A louça de barro que já
não volta
Certamente
que todos nos lembramos do amplo espaço ocupado pelos vendedores de louça de
barro, na zona poente da Feira de Santiago, quando a mesma se realizava na
Avenida Luísa Todi.
Os
mais velhos certamente se lembrarão que esse espaço era até maior e bem mais
frequentado nos seus tempos de criança do que nos últimos anos.
Atualmente,
com a feira a realizar-se nas Manteigadas o espaço ocupado pelos comerciantes que
se dedicam a esses artigos é bem menor.
Mas,
será pelo facto da deslocalização do certame para aquela zona da cidade que os
comerciantes de louça de barro quase sumiram?
Creio
que nada tem a ver uma coisa com a outra.
Quando
era rapaz, em Setúbal, os mealheiros e os fogareiros a carvão eram feitos de
barro, tachos e panelas também, as bilhas para ir buscar a água à fonte
igualmente e por aí fora. Ora com tantos artigos de barro a sua indústria era
florescente e bastantes aqueles que comercializavam o produto também.
Com
a utilização do alumínio nos artigos domésticos, e a água a ser canalizada para
todas as casas naturalmente começou a haver um acentuado decréscimo na indústria
de artigos de barro e naturalmente no seu comércio.
Sendo
assim, natural seria que muitas pessoas gostassem de ver as louças de barro na
sua feira anual. Mas como poucas as adquiriam, logo os comerciantes que tinham
elevadas despesas com transporte, taxas, licenças, etc. com vendas diminutas
deixaram de ter interesse no negócio.
É
claro que isto é transversal a todas as feiras e mercados do nosso país e não é
uma questão que tenha a ver particularmente com a Feira de Santiago.
Os
tempos são outros, a louça de barro, quer queiramos quer não faz parte do
passado e, como tal, algum comerciante que para aí esteja virado é apenas por
uma questão de venda de recordações e pouco mais que isso.
A
Feira de Santiago desde a sua criação tem evoluído e mudado de espaço ao longo
dos anos. Um destes anos deixará também as Manteigadas para se vir instalar noutra qualquer zona da
cidade. Mas, seguramente, que não será no antigo recinto da Avenida Luísa Todi
e muito menos com aquele vasto espaço dedicado à louça de barro, uns artigos
que estão condenados a ficar na memória daqueles que como eu tiveram a
oportunidade de os apreciar e utilizar.
Rui
Canas Gaspar
2015-abril-04
www.troineiro.blogspot.com
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