A Urbanização de Troia que
não chegou a ser erigida
Em
1973 eram na ordem dos milhares os operários e técnicos de construção civil que
diariamente atravessavam o Sado, quer nos barcos convencionais, quer nos
modernos hovercrafts, para trabalhar na construção daquela que se pretendia vir
a ser a capital do turismo europeu, Troia.
Para
ali também convergiam muitas outras centenas de trabalhadores que a empresa
fazia transportar numa frota de autocarros recolhendo-os nas mais diferentes
localidades dos concelho de Grândola e Alcácer do Sal.
A
Torralta - Clube Internacional de Férias, S.A. era a empresa mãe de um conjunto
de outras, entre as quais a A.C. (Arquitetura e Construção) aquela que tinha à
sua responsabilidade os trabalhos de construção civil e que coordenava várias
outras empresas subempreiteiras.
Na
grande península de finas areias brancas, onde poucos anos antes proliferavam
as barracas de campistas ocasionais de fim-de-semana, ou dos outros que ali
faziam longas temporadas de veraneio, erguiam-se agora diferentes edifícios, construídos
por uma legião de mais de três mil pessoas de todas as artes.
Quando
se deu o golpe militar de 25 de abril de 1974, Troia estava prestes a concluir alguns
edifícios, em banda, que iriam receber os primeiros turistas. Porém muitos
outros, quer hoteleiros, quer de apoio não chegaram a ser iniciados.
Entre
aqueles que não começaram a ser construídos conta-se o Posto Médico, uma
pequena unidade hospitalar onde então eu deveria começar a exercer a minha
atividade como jovem técnico.
Igualmente
não chegou a ver a luz do dia o célebre Hotel 1001, uma enorme construção, em
forma de pirâmide com 1001 quartos, que aqui podemos ver implantado neste plano
geral do empreendimento.
Independentemente
de tudo o que se possa dizer, gostando ou não, criticando ou apoiando, o facto
é que o empreendimento de Troia foi aquele que mais prazer me deu em toda a
minha vida profissional desenvolvida ao longo de algumas décadas na construção
civil.
Quando
hoje peguei no velho desenho de 1973 com cerca de 3 metros de comprimento por
um de largo, designado por “Plano de Sementeiras e Plantações de 1972” onde
estavam assinaladas as espécies a plantar e onde igualmente se encontram
assinaladas a implantação dos mais diversos edifícios a minha memória recuou
até àqueles tempos de grande azáfama e entusiasmo próprio da juventude.
Hoje,
Troia apresenta-se com um novo visual, diferente do plano original. Não sei se
melhor ou pior, mas o que me ficou na memória naqueles anos setenta do passado
século XX era uma cidade turística, onde os veículos se deveriam mover a
eletricidade e onde os tufos de plantas próprias daquele magnífico local
deveriam não ser só preservadas mas disseminadas um pouco por todos os espaços
disponíveis, conforme se pode ver nesta velha planta do Atelier de Conceição
Silva.
Rui
Canas Gaspar
2015-dezembro-07
www.troineiro.blogspot.com
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