e que se generalize a colocação de luzes led no pavimento a par de devida repintura das desaparecidas passadeiras. 

Rui Canas Gaspar
2017-junho-27

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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Vai ser inaugurado em Setúbal o monumento dos golfinhos 

Foram necessárias 30 toneladas de ferro e chapa de aço para se erigir o monumento evocativo do 25 de Abril e das Nacionalizações, inaugurado no dia 1 de outubro de 1985 e que podemos apreciar na rotunda da Praça de Portugal. 

Esta era provavelmente a mais pesada obra de arte que embelezava a nossa cidade e que agora vai ser destronada pela escultura dos golfinhos, erigida na Praça 25 de Abril de 1974, vulgarmente conhecida como a “Rotunda do Alegro”.

Para a construção deste novo elemento escultórico foram adquiridos no Alentejo uma dezena de blocos de pedra mármore totalizando mais de 200 toneladas, nos quais o escultor Carlos Andrade fez nascer um conjunto de brincalhões golfinhos. Uma forma de homenagear estes simpáticos habitantes do nosso Rio Sado. 

Hans-Peter Buehler e sua esposa Marion cidadãos alemães radicados em Setúbal e que deram corpo à fundação que porta o seu nome, são os responsáveis por este enorme monumento que já embeleza a principal entrada na cidade de Setúbal. 

O casal acompanhou de perto todo o projeto, tratou de arrendar o espaço para a execução da obra de arte, pagou a pedra, o transporte, o artista e mesmo depois de ter gasto uma pequena fortuna, que oferecem à cidade, ainda são eles os anfitriões no dia 29 deste mês de junho de 2017 do cocktail que assinala a inauguração da obra. 

Setúbal tem de estar forçosamente reconhecida a quem a tem ajudado a tornar-se mais bonita e a Fundação Buehler  Brockhaus tem estado, sem sombra de dúvida,  na linha da frente com a doação de verbas destinadas as obras de arte que embelezam a cidade e para as quais a benemérita fundação já despendeu  largos milhares de euros. 

O meu reconhecido muito obrigado, enquanto cidadão desta terra que me viu nascer tal como os meus antepassados e meus descendentes.

Rui Canas Gaspar
2017-junho-26

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domingo, 25 de junho de 2017

Um valioso prémio na Feira de Santiago

Naquele tempo a Feira de Santiago era seguramente o maior evento que se realizava em Setúbal, por isso não era de admirar que se juntasse dinheiro para mandar fazer ao alfaiate ou à costureira uma roupa nova que se estrearia aquando de um passeio pelo popular certame.
As barracas de comes e bebes, a par das que vendiam louças de barro ocupavam boa parte do espaço, até porque era esse o tipo de louça que a generalidade da população usava no seu dia-a-dia.
O circo era o divertimento de excelência e as barracas de sai-sempre também não faltavam por ali e, foi a uma delas que se achegou Artur, um jovem pescador setubalense pouco depois de ter saltado para terra e ter deixado a canoa fundeada na Praia do Seixal, local onde alguns anos mais tarde se viria a construir a Doca dos Pescadores.
Passados tantos anos e embora utilizando métodos ligeiramente diferentes, continuamos a ver no certame idênticos espaços onde cada um tenta a sua sorte, agora com muitos bonecos de peluche e artigos de plástico.
Naquela segunda metade dos anos 20, do século XX, esses eram materiais inexistentes e as peças confecionadas em barro pintado eram aquelas mais sorteadas.
O pescador comprou uma rifa naquela barraca e para sua surpresa a sorte ditou que lhe saísse uma bonita peça de porcelana, uma casinha bem bonita pintada com lindas flores e com um relógio, peça não muito comum naqueles tempos.
Passados tantos anos, a bonita peça ainda existe e tem na sua base o carimbo da Vista Alegre, uma das peças feitas por aquela conceituada e famosa fábrica, destinada a comemorar o seu centenário (1824 – 1924).
Ao olhar para a peça não deixo de ficar a pensar como seriam por demais importantes aqueles certames e que influencia teriam na vida da cidade, quando até numa das barracas da sorte poderiam ser sorteadas peças tão valiosas como aquela que aqui vemos na foto.
Rui Canas Gaspar
2017-junho-25
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quarta-feira, 21 de junho de 2017


