notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

domingo, 30 de junho de 2019


Um banquete à disposição na Arrábida 

Nos meus giros pela Arrábida já tenho visto muitas coisas, algumas até bem insólitas, mas aquilo que vi hoje foi para além de insólito bem agradável. 

Já por lá observei altares onde estatuetas de Iemanjá, Nossa Senhora de Fátima ou Maria Padilha conviviam em boa harmonia.  Já observei outros altares onde as flores são nota dominante. Já vi outros onde as garrafas de cachaça e os charutos eram oferendas de luxo. Também por ali já vi junto a uma imagem um conjunto de moedas.  Mas, o mais comum e do que gosto menos são os altares onde as velas, pequenas e grandes, no meio do mato, podem ser um potencial foco de incêndio. 

Bem, mas o que hoje tive oportunidade de ver e fotografar foi um bem composto altar da melhor fruta fresca, onde se destacavam as bananas, os kiwi, as mangas, as peras, as uvas, a meloa e até um grande ananás, um conjunto ladeado por duas taças, uma com milho e outra com um cereal moído que não identifiquei. 

A fé das pessoas tem destas coisas que naturalmente respeito e por isso observo, fotografo e penso no assunto. 

Na descoberta de hoje, nesta Arrábida misteriosa, só fiquei triste ao observar tamanho banquete e a dois ou três metros o que restava de um ouriço-cacheiro que tinha morrido há pouco tempo. 

Na ausência de uma qualquer divindade que possa desfrutar deste banquete faço votos para que os animais selvagens e as aves da nossa serra-mãe encontrem esta dádiva e dela tirem um bom partido e, já agora, quem lá a deixou que veja os seus desejos satisfeitos, se forem bons, pois claro!... 

Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2019-junho-30

sábado, 29 de junho de 2019


Quem alguma vez reparou no Padrão de Santo Agostinho?

Se há monumentos em Setúbal que passam quase despercebidos provavelmente este se não for o primeiro é capaz de estar antes do segundo, estou a falar do Padrão de Santo Agostinho, uma obra de arte colocada no Jardim do Quebedo em 10 de junho de 1960.

António Cunha Bento o amigo e grande conhecedor das coisas da nossa terra, fez o favor de me ajudar a melhor conhecer esta peça que quase passa despercebida num jardim onde pontuam frondosas árvores da espécie Lodão-Bastardo.

A obra ali erigida por iniciativa do Núcleo de Setúbal da Mocidade Portuguesa integrou-se nas grandes comemorações Henriquinas que naquele ano assinalaram o 500 aniversário da morte do Infante D. Henrique.

Será bom lembrar que as caravelas enviadas pelo  “Navegador” levavam no seu bojo marcos idênticos a este que foram sendo colocados  ao longo da costa africana, à medida que os destemidos homens do mar  descobriam novas terras e as reclamavam para o reino de Portugal.

O nosso padrão é constituído por uma coluna de pedra firmada num pedaço de rocha virgem, encimado por um paralelepípedo  onde numa das faces está gravado o escudo de D. João II e na face oposta a passagem de Os Lusíadas onde se pode ler “ Se mais mundo houvera lá chegara”.

Passados quase 60 anos desde que ali foi colocado quantos milhares de pessoas passaram por ele? Quantos de nós alguma vez reparamos nesta peça e quantos de nós sabíamos até a sua designação?

Esta como tantas outras são “coisas de Setúbal” que carece serem olhadas com olhos de ver.

Rui Canas Gaspar
2019-junho-28
Troineiro.blogspot.com

terça-feira, 25 de junho de 2019


Parabéns

Faz precisamente hoje 90 anos que oficialmente teve o seu início uma das mais importantes associações setubalenses, a Associação de Construtores e Proprietários de Setúbal

Os seus Estatutos, constando de sete capítulos e vinte e quatro artigos, seriam alvo de publicação no Diário do Governo, 2ª série, nº 144 de 25 de junho de 1929, com alvará datado de 22 de junho de 1929, assinado pelo Ministro das Finanças, quando era então Presidente da República, António Óscar de Fragoso Carmona.

1929 Foi uma data determinante para o progresso da cidade dado que foi nesse ano, em abril, que o Estado aprovou uma verba de 100.000 contos destinada às primeiras obras portuárias, onde se inseria o Porto de Setúbal.

Iniciava-se então a construção das muralhas, docas e estacadas bem como a regularização da margem ao longo de quatro quilómetros, que daria a Setúbal a imagem ribeirinha que ainda hoje conhecemos.

Acompanhando o progresso, a nova associação setubalense deixara então de reunir na sede da Liga Comercial dos Lojistas de Setúbal e passara a ter as suas reuniões de direção num edifício localizado na Avenida Luísa Todi, arrendado ao seu associado Francisco Maria Soares.

Em 31 de março de 1949 fruto do desenvolvimento e da dinâmica da associação, seria adquirido um imóvel na Praça do Quebedo, nºs 23, 24 e 25 para nele funcionar as instalações próprias onde seriam desenvolvidas todas as atividades de atendimento ao público e os demais serviços administrativos e técnicos no âmbito dos seus fins estatutários.

Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2019-junho-25

segunda-feira, 10 de junho de 2019


No belo Parque de Merendas da Comenda nem tudo vai bem

Fez hoje dia 10 de junho de 2019 doze anos que ajudei a organizar e dinamizar aquela que foi provavelmente a maior ação de voluntariado levada a cabo no Parque Natural da Arrábida, tendo por alvo a zona do Parque de Merendas da Comenda e áreas circundantes. 

Nesse dia mais de 650 membros do Programa de Voluntariado de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias retiraram daquele local para cima de 10 toneladas de lixo diverso com o apoio logístico da então Junta de Freguesia de Anunciada, bem como procedemos a pinturas gerais nas instalações sanitárias, bancos e mesas. 

Desde essa data para cá participei em mais três ações de limpeza voluntária de menor dimensão. Porém, só hoje fui usufruir daquele espaço, podendo ali almoçar e conviver com vários amigos de entre eles alguns que participaram naquele memorável evento. 

Gostei de ver o PMC com novas e mais mesas e bancos, gostei de ver as instalações sanitárias a serem intervencionadas, gostei de ver a vedação ao longo da Ribeira da Ajuda. 

Não gostei de ver menos sombras, não gostei de observar mesas reservadas de véspera, não gostei de ver as instalações sanitárias há demasiado tempo provisórias, não gostei de ver acampamentos, alguns que se me configuram “permanentes”, não gostei de ver a devassa de propriedade com nacionais e estrangeiros a saltar o muro para ir visitar o palácio, e muito menos gostei de ver a gruta artificial por baixo do mesmo a servir de WC. 

Não me parece bem depois de se gastar um dinheirão para melhorar aquele espaço tão belo que o mesmo não tenha algum acompanhamento em termos de vigilância e mais que não seja a colocação de um painel com duas ou três normas de funcionamento de boa convivência e utilização do espaço. 

Porque há pessoas e pessoinhas, e para não pagar o justo pelo pecador é bom que se tomem medidas que até podem ser adjetivadas como antipopulares, mas tal como diziam os nossos antepassados romanos Dura Lex Sed Lex, ou seja a Lei é dura mas é a Lei, e seja vândalo ou não, não  pode estar acima da Lei e fazer tudo o que lhe dá na real gana. Digo eu!... 

Rui Canas Gaspar
2019-junho-10
Troineiro.blogspot.com