Um banquete à disposição
na Arrábida
Nos meus giros pela Arrábida
já tenho visto muitas coisas, algumas até bem insólitas, mas aquilo que vi hoje
foi para além de insólito bem agradável.
Já por lá observei altares
onde estatuetas de Iemanjá, Nossa Senhora de Fátima ou Maria Padilha conviviam
em boa harmonia. Já observei outros
altares onde as flores são nota dominante. Já vi outros onde as garrafas de
cachaça e os charutos eram oferendas de luxo. Também por ali já vi junto a uma
imagem um conjunto de moedas. Mas, o
mais comum e do que gosto menos são os altares onde as velas, pequenas e
grandes, no meio do mato, podem ser um potencial foco de incêndio.
Bem, mas o que hoje tive
oportunidade de ver e fotografar foi um bem composto altar da melhor fruta
fresca, onde se destacavam as bananas, os kiwi, as mangas, as peras, as uvas, a
meloa e até um grande ananás, um conjunto ladeado por duas taças, uma com milho
e outra com um cereal moído que não identifiquei.
A fé das pessoas tem
destas coisas que naturalmente respeito e por isso observo, fotografo e penso
no assunto.
Na descoberta de hoje,
nesta Arrábida misteriosa, só fiquei triste ao observar tamanho banquete e a
dois ou três metros o que restava de um ouriço-cacheiro que tinha morrido há
pouco tempo.
Na ausência de uma
qualquer divindade que possa desfrutar deste banquete faço votos para que os
animais selvagens e as aves da nossa serra-mãe encontrem esta dádiva e dela
tirem um bom partido e, já agora, quem lá a deixou que veja os seus desejos
satisfeitos, se forem bons, pois claro!...
Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2019-junho-30