O painel da Fonte de Aldeia Rica

Quem vai de Vila Nogueira de Azeitão para Sesimbra, encontra à saída, no seu lado esquerdo, uma artéria com a curiosa designação de Rua do Fisco. E é precisamente logo à entrada dessa rua azeitonense que podemos apreciar a bela “Fonte de Aldeia Rica” com o seu interessante baixo-relevo embutido no conjunto. 

A fonte de duas bicas com tanque para servir de bebedouro aos animais é uma bela obra de arte e é uma das três mandadas construir pelo juiz Agostinho Machado de Faria, o mesmo governante que mandou edificar a imponente Fonte dos Pasmados que se encontra na zona central de Vila Nogueira de Azeitão. 

No painel maneirista podemos observar oito elementos figurativos esculpidos em medalhões com pombas, anjos e cordeiros que no entender de algumas pessoas tanto podem simbolizar Jesus Cristo, como João Batista ou mesmo elementos de adoração pagã. 

A fazer fé numa publicação editada pela empresa “Águas do Sado” sobre as fontes e chafarizes de Azeitão, é ali referido que segundo José Cortez Pimentel o baixo-relevo que serve como principal elemento decorativo da Fonte de Aldeia Rica fará parte de um conjunto de três. 

Os painéis esculpidos em mármore de Estremoz  pertenciam à tribuna que os Duques de Aveiro tinham ao seu dispor na igreja dominicana, a qual comunicava diretamente com a ala sul do paço ducal, um austero edifício do Renascimento Clássico, existente no Rossio de Vila Nogueira de Azeitão. 

Quanto aos outros dois painéis teriam levado diferentes destinos, um foi para as bandas de Setúbal onde foi decorar a entrada da Quinta da Arca d’Água, em Alferrara, uma zona localizada perto do Parque de Merendas de São Paulo de onde provinha parte da água que abastecia a então Vila de Setúbal e corria sobre o conhecido aqueduto dos arcos. 

Este belo exemplar já lá não se encontra porquanto teria sido vendido a um antiquário que por sua vez o revendeu para ser integrado na coleção particular do falecido banqueiro Jorge de Brito. 

O outro painel encontra-se na Quinta da Aiana de Baixo, uma propriedade que se localiza entre Alfarim e a Lagoa de Albufeira, em Sesimbra. 

Se não conseguimos saber como seria a tribuna ducal, pelo menos passados tantos anos podemos ainda apreciar, em bom estado de conservação, este painel que se encontra numa rua do concelho de Setúbal, sob o olhar atento do poderoso e omnipresente “fisco”. 

Rui Canas Gaspar 

2017-junho-21 


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terça-feira, 20 de junho de 2017

Na Praia de Albarquel, estacionamento selvagem já era! 

Se eu gostar muito, mas mesmo muito de ver aquele filme que está a passar no Fórum Luísa Todi, for comprar bilhete de ingresso e na bilheteira me disserem que a lotação está esgotada, será que eu vou forçar a porta, entrar na sala e colocar-me de pé à frente de alguma pessoa ou mesmo sentar-me ao colo de algum espectador? 

Claro que não, isto é um absurdo, não passa pela cabeça de ninguém! 

Então, porque carga de água é querendo eu ir tomar uma banhoca a uma das belas praias da Arrábida e lá chegando e constatando que não tenho lugar disponível para parquear a viatura decido deixar a mesma em cima de uma curva, sobre um traço amarelo, ou mesmo em segundo fila, ocasionando que por vezes impeça a circulação dos demais automobilistas? 

