O Mercado do Bairro de
Nossa Senhora da Conceição
O
Estado Novo dispunha de um conjunto de projetos/tipo que lhe permitia executar
obras, usando desenhos idênticos, introduzindo apenas pequenas alterações,
poupando assim muito dinheiro em elaborados estudos e projetos.
Com
este tipo atuação foram edificadas as Escolas do Ensino Básico que ainda hoje
vemos um pouco por todo o país, edifícios como aqueles destinados ao Banco de
Portugal, Escolas do Ensino Secundário e Liceus, Quarteis e até Bairros como
aquele erigido em Setúbal e que foi batizado com o nome de Nossa Senhora da
Conceição.
Numa
antiga foto datada de 1942 podemos ver este bairro, tendo como vizinho o Bairro
Santos Nicolau, onde curiosamente ainda eram visíveis alguns moinhos de vento.
E
é neste bairro, com as suas características casas, “luxuosas” para a época em
que foram construídas, que se encontra outra obra emblemática daquele período
ditatorial: o Mercado do Bairro de Nossa Senhora da Conceição.
Trata-se
de um belo edifício, construído propositadamente para ser um ponto de
abastecimento de produtos frescos à população daquela zona da cidade.
Há
longos anos que lá não ia e, quando a meio da semana ali entrei verifiquei que
se trata de um espaço semideserto, podendo observar uma dúzia de comerciantes
de ar tristonho junto às suas bancas de venda, mas sem que se visse por ali
quaisquer clientes.
Pelo
que constatei, cerca de metade das bancas das três alas do edifício encontram-se
desocupadas sendo que uma inteira não está a ter qualquer utilização.
Espero
ter passado por aquele local numa má hora e em dia de fraco movimento, caso
contrário não sei se aquele emblemático espaço terá alguma viabilidade, tanto
mais que agora o seu importante vizinho, o Restaurante Isidro dos Frangos,
encerrou e se ele não era cliente estou convicto de quem fosse para aquelas
bandas poderia eventualmente dar um pulinho ao mercado.
Seja
como for, parece-me urgente olhar para aquele espaço de forma a dar-lhe um
pouco mais de vida e dinamismo, ainda que essa dinâmica passe por um tipo de
comércio e serviços, mais consentâneo com os tempos em que vivemos.
Rui Canas Gaspar
2015-abril-23
www.troineiro.blogspot.com
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