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quinta-feira, 15 de junho de 2017



O nosso Rio Sado em Porto Rei 

Já foi local de embarque e desembarque de gente do povo, abastados lavradores ou até de importantes figuras da realeza  que ali chegaram ou dali partiram a caminho do palácio de Vila Viçosa. 

Já foi palco de volumosas cargas de cereais oriundos do Alentejo que depois vinham destinados aos moinhos que os transformavam em farinha para produzir o pão que alimentava as populações residentes nas localidades do litoral. 

Já foi o ponto onde até o Rio Sado era navegável e ali chegou a ser local de embarque e desembarque de carreiras fluviais. 

Por isso mesmo, naquele local foi construída uma boa casa apalaçada e brasonada bem como escadarias em pedra no seu cais de embarque junto ao rio. 

Andei quilómetros e quilómetros para descobrir este local, e finalmente dei com ele, porém para meu espanto o rio tinha desaparecido, as águas que outrora permitiam a navegação de grandes barcos tinham dali sumido, e até o cais deve lá estar mas não consegui descortina-lo devido ao intenso matagal em que a outrora margem se transformou. 

Apenas por ali se pode observar, só e triste o que resta da escadaria que já não conduz a lugar nenhum. 

Entrei com muito cuidado e percorri o que resta das antigas instalações onde o silêncio impera e que agora se resume a algo abandonado à sua sorte à espera que o tempo lhe dite a sentença final. 

Assim é Porto Rei, ou Del Rey, conforme a época em que o relato seja feito, o porto mais a montante do Rio Sado, um importante curso de água que deixou de correr e morre solitário e triste quase sem se falar no assunto. 

Dediquei com muito entusiasmo alguns meses a descobrir o nosso Sado.  Percorri várias centenas de quilómetros para ver e escutar e, em breve, vou partilhar muitas das suas histórias, lendas, e entrevistas com pessoas que retiraram o seu sustento das suas águas ou que simplesmente gostam dele. 

Dei ao livro o simples nome de “SADO”, mas poderia dar-lhe a sugestiva e agradável designação de “Rio Azul” ou a tristonha: “Um rio moribundo”. 

Provavelmente vai gostar de ir ver com seus próprios olhos o que eu vi, ou caso não o possa fazer pelo menos ficar a saber aquilo que eu observei. 

Rui Canas Gaspar

2017-junho-15

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