Um valioso prémio na Feira de Santiago
Naquele tempo a Feira de Santiago era seguramente o maior evento que se realizava em Setúbal, por isso não era de admirar que se juntasse dinheiro para mandar fazer ao alfaiate ou à costureira uma roupa nova que se estrearia aquando de um passeio pelo popular certame.
As barracas de comes e bebes, a par das que vendiam louças de barro ocupavam boa parte do espaço, até porque era esse o tipo de louça que a generalidade da população usava no seu dia-a-dia.
O circo era o divertimento de excelência e as barracas de sai-sempre também não faltavam por ali e, foi a uma delas que se achegou Artur, um jovem pescador setubalense pouco depois de ter saltado para terra e ter deixado a canoa fundeada na Praia do Seixal, local onde alguns anos mais tarde se viria a construir a Doca dos Pescadores.
Passados tantos anos e embora utilizando métodos ligeiramente diferentes, continuamos a ver no certame idênticos espaços onde cada um tenta a sua sorte, agora com muitos bonecos de peluche e artigos de plástico.
Naquela segunda metade dos anos 20, do século XX, esses eram materiais inexistentes e as peças confecionadas em barro pintado eram aquelas mais sorteadas.
O pescador comprou uma rifa naquela barraca e para sua surpresa a sorte ditou que lhe saísse uma bonita peça de porcelana, uma casinha bem bonita pintada com lindas flores e com um relógio, peça não muito comum naqueles tempos.
Passados tantos anos, a bonita peça ainda existe e tem na sua base o carimbo da Vista Alegre, uma das peças feitas por aquela conceituada e famosa fábrica, destinada a comemorar o seu centenário (1824 – 1924).
Ao olhar para a peça não deixo de ficar a pensar como seriam por demais importantes aqueles certames e que influencia teriam na vida da cidade, quando até numa das barracas da sorte poderiam ser sorteadas peças tão valiosas como aquela que aqui vemos na foto.
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