Até os Fenícios andaram de
olho em Setúbal
“Vinda
dos confins do Mar Mediterrâneo, das bandas do Líbano e da Palestina, a birreme
com a figura de um grande olho pintado na proa, para melhor guiar a embarcação
e amedrontar os barcos inimigos, avançava pela costa até entrar tranquilamente
no Rio Sado.
O
barco era impelido pela brisa que soprava na sua vela quadrangular ou pelo
impulso de musculados escravos de pele cor de bronze que, ao som ritmado de um
flautista ou tocador de tambor, remavam vigorosa e cadenciadamente.
Os
fenícios, depois de terem atravessado as Colunas de Hercules, viraram para
norte e navegaram durante algumas horas ao longo da costa rochosa e acidentada.
Faziam-no agora por várias milhas da Costa da Galé, com os amplos areais
visíveis no seu lado direito, até que contornaram a península e subiram o rio
de águas límpidas recebendo as boas vindas dos roazes corvineiros que os
acompanhavam e saltavam à frente da sua possante embarcação.
Aqueles
comerciantes e navegadores transacionavam os seus produtos exóticos orientais
trazendo normalmente a bordo, madeiras nobres, artesanato, tapetes, ovos de
avestruz, marfim, vidro e metais de entre outros produtos. Do Sado, para além
do estanho, levavam o seu precioso “ouro branco”: o sal!
Este
ponto estratégico era tão importante para o seu comércio que decidiram
estabelecer aqui, no século VII ou VI a.C., uma feitoria a que deram o nome de
Abul, situada numa zona abrigada da margem direita do Rio Sado, naquela que
hoje é conhecida como a Herdade do Monte Novo de Palma.
A
feitoria de Abul é o primeiro assentamento conhecido em Portugal.”
Este
é um excerto do início do livro: “SETÚBAL – GENTE DO RIO HOMENS DO MAR”
Passados
que são mais de dois mil anos sobre a chegada dos navegadores fenícios a terras
sadinas, alguns homens do mar desta maravilhosa terra ainda seguem a milenar
tradição, pintando um olho na proa das suas embarcações.
Estes
antigos navegadores e extraordinários comerciantes vieram até cá para
comercializar os seus produtos e daqui levarem o que por cá tínhamos de mais
valioso.
Setúbal
é uma terra promissora e passados tantos anos ainda tem muito por oferecer e
para dar a descobrir àqueles que aqui chegam com o desejo de melhor conhecer as
suas coisas e as suas gentes.
Rui
Canas Gaspar
2016-abril-24
www.troineiro.blogspot.com
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