P´ra melhor está bem, está bem,
p´ra pior já basta assim
Há
uns anos atrás, um amigo meu debatia-se com o flagelo do desemprego e com
sérias dificuldades para solver os seus compromissos, ele nem tinha dinheiro
para a gasolina do carro quando um seu amigo mais velho lhe disse: “Mexa-se, porque você ainda vai ser
um homem rico!” O mais novo olhou para
aquele homem, com uma cara incrédula, não fosse ele estar a brincar…
Mas
como é que o nosso homem se haveria de mexer? Tal como um carro com a bateria
em baixo, só pode voltar a andar se alguém der um empurrãozinho, foi isso que
aconteceu. De imediato, após proferir aquelas palavras o mais velho ligou para
um outro amigo que arrendou uma pequena casa onde o que estava em dificuldades
montou escritório de mediação imobiliária, tendo-se o mais velho emprestado
algum dinheiro, sem juros… e tendo-se comprometido como fiador e principal
pagador, como faria qualquer bom amigo.
Uma
secretária precária (entenda-se, mesa de cozinha), um computador que não
funcionava, muita limpeza, simpatia quanto baste e vontade de vencer. Estes
foram os ingredientes utilizados no início do negócio.
Com
muito trabalho e grande força de vontade o nosso homem pouco tempo passado
estava a mudar para um novo escritório, com secretárias e computadores a sério
e a dar emprego a outras pessoas.
Presentemente,
ele é um homem de negócios, conhecido e bem sucedido e que faz questão de não
esquecer os momentos difíceis por que passou e o empurrãozinho que recebeu a
par das palavras de incentivo.
Acredito
sinceramente que Portugal ainda virá a ser uma grande nação. Bem vistas as
coisas, de facto até já o somos, reparemos por exemplo, que as imensas riquezas
do nosso mar ainda estão inexploradas, apenas precisamos de um empurrãozinho e
neste caso mais do que palavras de incentivo, precisamos de líderes, de homens
que o possam ser pelo exemplo e não pelas palavras.
Foi
com muito agrado que li hoje a notícia de que a industria do calçado português,
uma das melhores do mundo, recusa salários baixos e quer vender mais caro. A
meu ver, como simples cidadão, penso ser a receita certa.
Como
é que poderemos ter uma economia a crescer se os operários não receberem o
suficiente para fazer face às suas mais elementares necessidades? Como é que o
comércio poderá vender se as pessoas não tiverem poder de compra? Para que
fabricarão as industrias se o comércio que não vende, também certamente não lhe
comprará. Para que quererão as fábricas operários se não escoarem a produção?
Como pagarão impostos sobre o trabalho operários que estão no desemprego? E por
ai fora, com todo o encadear de situações anómalas que qualquer sério economista
saberá explicar muito melhor do que eu.
É
minha opinião que tudo na vida deve ser equilibrado. Salários mais baixos do
que os miseráveis que se praticam em Portugal, comparativamente com os outros
seus parceiros da União Europeia, é uma receita para o desastre e não para o
progresso, porquanto operário descontente e com problemas é operário que não
vai produzir a 100%, tal como um empresário na mesma situação.
Precisamos
de mais gente no nosso país com a visão dos empresários da industria do calçado
e pela minha parte dispenso opiniões, só porque não os posso despedir, como
maus funcionários, aqueles governantes que
advogam que o país só sairá da crise com salários de miséria.
E
como reza o refrão da popular chula da chila “p´ra melhor está bem está bem,
pra pior já basta assim”
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