notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Se não fosse tão dramático até poderia achar piada

Paralela com a Avenida Luísa Todi, principal artéria da cidade de Setúbal, entre as Praças Marquês de Pombal e  Teófilo Braga, encontra-se a antiga Rua do Feijão, posteriormente rebatizada por Rua Vinte e Seis de Setembro.

Foram concluídas no passado ano de 2013 importantes obras de renovação de infraestruturas e colocação de novas calçadas em toda esta zona do antigo e histórico Bairro de Troino tornando aquelas artérias muito mais agradáveis, funcionais e higiénicas.

Esta seria seguramente uma Rua que poderia funcionar como atração turística, atendendo à quantidade e qualidade das pinturas artísticas que ostenta com alguma qualidade, executadas no âmbito do programa de voluntariado “Setúbal mais Bonita”.

Porém, por detrás destas luminosas pinturas esconde-se uma realidade bem mais negra, a desertificação! Mais de metade daquelas habitações encontram-se devolutas. Ninguém lá mora.

Mal entro na rua, logo me deparo com um homem, jovem, a sair por uma janela que se encontrava entreaberta. Paro, olho e vislumbro que aquela casa está pejada de lixo, completando o cenário com um pombo morto que se encontra junto à mesma, quase ao lado dos dejetos humanos de alguém que se viu aflito…

São vários os homens e algumas mulheres, ainda jovens, que conversam, fumam e bebem, naquela bonita Praça Teófilo Braga, onde a Caritas presta assistência aos mais carenciados.

Se a situação humana não fosse tão dramática, até poderia achar alguma piada a esta rua onde eu e tantos outros meninos do Bairro de Troino, brincamos e onde as portas que agora não se abrem se encontram pintadas como se estivéssemos numa grande exposição de arte numa qualquer galeria ao ar livre.

Mas não! Assim não é.

Apreciei o trabalho dos artistas, louvo o serviço dos voluntários que se predispuseram a deixar a nossa cidade mais bonita, mas não deixo de ficar triste com a degradante situação a que chegou o nosso país. Sim, o nosso país, porque aquilo que aqui vimos é a amostra do que se passa em quase todas as zonas históricas das cidades de Portugal.

                                                                                    Rui Canas Gaspar

2014-fevereiro-22




























Sem comentários:

Enviar um comentário