Silêncio Setúbal porque se
vai cantar o fado.
O
velho pescador olhava com ternura para o seu bisneto e sorria quando aquela
criança de apenas sete aninhos bastou dar uma rápida vista de olhos à sua maquineta para responder a uma pergunta
que tinha sido feita à mesa sobre que tempo iria fazer no dia seguinte.
A
criança que brincava com o seu tablet
foi a primeira a responder para surpresa do idoso, informando até qual a
temperatura do ar. Ela tinha acedido ao programa de meteorologia e rapidamente estava
em condições de emitir a informação atualizada.
-
Vocês agora sabem tudo graças a esses computadores! Antigamente só se sabia
alguma coisa quando vinha no jornal “setubalense”, ou então quando transmitiam
pela telefonia…
E
foi a propósito das novas tecnologias que a conversa se desenrolou e todos
ficamos a conhecer aquele engraçado episódio passado no popularmente conhecido
Largo da Palmeira.
É
que a taberna do Manuel Coutinho, a tal pioneira do choco frito tal como hoje é
largamente comercializado em Setúbal, também foi uma das primeiras casas
comerciais de Troino a adquirir uma telefonia.
Ao
final da tarde podia ver-se a pequena multidão que se aglomerava à porta da
taberna para escutar as músicas que aquela caixinha mágica transmitia e, certo
dia, ouvia-se o fado.
Amália
Rodrigues cantava e encantava toda aquela gente que à porta da taberna do
Manuel Coutinho silenciosamente escutava, quando de repente uma criancinha
desatou a chorar, incomodando os ouvintes.
Eis
que a mãe que a segurava ao colo logo tratou de a repreender dizendo: “Cala-te
moça, não vez que é a D. Amália que está a cantar?!...”
Provavelmente
essa pequenita é hoje uma admiradora da canção nacional, os seus netinhos também
já brincam com tablets e é uma
daquelas muitas setubalenses que aprendeu que quando se canta o fado faz-se
silêncio, seja na telefonia ou ao vivo.
Rui
Canas Gaspar
2015-dezembro-27
www.troineiro.blogspot.com
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