Foi proibida a emigração
dos salineiros
“A
primeira referência escrita, embora de forma indireta ao sal produzido nas
margens do Sado, vem mencionada num documento de 1255: A Doação Perpétua de D.
Afonso III, que refere os direitos sobre as pescarias de Almada, Sesimbra,
Setúbal e Alcácer do Sal que seriam salgadas…
No
início do século XV, vamos encontrar referenciadas as salinas existentes na
zona da Motrena, nos arredores de Setúbal e no reinado de D. Afonso V, são
referidas marinhas no Sapal de Troino.
Em
24 de outubro de 1511 foi promulgado um importante despacho real visando não só
proteger como também desenvolver a produção do sal do Rio Sado. Esse documento
proibia os barcos que viessem carregar sardinha e outros pescados a Setúbal de
trazerem sal, tendo de adquirir localmente o produto produzido pelas marinhas
de Setúbal e Alcácer do Sal.
Não
era de forma simplista que aqui se extraia o precioso “ouro branco”, a sua
produção obedecia a uma técnica exclusivamente portuguesa. Por exemplo, a
preparação das marinhas passava pela manutenção de um tapete vegetal, feito
através da plantação de uma alga marinha (microcoleus corium) a qual tem a
particularidade de purificar o sal, evitando a incorporação das impurezas em
suspensão.
Havia
então a necessidade de proteger convenientemente esta riqueza. Com o objetivo
de não revelar os segredos da sua profissão em países estrangeiros foi emitida
em 1695 uma ordem real proibindo a emigração dos salineiros portugueses para
outros reinos, sendo que quem o fizesse incorria na pena de morte e na
expropriação dos seus bens.
A
justificação para tal medida real era de que alguns salineiros “movidos do leve
interesse de alguma maioria de salário, que lhes dão em reinos estranhos” vão
ensinar a sua profissão. Acrescentando o documento régio: “tendo todos em que
se ocupar e ganhar” os seus salários “em marinhas deste reino não devem ensinar
a sua técnica”. Ou seja, o rei tentava deste modo proteger o “saber fazer”, ou
melhor, não estava na disposição de abrir mão do know how nacional.”
Excerto
do livro: Setúbal Gente do Rio Homens do Mar
Para homenagear os
Homens do Sal a Santa Casa da Misericórdia assinalou a data, já lá vão 15 anos,
com a colocação de uma placa evocativa que podemos admirar na Doca das
Fontainhas.
A esta cerimónia
presidiu Sua Alteza Real o pretendente ao trono de Portugal.
Como estamos em época
do programa de voluntariado “Setúbal mais Bonita” não seria de bom tom que a Santa Casa da Misericórdia
mandasse dar um jeitinho a este marco histórico?
Rui Canas Gaspar
2015-junho-05
www.troineiro.blogspot.com
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