A sorte perseguia-me na Feira de Santiago
Ainda criança e morando em Troino, bem perto da Avenida Luiza Todi, local
onde então se realizava a Feira de Santiago certo dia decidi ir passear até ao
popular recinto.
Ali chegado e depois de dar algumas voltas pelo espaço de terra batida abeirei-me
de uma daquelas simpáticas barracas onde a troco de alguns centavos se puxava
de um molhe, um cordelinho, de onde surgiria um número correspondente a um dos prémios
expostos.
Eu não tinha dinheiro (coisa normal para aquela época) por isso abeirei-me
de um adulto que se preparava para tentar a sorte e disse-lhe: Vai sair-lhe
aquela Nossa Senhora de Fátima, uma estatueta de barro pintado.
O homem pagou, puxou o cordel e saiu-lhe mesmo a tal estatueta e tão
estupefacto ficou que me ofereceu o prémio.
Anos mais tarde, já casado não poderia, como agora, faltar à Feira de
Santiago.
As tais barraquinhas tinham evoluído e agora os prémios eram atribuídos
onde a roleta parasse e, apontasse o número correspondente.
Por tradição, sempre que lá ia tentava a sorte comprando a rifa e todos os
anos me saía prémio.
E, acreditem ou não, foi graças a essas rifas que consegui um triciclo para
as crianças, uma caixa térmica, uma tábua de passar a ferro, um conjunto de
panelas e sei lá que mais…
Deixei de comprar as rifas na altura em que olhava para os prémios e dizia
para a minha esposa que não valia a pena porque já tínhamos aquelas coisas,
imaginem!...
Acho que isto é herança de família porque já o meu avô materno, Artur
Canas, lhe saiu numa rifa da feira um valioso relógio, uma peça comemorativa do
centenário da conceituada fábrica de cerâmica Vista Alegre, o qual guardo como
saudosa lembrança.
Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2022-07-27
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