Uma proeza à Django
Armando
Cabrita, popularmente conhecido por Django, pese embora os seus 65 anos é um
atleta fora de série e curiosamente o mais velho trabalhador da Sécil, no
Outão, e um dos mais antigos operários ao serviço daquela cimenteira.
Costuma
deslocar-se a pé, para manter a sua extraordinária preparação física desde
aquela unidade industrial até Setúbal onde reside.
Em
1973, era um jovem gruista naquela empresa, quando o representante francês da
Potain, o tipo de equipamento que Armando operava por lá se encontrava e,
conversa puxa conversa, o nosso amigo Armando acabou por dizer ao francês que
seria não só capaz de ir a pé até à ponta da lança como ali fazer o pino.
Ora
o francês riu-se do atrevimento “impossível” do português e perante alguns
colegas decidiu apostar o seu mês de ordenado com o de Armando. Note-se que o
francês ganhava cinco vezes mais que o português.
À
hora de almoço largas dezenas de trabalhadores da Sécil ficaram de cabeça no ar
a ver tamanha proeza e, Armando não só subiu os 110 metros da grua como andou
pela lança como se estivesse numa avenida. Chegado ao topo, tratou de fazer o
pino não durante um minuto mas sim durante quase dois.
Acabado
o tempo, voltou até à cabine, desceu calmamente e foi ter com o camarada que
tinha ficado com o dinheiro da aposta recolheu-o e foi-se embora deixando o
francês de cara à banda.
E
foi precisamente com esse dinheiro que se deslocou a Lisboa onde comprou a
conhecida moto de cor vermelha que tanto sucesso fez naqueles anos 70 entre os
frequentadores do Café Central, em Setúbal.
O
curioso é que Armando não tinha carta de condução, nem nunca tinha andado de
moto, pelo que o vendedor a veio colocar no ferry que atravessava o Tejo. É
claro que já em Cacilhas, o nosso homem montou-se naquele potente e vistoso “animal”
e conduziu-o até Setúbal, uma aventura que nem o original Djando provavelmente
se atreveria a levar de vencida.
Rui
Canas Gaspar
2018-janeiro-11
troineiro.blogspot.com
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