Infelizmente é isto que acontece com alguma frequência, originando até, com este procedimento, o acesso a viaturas de emergência que quase voam por essas estradas para depois ficarem retidas devido a tamanha falta de bom senso de alguns automobilistas. 

E como para grandes males grandes remédios eu acho muito bem que tenham sido bloqueadas viaturas e autuados condutores infratores, não porque eu também não cometa infrações, como qualquer condutor, mas sim pela burrice que é o parquear em semelhantes circunstâncias. 

E, também por isso mesmo, acho muito bem a medida que a autarquia setubalense acaba de tomar mandando colocar pinos metálicos ao longo do acesso à Praia de Albarquel, de forma a eliminar o estacionamento abusivo ao longo do acesso àquele espaço agora com pavimento renovado. 

A semana começou com uma equipa do Serviço de Trânsito Municipal a colocar os pinos ao longo das bermas, trabalhos que poderão estar concluídos até ao final da semana. Assim sendo, se vai para a Albarquel terá de ir a pé, de bicicleta ou até levar o seu automóvel e estacionar no respetivo lugar de parqueamento, porque o estacionamento selvagem já era!... 

Rui Canas Gaspar 

2017-junho-20 


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domingo, 18 de junho de 2017

Adeus Setúbal 

Batizaram-me em 18 de julho de 1931 com o nome de “EVORA” e sou alemão de nascimento, porém é ao povo português que entreguei o meu coração desde que naquele dia de verão entrei nas águas do Báltico. 

 Com ele tenho convivido ao longo das dezenas de anos, iniciando-se a nossa íntima relação logo após ter sido dado à luz no distante fiord de Kiel, na Alemanha. 

Já em pleno inverno, encetei a viagem de uma semana pelo Oceano Atlântico, nem sempre calmo, diga-se de passagem, navegando desde o local do meu nascimento até Portugal. Por aqui tendo ficado e trabalhado arduamente, ou não fosse eu um forte barco construído com chapas recicladas de carros de combate utilizados na Primeira Grande Guerra. 

Tive a grata missão de transportar as mais diversas pessoas: umas de origem humilde, outras figuras importantes, de uma para a outra margem do Rio Tejo, orgulhando-me de ser o barco que mais gente passei de uma para a outra banda. 

Todos gostavam de mim e eu próprio também tinha muito orgulho na minha pessoa, não por ser narcisista, mas porque quando jovem, era de facto bonito, o mais rápido no Tejo, muito asseado, o único que aqui usava motor diesel. Ninguém, em todo o mundo, tinha hélices como as minhas, fabricadas em aço inoxidável, um material ainda pouco conhecido naquela época. 

Trabalhei duramente durante muitos anos no transporte de pessoas entre o Barreiro e Lisboa até que pouco depois da revolução de 25 de abril de 1974 prescindiram dos meus serviços, dizendo que eu estava velho demais, imaginem!... 

Encostaram-me a um velho cais e para ali estive triste e abandonado e quase condenado à morte não fora um setubalense que me viu e me salvou e me trouxe para o belo rio azul naquele ano de 1990. 

Depois de recuperado por aqui andei com os meus amigos golfinhos, de vez em quando ia até ao Tejo fazer uns serviços, mas regressava sempre às águas azuis do nosso Sado. 

Certo dia, em 2017, um alfacinha enamorou-se de mim e comprou-me, levando-me de volta ao Tejo onde agora ao som do fado transporto turistas e visitantes da bela capital portuguesa, embora reconheça que estas águas nada tem a ver com aquelas outras que me acolheram ao longo de cerca de um quarto de século. 

A vida tem destas coisas e sabe-se lá quantos mais anos ainda andarei por cá e o que será que a vida me reserva. 

Resta-me despedir-me dos meus bons amigos, sobretudo daqueles que gostavam tanto de mim que me alcunharam do “Cisne branco do Sado” e que carinhosamente usaram os meus serviços onde juntos desfrutamos do nosso belo rio azul. 

