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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Troia e os nossos sorridentes políticos 

Enquanto pesquisava imagens no meu vasto arquivo fotográfico com a  finalidade de ilustrar o próximo livro que estou a concluir sobre Troia, encontrei esta foto que captei pelas 16.00 horas do dia 8 de setembro de 2005, já lá vão 11 anos.

Naquela tarde de verão o trânsito automóvel estava complicado na cidade de Setúbal. Eram muitos os automobilistas que queriam chegar à beira-mar a tempo de assistir, em direto, à implosão das torres de Troia “verde-mar” e T04” enquanto eu me dirigi para um ponto alto no Bairro dos Pescadores.

Sorri ao olhar para a imagem que então captei da implosão numa altura em que os cartazes espalhados pela cidade anunciavam os candidatos à autarquia sadina.

Nesta imagem ilustrativa do texto podemos ver, como que a olhar para mim, sorridente, Fernando Negrão, o candidato do PSD à Câmara Municipal de Setúbal que pouco depois de perder as eleições se mudaria para a capital.

No outro lado do rio, o então primeiro-ministro socialista, José Sócrates, sorridente, premia o comando que faria cair duas das seis torres erigidas naquela península de finas areias brancas.

Os comunistas, presidentes das câmaras de Setúbal e de Grândola assistiam ao evento conjuntamente com os convidados dos empresários do grupo Sonae e, ainda a poeira não se tinha dissipado aplaudiam de rasgado sorriso o sucesso da operação.

Era o início de uma nova Troia que deixara de “ser do povo”, tinha ultrapassado o “admirável mundo novo” publicitado pela TORRALTA que preconizava a construção de uma cidade turística e que a partir daquele histórico momento passaria a ser um espaço que privilegiaria a qualidade em detrimento da quantidade, segundo versão dos seus promotores.

Onze anos passaram e Troia, goste-se ou não, nada tem a ver com o que eu conheci nos meus tempos de juventude, pouco tem em comum com o projeto da TORRALTA que ajudei a concretizar e que agora se apresenta ao mundo como um espaço de eleição.

Uma coisa parece no entanto haver em comum, os sorrisos dos nossos políticos dos mais diversos quadrantes, irmanados provavelmente pelo agradável ar que se respira naquela restinga que os romanos designaram por Ácala e que para nós é a adorável Troia.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-03

www.troineiro.blogspot.com

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