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quarta-feira, 27 de julho de 2022

 


A sorte perseguia-me na Feira de Santiago 



Ainda criança e morando em Troino, bem perto da Avenida Luiza Todi, local onde então se realizava a Feira de Santiago certo dia decidi ir passear até ao popular recinto.

Ali chegado e depois de dar algumas voltas pelo espaço de terra batida abeirei-me de uma daquelas simpáticas barracas onde a troco de alguns centavos se puxava de um molhe, um cordelinho, de onde surgiria um número correspondente a um dos prémios expostos.

Eu não tinha dinheiro (coisa normal para aquela época) por isso abeirei-me de um adulto que se preparava para tentar a sorte e disse-lhe: Vai sair-lhe aquela Nossa Senhora de Fátima, uma estatueta de barro pintado.

O homem pagou, puxou o cordel e saiu-lhe mesmo a tal estatueta e tão estupefacto ficou que me ofereceu o prémio.

Anos mais tarde, já casado não poderia, como agora, faltar à Feira de Santiago.

As tais barraquinhas tinham evoluído e agora os prémios eram atribuídos onde a roleta parasse e, apontasse o número correspondente.

Por tradição, sempre que lá ia tentava a sorte comprando a rifa e todos os anos me saía prémio.

E, acreditem ou não, foi graças a essas rifas que consegui um triciclo para as crianças, uma caixa térmica, uma tábua de passar a ferro, um conjunto de panelas e sei lá que mais…

Deixei de comprar as rifas na altura em que olhava para os prémios e dizia para a minha esposa que não valia a pena porque já tínhamos aquelas coisas, imaginem!...

Acho que isto é herança de família porque já o meu avô materno, Artur Canas, lhe saiu numa rifa da feira um valioso relógio, uma peça comemorativa do centenário da conceituada fábrica de cerâmica Vista Alegre, o qual guardo como saudosa lembrança.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

2022-07-27

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