Rui Canas Gaspar

2017-junho-18

sábado, 17 de junho de 2017

Em Setúbal todos os caminhos vão dar ao PUA 

Às 22,00 horas quando os termómetros em Setúbal marcavam 30 graus, uma temperatura anormalmente elevada, milhares de pessoas dirigiam-se para o Parque Urbano de Albarquel quando este já se encontrava bem animado. 

Naquele espaço, que mais parece uma feira, podemos escutar aqui e ali músicos, grupos de bombos e até um grupo de capoeira faz as suas exibições. 

Para além dos indispensáveis espaços de comes e bebes, onde não faltam as tradicionais farturas, outros stands com diversas organizações fazem-se representar, desde a Associação dos Escoteiros de Portugal até às representações das juventudes partidárias e académicas. 

A música começa antes, ali frente à Praia da Saúde, onde também um carro de som faz propaganda à festa do Avante aproveitando para vender também ingressos para aquele popular certame organizado pelo Partido Comunista Português. 

Ao longo do passeio e ciclovia uma torrente contínua de pessoas caminham na direção do PUA e, porque a noite está quente, também alguns vendedores ambulantes aproveitaram para ao longo do percurso comercializarem garrafas de água fresca. 

Quem não parece muito fresco são alguns condutores que continuam a andar às voltas pela zona para parquear o pópó, na melhor das hipóteses a esta hora só mesmo nalgum buraquinho ainda disponível no Parque José Afonso que mais parece o cais de embarque da Autoeuropa. 

Na baía, frente ao PUA alguns barcos de recreio trataram de ocupar posição para poderem ver o concerto à fresca e com os seus utentes comodamente instalados. 

Ainda nas águas a segurança é assegurada pela polícia marítima e por uma lancha salva-vidas, enquanto em terra equipas da Polícia de Segurança Pública, fardadas e à civil zelam pela segurança, complementada por uma vasta equipa de elementos de uma empresa de segurança privada, a par de algumas equipas de bombeiros. 

Tudo a postos para os grandes concertos gratuitos deste fim de semana, numa iniciativa da Associação dos Municípios da Região de Setúbal, agora que finalmente começou a correr uma ténue aragem mais fresca. 

Rui Canas Gaspar
2017-junho-16

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quinta-feira, 15 de junho de 2017



O nosso Rio Sado em Porto Rei 

Já foi local de embarque e desembarque de gente do povo, abastados lavradores ou até de importantes figuras da realeza  que ali chegaram ou dali partiram a caminho do palácio de Vila Viçosa. 

Já foi palco de volumosas cargas de cereais oriundos do Alentejo que depois vinham destinados aos moinhos que os transformavam em farinha para produzir o pão que alimentava as populações residentes nas localidades do litoral. 

Já foi o ponto onde até o Rio Sado era navegável e ali chegou a ser local de embarque e desembarque de carreiras fluviais. 

Por isso mesmo, naquele local foi construída uma boa casa apalaçada e brasonada bem como escadarias em pedra no seu cais de embarque junto ao rio. 

Andei quilómetros e quilómetros para descobrir este local, e finalmente dei com ele, porém para meu espanto o rio tinha desaparecido, as águas que outrora permitiam a navegação de grandes barcos tinham dali sumido, e até o cais deve lá estar mas não consegui descortina-lo devido ao intenso matagal em que a outrora margem se transformou. 

Apenas por ali se pode observar, só e triste o que resta da escadaria que já não conduz a lugar nenhum. 

Entrei com muito cuidado e percorri o que resta das antigas instalações onde o silêncio impera e que agora se resume a algo abandonado à sua sorte à espera que o tempo lhe dite a sentença final. 

Assim é Porto Rei, ou Del Rey, conforme a época em que o relato seja feito, o porto mais a montante do Rio Sado, um importante curso de água que deixou de correr e morre solitário e triste quase sem se falar no assunto. 

