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quinta-feira, 25 de julho de 2024

 



Hoje é dia dos “caramelos”

Era assim que no século passado, quando a Feira de Santiago se realizava na Avenida Luísa Todi, o pessoal do Bairro de Troino designava este primeiro dia de feira. Este  não era o dia para o bom povo deste bairro de pescadores e conserveiras visitar o certame mas deixar a noite para os “caramelos” aquele pessoal que vivia no campo, nos arredores, para os lados de Palmela.

Eram outros tempos, outras realidades, quando os vendedores de barros ocupavam boa parte das placas a poente da avenida e faziam bons negócios, ou não fossem poucos os ganhos dos pescadores e ainda insipidas as panelas, alguidares  e tachos de alumínio.

Era o tempo em que as enormes árvores do lago se enfeitavam com luzes coloridas de alto a baixo que podiam ser vistas do Viso e, altura para muito boa gente estrear um vestido ou calças novas para ir à feira onde via e era visto, um espaço privilegiado para a sociabilização.

Esta era uma feira diferente daquela outra mais “abarracada” que se realizou anos antes na beira-mar e esta também diferente da que se realizou no Bonfim onde o gado era também motivo de transação e, esta muito distinta da inicial levada a cabo no Largo de Jesus junto às margens da Ribeira do Livramento, com água corrente vinda dos lados de Palmela.

Hoje a feira realiza-se nas Manteigadas (ou Manteigada), um espaço praticamente desprovido de vendedores de barros, entretanto caídos em desuso e onde pontuam os concertos de música ao gosto da época em que vivemos e que juntam milhares de pessoas sobretudo jovens.

Todo o tempo é feito de mudanças, umas para melhor, outras nem por isso, o facto é que pessoalmente continuo a gostar da Feira de Santiago, um espaço sempre agradável onde vamos encontrar muito boa gente amiga,  nova ou menos nova, ora sentada a comer uma bifaninha ou passeando descontraidamente degustando uma deliciosa fartura.

Para manter a tradição e porque hoje é o tal dia dos “caramelos” não irei à feira, amanhã talvez seja dia dos setubalenses, provavelmente dos velhos, não os do Restelo mas de Troino.

Rui Canas Gaspar

www.troineiro.blogspot.com

domingo, 14 de julho de 2024

 



A  asa do avião

Olhando assim à primeira vista faz-me lembrar uma daquelas naves espaciais que vemos nos filmes de ficção cientifica que vinda lá dos confins do espaço aterrou aqui neste belo espaço setubalense.

Mas não, trata-se de uma, senão mesmo a mais antiga construção, do jardim Engenheiro Luis da Fonseca, popularmente conhecido entre nós por “Jardim da Beira Mar” e mais não é que uma grande pala construída em betão armado que proporciona sombra a um enorme banco corrido, onde muitos e muitas esperam, esperaram e até desesperaram…

Desde que esta singular estrutura aqui apareceu os setubalenses logo trataram de a batizar como “Asa do avião” por tal lhes parecer logo nos longínquos tempos da sua construção e até hoje assim a identificamos.

A construção serviu de bilheteira para os barcos que faziam a travessia para Troia, tendo nas traseiras da mesma wc para homens e senhoras.

Presentemente (julho de 2024) tudo está desativado e, como quase sempre acontece nestas situações, vandalizado e parcialmente ocupado indevidamente.

Todo este belo jardim, cheio de histórias das gentes de Setúbal está  (ou esteve) à responsabilidade do Porto de Setúbal, sendo que foi noticiado na comunicação social, em abril de 2022, a existência de conversações entre os presidentes da Câmara Municipal de Setúbal e do Porto de Setúbal para que aquele espaço de quatro hectares passasse para a gestão municipal.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com