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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Foi proibida a emigração dos salineiros

“A primeira referência escrita, embora de forma indireta ao sal produzido nas margens do Sado, vem mencionada num documento de 1255: A Doação Perpétua de D. Afonso III, que refere os direitos sobre as pescarias de Almada, Sesimbra, Setúbal e Alcácer do Sal que seriam salgadas…

No início do século XV, vamos encontrar referenciadas as salinas existentes na zona da Motrena, nos arredores de Setúbal e no reinado de D. Afonso V, são referidas marinhas no Sapal de Troino.

Em 24 de outubro de 1511 foi promulgado um importante despacho real visando não só proteger como também desenvolver a produção do sal do Rio Sado. Esse documento proibia os barcos que viessem carregar sardinha e outros pescados a Setúbal de trazerem sal, tendo de adquirir localmente o produto produzido pelas marinhas de Setúbal e Alcácer do Sal.

Não era de forma simplista que aqui se extraia o precioso “ouro branco”, a sua produção obedecia a uma técnica exclusivamente portuguesa. Por exemplo, a preparação das marinhas passava pela manutenção de um tapete vegetal, feito através da plantação de uma alga marinha (microcoleus corium) a qual tem a particularidade de purificar o sal, evitando a incorporação das impurezas em suspensão.

Havia então a necessidade de proteger convenientemente esta riqueza. Com o objetivo de não revelar os segredos da sua profissão em países estrangeiros foi emitida em 1695 uma ordem real proibindo a emigração dos salineiros portugueses para outros reinos, sendo que quem o fizesse incorria na pena de morte e na expropriação dos seus bens.

A justificação para tal medida real era de que alguns salineiros “movidos do leve interesse de alguma maioria de salário, que lhes dão em reinos estranhos” vão ensinar a sua profissão. Acrescentando o documento régio: “tendo todos em que se ocupar e ganhar” os seus salários “em marinhas deste reino não devem ensinar a sua técnica”. Ou seja, o rei tentava deste modo proteger o “saber fazer”, ou melhor, não estava na disposição de abrir mão do know how nacional.”

Excerto do livro: Setúbal Gente do Rio Homens do Mar

Para homenagear os Homens do Sal a Santa Casa da Misericórdia assinalou a data, já lá vão 15 anos, com a colocação de uma placa evocativa que podemos admirar na Doca das Fontainhas.

A esta cerimónia presidiu Sua Alteza Real o pretendente ao trono de Portugal.

Como estamos em época do programa de voluntariado “Setúbal mais Bonita” não seria de bom tom que a Santa Casa da Misericórdia mandasse dar um jeitinho a este marco histórico?

Rui Canas Gaspar
2015-junho-05

www.troineiro.blogspot.com

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