Dediquei com muito entusiasmo alguns meses a descobrir o nosso Sado.  Percorri várias centenas de quilómetros para ver e escutar e, em breve, vou partilhar muitas das suas histórias, lendas, e entrevistas com pessoas que retiraram o seu sustento das suas águas ou que simplesmente gostam dele. 

Dei ao livro o simples nome de “SADO”, mas poderia dar-lhe a sugestiva e agradável designação de “Rio Azul” ou a tristonha: “Um rio moribundo”. 

Provavelmente vai gostar de ir ver com seus próprios olhos o que eu vi, ou caso não o possa fazer pelo menos ficar a saber aquilo que eu observei. 

Rui Canas Gaspar

2017-junho-15

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Conhece este belíssimo teto setubalense? 

Muitos são aqueles que me conhecem por “rio azul” mas o meu nome atual é Sado, um dos rios que corre, ou melhor corria quando tinha boas pernas,  calma e pacientemente de Sul para Norte. 

Mas então o que é que esta bela pintura feita num teto de “caixotão”, com motivos fitomórficos tem a ver comigo? Olhando com alguma atenção, especialmente para o centro, provavelmente será aquele galeão que eu julgo reconhecer por ter navegado pelas minhas águas? Se calhar é mesmo isso. 

Saibam pois os meus amigos que o edifício onde se encontra esta preciosidade foi sede de uma antiga confraria de navegantes, armadores e pescadores, gente que governou a sua vida em boa parte graças a mim, e que remonta ao século XV e é simplesmente conhecida por Casa do Corpo Santo. 

É aqui nesta casa que está também a funcionar o Museu do Barroco, a par de uma excelente exposição que foca a atenção nos “instrumentos de ciência náutica”. 

Quem pensa que Setúbal é apenas um destino turístico onde se pode vir degustar a excelente gastronomia, sobretudo confecionada à base de peixe, ou desfrutar de belas praias e da formosa serra está enganado. Setúbal é isto sim, mas tem muito mais atrativos, alguns ignorados até pelas gentes da nossa terra. 

São cada vez em maior número os turistas nacionais e estrangeiros, a par das nossas crianças em idade escolar que visitam os nossos belos museus e desfrutam desta banquete cultural que Setúbal oferece. 

Convido-vos pois a vir conhecer Setúbal e os seus bem cuidados espaços culturais e verão que não darão o tempo por mal empregue. 

Rui Canas Gaspar
2017-junho-14

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segunda-feira, 12 de junho de 2017

Vem aí mais novidades para Setúbal 

Passei a semana passada por Montebelo e vi que a estrutura do restaurante Burguer King está a avançar a grande velocidade, o que com os arranjos exteriores preconizados para aquele espaço modificarão, seguramente para melhor, esta concorrida zona nascente da cidade. 

Trata-se de uma obra particular que teve por base a permuta daquele espaço municipal por um armazém localizado na Rua Guilherme Gomes Fernandes, perto do quartel dos Bombeiros Voluntários de Setúbal.

Acontece é que ao mesmo tempo que a obra particular avança, agora em velocidade de cruzeiro, também a outra obra municipal que transformará o velho armazém de mil metros quadrados num espaço bem diferente não se encontra parada.

E é assim que ainda antes do final deste ano de 2017, a fazer fé naquilo que me disseram, será aberto ao público o Centro Municipal para a Promoção e Desenvolvimento das Artes, estando mesmo a ser diligenciado no sentido de poder ser inaugurado no dia 15 de setembro, data em que se comemora o Dia da cidade e de Bocage.

Com este espaço, a que juntará mais um museu que ocupará as instalações da antiga Escola Conde de Ferreira, a cidade ficará bem dotada de equipamentos para quase todos os gostos, faltando ainda um bom e grande pavilhão multiusos, onde se possam levar a cabo feiras e grandes exposições temáticas.
Talvez ainda se consiga, com custos reduzidos, aproveitar o enorme edifício da APSS e transformá-lo de forma a poder cumprir essa importante missão, quem sabe?...

Já agora, segundo minha opinião, o próximo executivo municipal, seja ele qual for, deveria com caráter de urgência dedicar a sua atenção ao parqueamento automóvel, promovendo a construção de silos auto sobretudo na zona da baixa da cidade.

É que com tanta atração e com muitos dos setubalenses a ficarem mais velhos e a não terem pernas para bicicletas não deixará de ser uma prioridade quando é sabido também que a cidade cada vez é mais procurada por forasteiros que se deslocam de automóvel.

Rui Canas Gaspar
2017-junho-15

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domingo, 11 de junho de 2017

A Novela Portuguesa pelo chão de uma rua setubalense 

No chão junto ao passeio encontrava-se uma pequena folha de papel, datada de 15 de janeiro de 1921, que já tinha sido pisada por mais do que uma vez, tendo-me despertado a atenção pelo que me baixei para a apanhar. 

As duas crianças que estavam comigo ficaram admiradas com o que viam mas tive então oportunidade de lhes explicar que aquela folha fazia parte de uma pequena revista com quase cem anos e certamente fora lida pelos pais dos seus avós. 

Aqui em Setúbal, no nosso velhinho Bairro de Troino algumas senhoras alugavam as revistas, porque o dinheiro para as comprar era escasso e liam-nas à noite, à luz dos candeeiros a petróleo. Faziam-no muitas vezes não só para elas mas também para os outros que se juntavam à sua volta e não sabiam ler porque não tinham tido tempo para ir à escola. 

Era o tempo em que não havia televisão e as telefonias eram um bem raro e mesmo estas singelas revistas eram quase um luxo, porém muito procuradas. 

Anos mais tarde um setubalense de sucesso, começaria a ganhar dinheiro transportando muitas delas e alugando-as por toda a cidade, fazia-se transportar numa mota, por isso ficou conhecido pela alcunha de Zé da Mota, de seu nome José Eduardo Martins, homem educado e empreendedor com quem tive oportunidade de privar. 

Esta folha de papel que por ali fui encontrar no chão da nossa cidade quantas histórias poderia contar? Por quantas mãos teria passado? Quantos risos e lágrimas as restantes páginas que a compunham originaram? 

Não tenho respostas para estas questões, mas a velha folha de papel fez-me retroceder àqueles tempos de fome e de miséria quando em Setúbal o dinheiro não chegava para comprar uma simples revista. 

Rui Canas Gaspar
2017-junho-11

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sábado, 10 de junho de 2017

Fui “meter a cabeça” na Casa do Lago 

Gosto de inaugurações! Prefiro-as ao imobilismo que nada faz acontecer. No entanto, e embora goste de festas, prefiro observar as novas obras de forma mais tranquila e de preferência quando estão a funcionar normalmente. 

Por isso mesmo, assim que tive um pouquinho de disponibilidade desloquei-me ao antigo “lago” que depois de ter as mais diferentes designações ostenta hoje o nome do popular José Afonso, e dei uma volta completa ao renovado edifício que agora designado por “Casa do Lago” onde funciona a Pousada da Juventude. 

Já por lá tinha andado, mas agora fui ver o imóvel acabado e com nova vida. 

Entrei pela primeira porta aberta que encontrei, e lá fui metendo a cabeça por tudo o que era canto, observando a agradável decoração daquele magnífico espaço, ao mesmo tempo que dava conta do funcionamento do espaço com as equipas de limpeza a funcionar, os serviços administrativos, o apoio ao espaço e gente nova a usufruir daquelas magníficas instalações, quer estivessem em reunião de trabalho, jogando jogos de mesa ou conversando enquanto saboreavam uma “bica”. 

Esta é, em meu entender, mais uma obra de referência para a nossa cidade e região e que se for bem dinamizada e administrada será igualmente uma mais-valia a vários níveis. 

Um outro importante pormenor chamou-me a atenção. No exterior do edifício, está em construção um parque destinado a atividades radicais, daquelas que os jovens costumam levar a efeito no Largo de Jesus. 

Trata-se de uma interessante iniciativa, feita numa zona destinada à juventude e que fará com que a rapaziada possa para ali deslocar-se deixando livre o largo frente ao mais importante monumento setubalense e desta forma sem qualquer tipo de conflitualidade possa ser levado a cabo a reconversão daquele espaço, que bem precisa. 

Acho por demais louvável esta iniciativa, digna de registo e que tenho muito gosto em partilhar com os amigos, particularmente com aqueles que estando emigrados não têm a possibilidade de observar esta Setúbal que de dia para dia está mais dinâmica e embonecada. 

Rui Canas Gaspar
2017-junho-10

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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Os Sapadores Bombeiros de Setúbal estão em boa forma 

Pouco  interessa  dispormos de bom equipamento para enfrentar as mais diferentes situações de sinistro ou emergência se os seus operadores não estiverem técnica e fisicamente preparados. 

E, se a Companhia de Sapadores Bombeiros de Setúbal dispõe de bons e modernos equipamentos, os seus elementos para além de estarem preparados tecnicamente para os operar parece que também estão em ótima forma física. 

Hoje mesmo tive oportunidade de apreciar e fotografar um pelotão dos nossos soldados da paz na sua preparação física matinal quando faziam um cross de alguns quilómetros desde a zona do Monte Belo, passando pela baixa e por vezes indo até à Avenida José Mourinho antes de regressarem à sua base. 

Interessante foi também verificar que mantendo o passo de corrida os elementos do grupo iam respondendo em uníssono às palavras de ordem de um deles, tal como o fazem os grupos de tropas especiais. 

De facto eles são mesmo a nossa tropa especial que nos protege em tempo de paz, seja dos nefastos fogos florestais, domésticos ou industriais, como são também eles que estão na linha da frente em caso de qualquer sinistro independentemente da sua gravidade ou complexidade. 

Para os nossos Bombeiros Sapadores uma palavra de louvor e o reconhecimento pelo trabalho que fazem na defesa das gentes e coisas de Setúbal. 

Rui Canas Gaspar 

2017-junho-08 


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segunda-feira, 5 de junho de 2017

Lembrança da Escola Conde de Ferreira 

O banho fora tomado na grande bacia de esmalte branco que fora colocada na cozinha, o cabelo bem penteado e lustroso graças à brilhantina que era posta na vasta cabeleira da cor do carvão e os melhores calções e casaco seriam envergados. 

Uma pasta de cartão atada com três laços servia de proteção à folha pautada de 35 linhas que ali era transportada para a sala onde a criança iria fazer a prova de passagem da terceira classe, não na escola que frequentava na Casa dos Pescadores, mas sim naquela outra que ostentava o monárquico nome de Conde de Ferreira. 

E, para que o rapaz não ficasse nervoso neste dia tão especial, nada melhor que tomar um pouco de chá de flor de laranjeira. Dizia-se que acalmava… 

Para que tão importante evento pudesse ficar registado para a posteridade, depois da prova, com a mãe, rumaram ao retratista no Largo da Misericórdia onde aquele conceituado profissional registou o momento. 

Foi assim que aconteceu com muitas e muitas crianças setubalenses que pela primeira vez saíram da escola da Casa dos Pescadores para entrarem na do Conde de Ferreira, o benemérito português que tendo nascido de família humilde fez fortuna lá pelo Brasil. 

O senhor Joaquim Ferreira dos Santos casou e teve um filho que faleceu ainda criança pelo que decidiu fazer testamento de forma a que a sua vasta fortuna fosse utilizada da melhor forma possível e daí ter deixado o dinheiro suficiente para que fossem erigidas e equipadas 120 escolas em todas as sedes de concelho. 

Mas o governo monárquico acabaria por apenas edificar 91 das quais ao que consta neste momento só existirão 70 de pé e não com funções letivas mas a serem utilizadas para serviços, normalmente à disposição de Juntas de Freguesia. 

Estas escolas foram erigidas de acordo com planta única, para evitar custos maiores e deveriam contemplar uma casa para residência do professor. 

Curiosamente muitos pensarão que a data de 24 de março de 1866 que vemos colocada por cima da porta principal do estabelecimento escolar se refere à data da inauguração, mas não, ela é sim a data do falecimento do benemérito português. 

Em Setúbal a Escola Conde de Ferreira, agora ao serviço da União de Freguesias de Setúbal,  encontra-se sediada na Avenida Luísa Todi, ao lado da Esquadra da Polícia de Segurança Pública, instalações que também já foram designadas por “Casa das Máquinas”, mas isso é outra história!... 

Rui Canas Gaspar 

2017-junho-05 


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domingo, 4 de junho de 2017

O edifício setubalense da Casa dos Pescadores 

Quatro anos depois de ser implantada a República em Portugal, Setúbal viria a inaugurar um belo edifício de referência na cidade, com três andares, naquele que hoje é conhecido por Largo José Afonso, graças ao esforço e dedicação de pescadores e “embarcadiços”. 

O edifício dos “Trabalhadores do Mar” inaugurado no ano de 1914 viria a ser expropriado pelo Estado Novo que atribuiu àquela casa a designação que ainda hoje ostenta no seu alçado principal “Casa dos Pescadores”. 

Foi o trabalho e dedicação de homens valentes e lutadores que levou de vencida este projeto, sendo de destacar João da Boa-Viagem, operário conserveiro que ali fez nascer logo nos primeiros tempos do seu funcionamento a escola para as crianças filhas de marítimos. 

Outra pessoa a quem se deve este belo projeto é aquele que ficou conhecido pelo “homem da boca cerrada”. Trata-se de Jaime Rebelo, pescador e líder da grande greve dos pescadores ocorrida em 1931. Este foi o homem que cortou a sua própria língua para não ceder à tortura dos terríveis carcereiros da polícia política, a famosa e de má memória PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado). 

O edifício serviu muitos milhares de crianças que ali fizeram os quatro anos de estudos básicos, tendo também sido utilizado na vertente de escola de pesca para os rapazes que se iniciaram nas lides do mar e de escola de costura para as prendadas meninas que geralmente não foram parar às fábricas de conservas de peixe. 

No Inverno era comum ser servido às crianças que ali estudavam o mal cheiroso óleo de fígado de bacalhau, que funcionava como arma contra o raquitismo. Era então ver as crianças formadas em fila, na cantina, de boca aberta. Uma funcionária despejava na colher o óleo que todos tinham de engolir, gostassem ou não. 

Passados muitos anos, já no início do século XXI aquando de obras levadas a cabo no edifício foram encontradas algumas caixas com frascos de óleo sob o soalho da cantina, vamos lá nós saber o porquê. Um desses frascos encontra-se exposto na Mercearia pedagógica (do César) sita no popularmente conhecido Largo da Fonte Nova. 

A par destes serviços o edifício dispunha de posto médico onde eram assistidos os pescadores e suas famílias, bem como de uma enfermaria para dar continuidade aos tratamentos que se impunham. 

Curiosamente era também a secretaria que funcionava no rés-do-chão daquele prédio que também servia como farmácia para a meia dúzia de diferentes tipos de comprimidos que os médicos de então frequentemente receitavam. 

Os comprimidos encontravam-se dentro de grandes frascos e dali eram retirados à unidade para serem embrulhados em papel pardo e servidos aos pacientes. 

Ainda hoje o edifício se mantém aberto ao público, agora sob a alçada da Segurança Social que ali procede ao serviço de juntas médicas.

Rui Canas Gaspar
2017-junho-04

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