Finalmente ele vai ver o
seu nome numa artéria de Setúbal
Foi
graças a ele que bem perto de uma centena de pessoas se livraram de encontrar a
morte por afogamento. Porém, nem todos estes salvamentos foram do conhecimento
público, mas apenas pouco mais de três dezenas, o que não deixa de ser muita
gente.
Uma
medalha do Instituto de Socorros a Náufragos atesta o valor deste homem bem
conhecido em Setúbal pela sua postura perante a vida e o mundo que considerava
demasiado pequeno para a sua estatura.
De
porte atlético, podíamos vê-lo montado na sua bicicleta de carreto preso, para
poder rolar para a frente ou para trás, com o travão sob o selim, buzina de ar.
O guiador alto faziam com que ciclista pedalasse com o tronco direito e fizesse
toda a sorte de malabarismos em cima daquela máquina ímpar.
Homem
que não era dos sete ofícios, mas sim de uma infinidade deles, levando-o a ser
conhecido como um operário especializado em trabalhos não especializados.
Foi
de grande valia aos homens do mar pelos seus excelentes dotes de mergulhador e
como ator de cinema ao ter de levar uns socos e cair ao Sado.
Quando
algum cabo se prendia na hélice dos barcos era a ele que recorriam para
resolver o problema. Embora não seja de solução simples, ele resolveu outros problemas
bem mais complicados, desde a recuperação de um barco até automóveis caídos ao
rio que tratou de trazer à tona.
Foi
fabricante de conservas, inventor, soldador de precisão e a sua vida daria
certamente um volumoso livro e, porque não, uma excelente telenovela.
A
sua oficina/fábrica guarda uma boa parte do seu espólio há algumas dezenas de
anos.
Seu
filho pretende ali fazer um museu com características de sala de convívio, mas
aquele largo, sem nome, em plena cidade de Setúbal, no Bairro Alves da Silva,
encontrava-se frequentemente a precisar de uma boa barrela.
Finalmente,
e para satisfação de inúmeros setubalenses, aquele espaço já foi alvo de uma
limpeza em profundidade e ali irá ser instalado algum equipamento urbano,
nomeadamente bancos de jardim e floreiras.
A
frente e portão da fábrica oficina já foi pintada pelo filho do homenageado e
para um grande muro que lá existe estão em curso diligencias para que um
artista possa reproduzir a fotografia de Maurício de Abreu que nos mostra este
homem e a sua invulgar bicicleta.
Finalmente,
junto à porta da oficina/fábrica uma lápide assinalará o local informando que
era ali que este popular setubalense trabalhava.
À
entrada do largo sem nome, passará a figurar o nome de FRANCISCO FINURA, um
setubalense ímpar a quem a cidade em devido tempo atribuiu a medalha de mérito
e agora vai perpetuar a sua memória a partir deste mês de abril de 2016.
Rui
Canas Gaspar
2016-abril-03
www.troineiro.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário