Se não fosse tão dramático
até poderia achar piada
Paralela
com a Avenida Luísa Todi, principal artéria da cidade de Setúbal, entre as Praças
Marquês de Pombal e Teófilo Braga, encontra-se a antiga Rua do Feijão,
posteriormente rebatizada por Rua Vinte e Seis de Setembro.
Foram
concluídas no passado ano de 2013 importantes obras de renovação de infraestruturas
e colocação de novas calçadas em toda esta zona do antigo e histórico Bairro de
Troino tornando aquelas artérias muito mais agradáveis, funcionais e
higiénicas.
Esta
seria seguramente uma Rua que poderia funcionar como atração turística,
atendendo à quantidade e qualidade das pinturas artísticas que ostenta com
alguma qualidade, executadas no âmbito do programa de voluntariado “Setúbal
mais Bonita”.
Porém,
por detrás destas luminosas pinturas esconde-se uma realidade bem mais negra, a
desertificação! Mais de metade daquelas habitações encontram-se devolutas.
Ninguém lá mora.
Mal
entro na rua, logo me deparo com um homem, jovem, a sair por uma janela que se
encontrava entreaberta. Paro, olho e vislumbro que aquela casa está pejada de
lixo, completando o cenário com um pombo morto que se encontra junto à mesma,
quase ao lado dos dejetos humanos de alguém que se viu aflito…
São
vários os homens e algumas mulheres, ainda jovens, que conversam, fumam e bebem,
naquela bonita Praça Teófilo Braga, onde a Caritas presta assistência aos mais
carenciados.
Se
a situação humana não fosse tão dramática, até poderia achar alguma piada a
esta rua onde eu e tantos outros meninos do Bairro de Troino, brincamos e onde
as portas que agora não se abrem se encontram pintadas como se estivéssemos numa
grande exposição de arte numa qualquer galeria ao ar livre.
Mas
não! Assim não é.
Apreciei o trabalho dos artistas, louvo o serviço dos voluntários que se predispuseram a deixar a nossa cidade mais bonita, mas não deixo de ficar triste com a degradante situação a que chegou o nosso país. Sim, o nosso país, porque aquilo que aqui vimos é a amostra do que se passa em quase todas as zonas históricas das cidades de Portugal.
Rui Canas Gaspar
Apreciei o trabalho dos artistas, louvo o serviço dos voluntários que se predispuseram a deixar a nossa cidade mais bonita, mas não deixo de ficar triste com a degradante situação a que chegou o nosso país. Sim, o nosso país, porque aquilo que aqui vimos é a amostra do que se passa em quase todas as zonas históricas das cidades de Portugal.
2014-fevereiro-22
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